ESPORTE

Franca 200 anos: Dexter Shouse, o showman do basquete da década de 1990

O ex-atleta nunca deixou de ser idolatrado pelos adeptos francanos.

Por Guilherme Faber | 24/03/2024 | Tempo de leitura: 4 min
da Redação

Divulgação/SFB

Dexter foi homenageado no intervalo do jogo contra o Corinthians, pelo NBB, em 9 de fevereiro de 2023, no Pedrocão
Dexter foi homenageado no intervalo do jogo contra o Corinthians, pelo NBB, em 9 de fevereiro de 2023, no Pedrocão

Franca vai completar 200 anos de fundação em 28 de novembro e ao longo de sua história ficou reconhecida como a Capital do Basquete. Esta relação da cidade com o esporte permitiu o surgimento de inúmeros ídolos, entre eles, o estadunidense Dexter Shouse, o showman do basquete da década de 1990. Ele completa 61 anos neste domingo, 24.

O resumo da carreira do Dexter nos Estados Unidos 
Dexter nasceu em 24 de março de 1963 no município de Terre Haute, em Indiana. Jogou beisebol até os 14 anos, terminou o ensino médio na Terre Haute North Vigo High School e graduou-se na University of South Alabama, instituição em que despontou como jogador de basquete.

Fã do Julius Erving, ágil, dono de arremesso preciso, de personalidade forte e sempre obsecado por vencer, o armador foi selecionado no quarto round como a 92ª escolha do draft de 1985 da NBA (Associação Nacional de Basquetebol), liga em que apareceu por tempo curto nas equipes Los Angeles Lakers, Atlanta Hawks e Philadelphia 76ers.

Apesar disso, Shouse conseguiu notoriedade em seu país nativo na antiga liga CBA (Associação Continental de Basquete), com a equipe do Tulsa Fast Breakers devido ao prêmio de MVP (Jogador mais valioso) das finais de 1989, na campanha vitoriosa sob o comando do técnico Henry Bibby.

“Ele era imparável, marcava de qualquer lugar e parecia que poderia ter sido titular ou ter durado um tempo a mais na NBA. Era um ótimo jogador, mas conviveu com alguns problemas. Eu o conheci bem na CBA”, declarou o ex-jogador, escritor e ex-técnico de basquete Charley Rosen, ao GCN/Sampi.

O encontro de Dexter com Franca
Depois de ter atuado nas Filipinas, Itália, Argentina, Venezuela e Bélgica, Dexter desembarcou em Franca, no segundo semestre de 1992, para defender a equipe do All Star/Sabesp. O resultado foram, "simplesmente", 43 vitórias consecutivas com direito aos títulos do Paulista, Brasileiro, Pan-Americano e Sul-Americano.

De acordo com o levantamento do advogado e pesquisador do basquete francano Rodolfo César Pino, Shouse foi o principal pontuador do Brasileiro de 1993, com 466 pontos; do Paulista de 1992, com 802 pontos; do Sul-Americano de 1993, com 151 pontos; e de quebra “faturou” os prêmios de MVP do Pan-Americano, Sul-Americano e Brasileiro, todos de 1993.

“Vivi um tempo marcante em Franca. Ginásio 'Pedrocão' cheio, com uma torcida apaixonada. O time com Fábio, Fantinha, Demétrius e Chuí, que foi um dos melhores arremessadores que eu joguei. Ainda enfrentei a rivalidade na cidade com o Dharma/Yara Clube”, disse Dexter, em entrevista exclusiva para o GCN/Sampi.

Era o tipo de jogador que deixava qualquer torcedor esperançoso, ou seja, não importava a condição do jogo, mas alguém sabia que o Dexter poderia desequilibrar a favor, pela sua genialidade. Além do Dharma, Blue Life/Bozzano/Rio Claro, Ipê-Banespa/Jales, Palmeiras e Sírio foram as suas principais vítimas. Rapidamente ganhou o apelido de “Show” da torcida francana.

“Um jogo inesquecível foi a final do Paulista de 1992 contra o Jales. Ele prendeu a bola, chutou no estouro do cronômetro e converteu uma cesta de três pontos! Jogador dominante!”, relembrou o ex-técnico das categorias Pré-Mini e Mini da ASPA (Associação de Pais e Amigos do Franca Basquetebol Clube) e professor de educação física Josiel Venerando.

“Uma verdadeira máquina de jogar basquete. Um armador com o corpo de pivô, na época. Não brincava e não sorria no jogo. Apenas jogava com uma intensidade incrível. Veloz, preciso, líder, impositivo e bravo. Houve uma época em que os estrangeiros faziam toda a diferença, mas o Dexter foi o melhor na minha opinião. Não havia como pará-lo no um contra um. Não vi ninguém fazer isso. Havia toda uma preocupação tática com ele, mas o time como um todo era muito bom. Dexter era inteligente para encontrar saídas e fazer o seu time render”, recordou Danilo Castro, comentarista da Band TV e atleta do Sírio na temporada 1992/93.

Ainda assim, ficou marcado pelo seu temperamento difícil, mas criou relação com o técnico Hélio Rubens. “Era o único que conseguia me controlar e era como um pai para mim. Nós tivemos um relacionamento muito próximo”, relembrou Shouse.

Dexter se desligou do Franca Basquete em 1994 por conta de indisciplina, segundo relatos dos jornais da época, e, também, reencontrou a equipe com patrocínio da Marathon na temporada de 1999. Esse retorno não deu “match”, pois foi dispensado no decorrer dessa temporada, ao lado do seu compatriota Ken Bannister.

Na ocasião, o Franca Basquete alegou falta de rendimento e a economia de US$ 8 mil mensais com a dispensa desses jogadores. Fato que não interferiu na relação de carinho do Show com Franca. “Torcedores que não me viram jogar ou que eram bebês nessa época me procuram até hoje. Esses fãs são especiais!”, encerrou Dexter.

“A relação que o Dexter construiu com Franca é de ídolo. Na opinião majoritária de quem o acompanhou, foi o jogador mais habilidoso e talentoso que já defendeu a equipe. Premiou os torcedores com atuações exuberantes. Ele provou com resultados a condição de grande jogador. Quem o viu passou para frente as histórias do Dexter”, comentou Rodolfo César.

O atual ritmo de vida com homenagem
Dexter encerrou a sua carreira de atleta profissional no início dos anos 2000, retornou para Terre Haute e neste momento mantém os seus negócios no setor calçadista e no ramo esportivo. O ídolo francano foi homenageado pelo Sesi Franca Basquete no intervalo do jogo contra o Corinthians, pelo NBB (Novo Basquete Brasil), em 9 de fevereiro de 2023, no Pedrocão.

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4 COMENTÁRIOS

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  • Joao Paulo Silva
    26/03/2024
    O maior showman que o basquete nacional já teve, tive o privilégio de vê-lo jogar em nossa querida cidade. Parabéns GCN por lembrar dos ídolos do esporte francano.
  • Fernando Henrique da Silva
    25/03/2024
    Merece uma estátua no Pedrocão!!!
  • Fernando Henrique
    24/03/2024
    O maior estrangeiro que jogou no Brasil. Disparado.
  • Luis Claudio dos Santos
    24/03/2024
    Para mim foi o melhor jogador de basquete que jogou em Franca um Show Men o que ela fazia com a bola era extraordinário. Parabéns ao Gnc pela homenagem ele merece muito.