UM DIA A MAIS NO ANO

Aniversário só de 4 em 4 anos? E se não houvesse ano bissexto? Saiba mais

Por Giselle Hilário | da Redação
| Tempo de leitura: 5 min
Arquivo pessoal
Analu Miné dos Santos, que está comemorando nesta quinta-feira, 29, 32 anos - ou 8? - conta que sempre foi a atração da família e entre os amigos
Analu Miné dos Santos, que está comemorando nesta quinta-feira, 29, 32 anos - ou 8? - conta que sempre foi a atração da família e entre os amigos

A ideia é apenas uma brincadeira. Mas já imaginou fazer aniversário de quatro em quatro anos? Eu, por exemplo, estaria no auge dos meus 14... E é esse cálculo que muita gente está fazendo nesta quinta-feira, 29 de fevereiro. Para muitos, é só mais um dia comum. Mas para os nascidos nesta data, é mais um dia para brincadeiras e perguntas como “ano que vem você vai comemorar dia 28 de fevereiro ou 1º de março?”, "quantos anos você está fazendo de verdade?", "sua filha já é mais velha que você?!". E por aí vai...

É o caso da Analu Miné dos Santos, que está comemorando nesta quinta 32 anos – ou 8?  Ela conta que sempre foi a atração da família e entre os amigos. “Todos ficavam curiosos para saber como eu comemorava meu aniversário. E, claro, também sempre vinham as piadinhas”, conta, aos risos. “Mas sempre lidei muito bem com isso, e muitas pessoas lembram de mim pela data do meu aniversário”, emenda.

Analu, que tem no registro de nascimento a data de 29 de fevereiro - como deve ser -, comemora o aniversário no dia 28. Esse ano, porém, vai celebrar “no dia certo”, diverte-se. Mas ela não pretende fazer nada especial. Ainda mais que a data cai numa quinta-feira.

'18 anos bem vividos'
Já Afonso Rocha diz que vai celebrar – e muito! “Afinal, vou fazer 18 anos bem vividos”, brinca. Rocha nasceu em 1952 e sempre preferiu brincar com a idade do ano bissexto. “Idade real só no documento. Afinal, eu só faço aniversário de quatro em quatro anos”, diverte-se.

Ele é avesso a fotos, odeia se expor, mas diz que todo ano gosta de reunir os netos “mais velhos e os da mesma idade que ele” nas festas de aniversário – que só faz de quatro em quatro anos, aliás – para o álbum de família. “Quando eu não estiver mais neste plano, eles vão lembrar e se divertir”, diz.

Mas por que festejar só de quatro em quatro anos? Isso Afonso Rocha não sabe explicar. Ele diz que é assim desde criança. Acredita que começou com a mãe, Maria José, que era um pouco supersticiosa. E a tradiação foi mantida ao longo dos anos.

'Adoro ser diferente da maioria'
Outra que vai comemorar é Iara de Oliveira Bergamaschi, que celebra nesta quinta-feira 68, ops, “17 anos”. “Só faço aniversário de quatro em quatro anos. Adoro ser diferente da maioria”, brinca.

Neste ano, a celebração vai ser no almoço de domingo, em família. “Tenho um casal de filhos e quatro netos maravilhosos. Sou feliz. É preciso celebrar a vida”, afirma. E o 29 de fevereiro nunca foi problema para ela. Se não tem o 29, basta celebrar no dia 28. Fora do ano bissexto, é o que Iara Bergamaschi faz.

Como fica o registro de nascimento?
Quem nasce no dia 29 de fevereiro é registrado no dia 29 de fevereiro. Nem antes nem depois. A data do registro, aponta a Arpen-SP (Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado de São Paulo) é a que consta na Declaração de Nascido Vivo (DNV) emitida pelo hospital e assinada pelo médico. O registro de nascimento vai ser feito pelo cartório com a data que consta na DNV.

Aliás, registrar a criança na data errada, ou seja, no dia 28 de fevereiro ou 1º de março, pode ser considerado crime, já que a lei determina que na certidão de nascimento deve constar dia, mês, ano, lugar e horário exatos do nascimento. Agora, o aniversário é diferente. A pessoa comemora quando quiser, ou no dia 28 ou no dia 1º.

Por que há ano bissexto?
É fato que de quatro em quatro anos ganhamos um dia a mais. Mas você sabe por quê? Segundo o professor e coordenador do Observatório de Astronomia da Unesp Bauru (Universidade Estadual Paulista), Rodolfo Langhi, tem a ver com o calendário. Todo ano, "sobra" um pouco nos 365 dias do ano. Cerca de 6 horas. "E de quatro em quatro anos é preciso acrescentar um dia a mais no calendário para compensar. É o chamado ano bissexto”, explica.

O ano bissexto, diferente dos demais, tem 366 dias - e não 365. A inclusão de um dia foi feita para aproximar o calendário ao movimento de translação da Terra, tempo que o planeta leva para dar a volta no Sol, que é de 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 46 segundos. São essas horas que ultrapassam os 365 dias – e vão se somando ao longo dos anos – que são compensadas a cada quatro anos, com a inclusão do dia 29 de fevereiro.

Tudo começou na Roma Antiga, cerca de 50 anos a.C., com Júlio César. No entanto, a escolha do dia 29 de fevereiro para ser acrescido como um dia a mais a cada quatro anos só passou a vigorar em 1582, com o calendário gregoriano.

E se não houvesse ano bissexto?
Viraria uma bagunça. É preciso lembrar que ele foi criado para manter o calendário em sincronia – para compensar aquelas horas a mais que Terra leva para orbitar o Sol. Assim, é como se o ano bissexto funcionasse como uma correção para manter os meses sincronizados durante o ano.

Sem ele, as estações do ano, por exemplo, ficariam desconexas. Se as cerca de 6 horas "extras" de cada ano não fossem corrigidas, nosso calendário começaria a ficar atrasado em relação às quatro estações. E depois de algum tempo - alguns séculos -, o início das estações – primavera, verão, outono e inverno – como conhecemos hoje, com datas definidas nos hemisférios, deixaria de existir. Um prejuízo imenso para a agricultura em todo o mundo, por exemplo. Isso para falar em apenas um aspecto.

Fale com o GCN/Sampi!
Tem alguma sugestão de pauta ou quer apontar uma correção?
Clique aqui e fale com nossos repórteres.

Comentários

Comentários