DEBATE

Franca terá audiência pública de privatização da Sabesp; deputados são contra proposta

Por Giselle Hilário | da Redação
| Tempo de leitura: 5 min
Reprodução
Delegada Graciela e Guilherme Cortez: deputados por Franca são contra privatização da Sabesp
Delegada Graciela e Guilherme Cortez: deputados por Franca são contra privatização da Sabesp

Franca será uma das sete cidades que receberão audiências públicas presenciais para debater o novo contrato de concessão da Sabesp. Na cidade, o evento está marcado para o próximo dia 5 de março, às 14h, em local a ser definido.

Além de Franca, as audiências presenciais serão realizadas em São Paulo, Santos, São José dos Campos, Registro, Presidente Prudente e Lins. O governo do Estado ainda anunciou a realização de uma audiência virtual.

A abertura de consulta pública para debater o novo contrato de concessão, que entrará em vigor após a desestatização da companhia, foi anunciada pelo governador Tarcísio de Freitas no último dia 15. Pessoas físicas ou jurídicas podem enviar contribuições até 15 de março, por meio deste endereço.

“O diálogo é um dos pilares do nosso governo e a consulta pública sobre a desestatização da Sabesp será um momento fundamental para ouvir e contar com a participação de toda a sociedade. Vamos avaliar todas as sugestões, críticas e apontamentos que possam aprimorar a proposta de forma muito transparente, como tem sido todo o processo. Esse momento vai fortalecer o consenso sobre trazer mais capital privado para a Sabesp e antecipar as metas de universalização do saneamento em São Paulo, levando água potável e esgoto tratado para toda a população”, disse Tarcísio durante o abertura de consulta pública.

Em Franca, o assunto deve “render” boas discussões. Conforme o GCN/Sampi veiculou, os dois deputados da cidade na Assembleia, Guilherme Cortez (PSOL) e a Delegada Graciela (PL), são contrários à privatização da Sabesp. Graciela, aliás, foi a única a votar contra a privatização, na noite do último dia 6 de dezembro, quando o projeto de Tarcísio de Freitas foi aprovado numa sessão tumultuada por 62 votos a um. O projeto precisava de 48 votos para passar. Trinta e um deputados não votaram. Eles deixaram o plenário da Casa em protesto após uma confusão entre manifestantes e PMs. Entre eles estava Guilherme Cortez.

Cortez já avisou que participará da audiência do próximo dia 5 de março. Vamos sim. "O processo de privatização foi completamente atropelado na Assembleia Legislativa no fim do ano passado. Agora é a última oportunidade para população de Franca e dos outros 375 municípios participarem para decidir o controle da água do nosso Estado", afirmou. Já a Delegada Graciela, a princípio, não deverá participar da audiência, segundo sua assessoria, já que estará na Assembleia Legislativa.

Consulta pública
A consulta pública vai debater o contrato de concessão a ser firmado entre a Sabesp e a Unidade Regional de Serviços de Abastecimento de Água Potável e Esgotamento Sanitário Sudeste (URAE-1), representando os titulares dos serviços, com a Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp) como interveniente.

Além do contrato, serão discutidos os 375 anexos técnicos – um para cada município atendido pela Sabesp – e o regimento interno da URAE-1, assim como a nova regulação tarifária e o plano de investimentos que inclui a universalização, redução de perdas, modernização das redes de abastecimento, automação, tratamento avançado de esgoto e melhoria da resiliência hídrica, entre outros.

A consulta também vai abordar os indicadores de cobertura e de prestação dos serviços com metas a serem seguidas pela Sabesp, as penalidades na tarifa por descumprimento contratual, a redução tarifária e os repasses aos fundos municipais a partir da desestatização.

Cronograma de investimentos
O novo contrato da Sabesp prevê um cronograma de investimentos para todo o período da concessão – referencial e orientativo – que deverá ser revisto a cada cinco anos. No total, informa o Governo do Estado, estão previstos cerca de R$ 260 bilhões, até 2060, sendo R$ 68 bilhões necessários à universalização do saneamento básico em São Paulo até 2029. A iniciativa estabelece as condições para que no mínimo 99% da população tenha acesso à água potável e 90% à coleta e tratamento de esgoto – regras estabelecidas no Novo Marco do Saneamento.

Na prática, os documentos definem a área em que a Sabesp passará a atuar após a desestatização, incluindo a população rural e comunidades carentes que ainda não são atendidas pela empresa. Além disso, estabelecem investimentos previstos para cada município e indicadores de cobertura e qualidade, além de metas e mecanismos para a verificação dos investimentos. É importante ressaltar que os investimentos também constam do novo Plano Regional de Saneamento, que será submetido para aprovação pela URAE-1. Os anexos ainda abrangem uma lista de obras obrigatórias em cada município e os seus programas estruturantes.

Todos os municípios atendidos pela Sabesp receberão repasses para os seus fundos municipais de saneamento. O contrato apresentado na consulta pública define que 4% da receita obtida no território do município seja repassado e destinado a projetos ambientais e de saneamento básico. Para ter direito ao repasse, cada cidade deve regulamentar o fundo por meio de lei municipal.

Próximos passos
Após a consulta pública, segundo o Governo do Estado, o processo de desestatização prevê a reunião da URAE-1, em abril, e também do Conselho Diretor do Programa de Desestatização do Estado para definição de percentuais de redução tarifária e de participação do Estado na empresa. Segundo critérios previamente estipulados, a tarifa será reduzida, de imediato e a longo prazo, com foco na população mais carente, de forma a sempre estar abaixo do valor que seria praticado pela companhia sob controle estatal.

A redução será bancada por meio de recursos do Fundo de Apoio à Universalização do Saneamento no Estado de São Paulo (Fausp), com direcionamento de 30% do valor de venda da Sabesp, além dos dividendos da gestão paulista. De acordo com o cronograma, a oferta pública da Sabesp está prevista para meados de 2024.

Serviço
A Sessão Presencial Franca será realizada no dia 5 de março, às 14h, em local ainda a ser definido. Já a sessão virtual será no dia 14 de março, também às 14h, pelo canal da Semil no YouTube (https://www.youtube.com/@semilsp ).

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Comentários

4 Comentários

  • Carlos 20/02/2024
    Dois bostas,o que fizeram por Franca até hj? Rib. Preto está um canteiro de obras e aqui nada.Lá tem politicos que fazem pela cidade.Alguem me diz o que fizeram?
  • JOIAS DAS ARABIAS 20/02/2024
    Dizia-se a mesma coisa quando pretendiam privatizar a CPFL e, olha no que deu. Pagamos uma tarifa muita cara de energa e, basta, uma chuva ou um cahorro urinar em um poste e, pronto... acaba a energia. Tornar a água uma mercadoria aos interesses do capital vai sim elevar as tarifas, sem garantia de melhoria dos serviços.
  • Altair bovo 20/02/2024
    Kkkkkk, esses deputados são patéticos !!!!
  • José Roberto 19/02/2024
    Parabéns para o paulista que vota em carioca que privatizou sua água e hoje toma água com coliformes fecais. Além de ter água ruim vocês pagarão mais caro pela água. Se a água custa mais caro o alimento fica mais caro. Vai ser uma bola de neve. Isso porque a Sabesp é lucrativa. Faz sentido vender uma empresa que dá lucro?!?