BASQUETE

Franca 200 anos: Tato López, a raça uruguaia da Ravelli

Horacio Rodolfo López Usera, o Tato López, ficou famoso pela raça uruguaia no basquete francano no final dos anos 1980.

Por Guilherme Faber | 13/02/2024 | Tempo de leitura: 5 min
da Redação

Reprodução

Tato López chegou à Ravelli Franca em 1988
Tato López chegou à Ravelli Franca em 1988

A cidade de Franca é reconhecida como “Capital do Basquete”. A história da cidade que completa 200 anos, no dia 28 de novembro, com o esporte tem seu primeiro registro em 1908, quando um jornal noticiou uma partida de bola ao cesto na cidade, modalidade que ganhou força no ano de 1928 com o jornalista e um dos pioneiros do teatro amador José Cyrino Goulart e, também, com o seu primeiro registro na FPB (Federação Paulista de Basketball) em 10 de maio de 1959.

Ao longo desta história ininterrupta, a equipe francana passou a receber outros sotaques graças à vinda de jogadores estrangeiros, caso de Horacio Rodolfo López Usera, o Tato López, famoso pela raça uruguaia da Ravelli.

Nesta semana, ele é o personagem desta série especial sobre quem fez e faz parte do bicentenário de Franca.

O início da trajetória de Tato López 
Nascido em Montevidéu, capital do Uruguai, em 22 de janeiro de 1961, Tato mostrou afinidade com a bola laranja na categoria de base do Club Atlético Bohemios, depois serviu o seu país pela equipe sênior aos 15 anos e, posteriormente, no time adulto com apenas 16 anos.

López foi campeão nacional, de inverno e liguilla com o Bohemios, jogou nos Estados Unidos pelo Quincy Hawks, na NAIA (National Association of Intercollegiate Athletics), e Hutchinson Junior College, em 1980, pela William Jones Cup, em Sarajevo, e tornou-se referência na Itália pelo Deco Caserta, nas disputas da Copa Stankovic e Korac.

Tato construiu a fama de “máquina” de pontuação e viveu o auge de sua carreira com o sexto lugar do Uruguai nas Olimpíadas de Los Angeles, nos Estados Unidos, em 1984. Na ocasião, o ala obteve a média de 24,9 pontos, 7,8 rebotes e 5,6 assistências por duelo. O detalhe é que nessa olimpíada, na “Terra do Tio Sam”, o uruguaio marcou Michael Jordan e o venceu somente no primeiro quarto por 24 x 23.

Embora derrotado pelos Estados Unidos, Horacio ofuscou Jordan.

Depois desse período, ainda reencontrou o Bohemios em 1985 e 1987 e representou as equipes argentinas Ferro Carril e Olimpo, nas temporadas de 1987 e 1988.

O match de Tato López com a Ravelli Franca
A AFB (Associação Francana de Basquetebol) superou o período de crise financeira em 1988 devido ao patrocínio da Calçados Ravelli, marca que viabilizou as contratações do estadunidense Patrick Reynolds e de Tato López, além das renovações dos experientes Fausto, Guerrinha, Evandro, Paulão e cia.

“Foi até aquele momento a maior contratação já realizada por Franca. Tratava-se de um atleta da Seleção Uruguaia, considerado por especialistas o melhor da história do país e com passagem pelo forte basquetebol italiano”, disse o advogado e pesquisador do basquete francano Rodolfo César Pino.

Sendo assim, virou peça-chave no esquema do técnico Hélio Rubens na conquista do Campeonato Paulista de 1988, título que não era vencido há 11 anos, e na campanha que resultou no vice-campeonato brasileiro da temporada de 1989.

“Graças ao seu porte físico alto e atlético, tinha facilidade em jogar debaixo da cesta, como pivô, e fora do garrafão, realizando a armação das jogadas. Ficou conhecido entre os torcedores por ter um temperamento forte e de assumir o papel de líder da equipe em diversas ocasiões, elementos que contribuíram para que rapidamente se tornasse um ídolo unânime. Ele incorporava o espírito de raça tão valorizado pelos francanos”, completou Pino.

Na série de decisões do Paulista de 1988 contra o Sírio, que foi vencida pela Ravelli por 4 a 0, López foi o cestinha com a média de 27,25 pontos por jogo, converteu quase 30% de todos os pontos marcados pela equipe e foi líder em assistências com 4,75 por embate. Esses números estão acima do Guerrinha, armador da Ravelli, e Vic, armador do Sírio, conforme dados de Rodolfo César.

Horacio ainda conseguiu a façanha de ser o cestinha do Brasileiro de 1989 com a marca de 164 pontos em cinco combates, feito que lhe rendeu média superior a 32 pontos por confronto. “Sem o Tato López, não teríamos evoluído e ganhado nada do que conquistamos entre 1988 e 1991. Um craque e pessoa maravilhosa”, afirmou Evandro.

Curiosidades
Os títulos sul-americanos de 1981 e 1987 pelo Uruguai e Ferro Carril e a denominação de “lenda” latino-americana do basquete pela FIBA (Federação Internacional de Basquete) também integram a galeria de marcas importantes da carreira do Horacio. 

Em 1988, a Ravelli emprestou Tato ao Monte Líbano para o Torneio de Natal de Madrid, que reuniu o gigante espanhol Real Madrid e as seleções das antigas União Soviética e Iugoslávia. Tato assumiu o protagonismo nessa oportunidade ao lado de Volkov, Fernando Martín e Drazen Petrovic.

López desligou-se da Ravelli em 1989, acumulou experiências nas agremiações uruguaias Netuno, Welcome, retornou para o Ferro Carril, defendeu o também time uruguaio Aguada, serviu o seu país no Pré-Olímpico de Portland, nos Estados Unidos, em 1992, e pendurou o tênis aos 36 anos.

“Tato López foi um jogador à frente do seu tempo. Um cara ganhador, versátil e que para muitos poderia jogar em todas as posições. Matava bola, era líder, de caráter forte e temperamental. Ele teve problemas fora de quadra, mas dentro do jogo um ‘leão’ e tem a característica principal de vencedor. Cestinha nato!”, declarou o comentarista da Amazon Prime Video, Ricardo Bulgarelli, em entrevista ao GCN/Sampi.

O atual ritmo de vida com agradecimento
Além de ter sido técnico de basquete, Tato neste momento dedica-se ao trabalho de escritor, operador terapêutico e conselheiro. O ex-jogador mandou recado para os adeptos francanos em rápida conversa com o GCN/Sampi. “Em primeiro lugar, desejo um feliz 2024 para todos! Agradeço a oportunidade e tenho boas lembranças de Franca. Muito e muito obrigado”, concluiu.

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3 COMENTÁRIOS

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  • Alexandre Freitas Matheus
    12/03/2024
    Realmente é uma vergonha não termos feito uma homenagem digna para Tato na nossa casa. Saudade desta época..
  • Luis Claudio dos Santos
    26/02/2024
    Tato Lopes um dos melhores jogador de basquete que jogou em Franca. Grande homenagem. Parabéns
  • Rafael Couto
    13/02/2024
    Boa tarde, gostaria de saber se já fizeram uma homenagem ao tato com sua presença no poli? Senão já passou da hora de agradecer sua colaboração com a cidade.