POLÍTICA

Franca 200 anos: conheça Luiza Marson, a única vice-prefeita da cidade

Única mulher a se aproximar da cadeira de chefe do Poder Executivo de Franca, Luiza Marson também se dedicou ao trabalho na área da educação

Por Guilherme Faber | 28/01/2024 | Tempo de leitura: 4 min
especial para o GCN

Reprodução

Luiza Marson foi vice-prefeita na gestão de Ary Balieiro, entre 1993-1996
Luiza Marson foi vice-prefeita na gestão de Ary Balieiro, entre 1993-1996

A Franca, forma no feminino como a maioria da sua população se refere, vai completar 200 anos de fundação em 28 de novembro. Será que esse município é reconhecido apenas pela sua tradição no basquete e na produção de calçados? Não! Dessa forma, o GCN dá início neste domingo, 28, a série de reportagens especiais sobre os 200 anos de Franca. E, para começar, já antecipa que nenhuma mulher ocupou até aqui a cadeira de chefe do Poder Executivo. No máximo, quem se aproximou desse feito foi Luiza Marson, vice-prefeita na gestão de Ary Balieiro, entre 1993-1996.

A trajetória de Luiza Marson na política 
Nascida em 1° de maio de 1949 no município de Pompeia (SP), Luiza Ângela Marson Guidi formou-se em pedagogia na USP (Universidade de São Paulo) e em história e geografia no Centro Universitário Barão de Mauá, de Ribeirão Preto (SP).

Marson deu sequência à sua carreira nas décadas de 1970 e 1980 pelo magistério, tendo sido professora na EETC (Escola Estadual Torquato Caleiro).

Em 1992, se juntou com Ary para disputa da prefeitura por meio da coligação “Franca de Todos Nós”, aliança que reuniu os partidos PMDB, atual MDB (Movimento Democrático Brasileiro), PDT (Partido Democrático Trabalhista) e PRN (Partido da Reconstrução Nacional). A dupla promoveu a campanha com apoio da igreja católica e com base em nova perspectiva para o ano 2000.

Ary e Luiza derrotaram Roberto Engler, Luiz Cruz e Sidnei Rocha, com 34.709 votos e, consequentemente, sucederam a administração de Maurício Sandoval.

Detalhe que Luiza acumulou função nesta empreitada, ao também comandar a Secretaria de Educação e Cultura, com a intenção de contribuir de uma forma diferente e direta para comunidade. “Foi a descoberta de uma nova realidade, de um novo mundo”, declarou Luiza em entrevista exclusiva para o jornal Comércio da Franca, edição que circulou entre 1° e 2 de janeiro de 1993.

Definida pela assessoria do Balieiro como uma das principais peças do “tabuleiro político”, que reconduziu o PMDB ao poder francano, Luiza atuou com foco em uma nova mentalidade do relacionamento da mulher com o poder e da fixação de metas para o ensino básico.

A entusiasta concluiu a eleição direta para os diretores das escolas municipais em seus primeiros dias de gestora, orientou a recuperação das vias públicas próximas das escolas estaduais e do município, operação reconhecida como “Tapa-buracos e remendos”.

Outros feitos do seu trabalho foram a ampliação das salas de aula em uma escola do bairro Parque do Horto e a distribuição de 6 mil alunos em 200 classes pela pré-escola, clientela que correspondeu às crianças de 5 até 6 anos em 69 colégios. Outras regiões foram beneficiadas pelas suas ações, como o bairro Parque Progresso.

“Falar da professora Luiza não precisa de muitas palavras. Como professora, educadora e empresária, foi uma pessoa muito respeitada e querida. Um grande diferencial como vice-prefeita, participou ativamente de todas as decisões importantes da administração de Ary Balieiro com suas opiniões, sugestões e com o seu trabalho. Isso foi marcante e deixou um legado importante para as mulheres de nossa cidade. A partir dela, muitas se descobriram também com condições de participar da vida política de Franca. Então, sem dúvida alguma foi um grande exemplo a ser seguido por muitas mulheres e é reconhecida até nos dias de hoje”, disse o radialista Everton Lima, da Rádio Difusora, que foi vereador entre 1993-1996.

Atrito com a turma do samba 
Outro detalhe foi o desconforto da Luiza com a turma do samba. A vice-prefeita reforçou a determinação de Ary Balieiro, que somente ofereceu condições para as escolas de samba no carnaval de 1993. O argumento da administração se baseou em prioridades. “O samba é importante, mas creio que a educação e a saúde de nossas crianças são muito mais importantes ainda”, enfatizou a então vice-prefeita, em entrevista para o jornal Comércio da Franca.

Curiosidades
Encerrado o seu mandato em 1996, Luiza retomou os seus trabalhos na área da educação, e administrou o colégio privado “Liceu Franca”.

Foi casada com o analista de sistemas José Marcius Froes Guidi, com quem teve os filhos José Márcio, José Guilherme e José Alexandre.

Irmã da ex-vereadora e arquiteta Valéria Marson, Luiza foi diagnosticada com tumores malignos no pulmão e no seio e, em meio à batalha contra essa severa enfermidade, morreu aos 74 anos, em 11 de novembro de 2023.

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