SUCESSO

De professor em escolas de Franca até árbitro do NBB: conheça Ricardo Donizete Pinheiro

Nascido em Franca, e criado em Cristais Paulista, o árbitro faz parte do quadro da Federação Paulista, CBB e LNB.

Por Pedro Baccelli | 21/01/2024 | Tempo de leitura: 5 min
da Redação
Sampi/Franca

Arquivo pessoal

Árbitro Ricardo Donizete Pinheiro, de 42 anos
Árbitro Ricardo Donizete Pinheiro, de 42 anos

Andreia Regina da Silva, Bruno da Costa Oliveira, Deric Ferraz Salomão Costa, Diego Chiconato, Fabiano Huber, Fabio Kover, Gregório Aguiar Lelis, Marcos Antônio de Matos Ferreira, Marcos Fornies Benito, Maria Claudia Comodaro Moraes, Mauricio Serour, Mirian Lorena Moraes e Tiago Luiz Victorino.

Você pode não se lembrar desses nomes, mas – se frequenta o ginásio “Pedrocão” – possivelmente já criticou, vaiou e, até mesmo, xingou essas pessoas nas arquibancadas. Isso, porque foram os homens e mulheres que apitaram as cinco últimas partidas do Sesi Franca Basquete em casa pelo NBB (Novo Basquete Brasil) temporada 2023/2024.

Os árbitros precisam demonstrar conhecimento das regras, imposição e muita frieza durante a partida. Em meio ao hostil ambiente dentro de quadra, um profissional da região está ganhando espaço: Ricardo Donizete Pinheiro, de 42 anos. Nascido em Franca, e criado em Cristais Paulista, “Ricardinho” faz parte do quadro da FPB (Federação Paulista de Basquete) desde 2009; da CBB (Confederação Brasileira de Basketball) desde 2016; e da LNB (Liga Nacional de Basquete) desde 2021.

Filho de Belmira Oler Pinheiro e José Pinheiro, caçula de três irmãos, a ligação do árbitro com o esporte nasceu através do desejo de tornar-se jogador de futebol quando criança. “Não consegui. Então, queria trabalhar com esporte. Fiz educação física, que era um sonho meu. Gostando de todos os esportes, comecei a fazer um estágio (...) eu era auxiliar de duas equipes em Cristais Paulista. Eu ficava dois dias com basquete e dois dias com futebol. A gente disputava campeonatos”.

Além do município vizinho, onde se tornou coordenador de esportes, também lecionou em duas escolas particulares de Franca. Na cidade de 352 mil habitantes, em 2009, Ricardo participou de um curso de formação de árbitros da FPB (Federação Paulista de Basquete). Em 2010, mudou-se para Santo André (SP) após ser aprovado em concurso público estadual. “São Paulo tem muitos jogos de domingo a domingo, e comecei a apitar jogos da Federação”.

Em 2016, após arbitrar competições regionais, estaduais e Jogos Abertos do Interior, Ricardo foi elevado ao status de árbitro nacional pela CBB (Confederação Brasileira de Basketball). Sua estreia nesse novo patamar aconteceu com a convocação pelo COB (Comitê Olímpico Brasileiro), representando a Federação Paulista e o estado de São Paulo nos Jogos Escolares da Juventude em Curitiba (PR).

Ricardo foi convocado para arbitrar o Campeonato Brasileiro de clubes masculino e feminino, organizado pela CBB, concretizando-se em 2021. No mesmo ano, recebeu sua primeira convocação para atuar na LNB (Liga de Desenvolvimento de Basquete), responsável pelo NBB (Novo Basquete Brasil). Foi convidado para desempenhar a função de operador Instant Replay System (equivalente ao VAR do futebol) nos jogos da temporada 2021/2022. Foi aprovado para integrar o quadro de árbitros do NBB 2022/2023.

Para apitar os jogos, Ricardinho vive uma vida de atleta. “Tenho que estar sempre bem. Cuido muito da alimentação. Treino todos os dias. Tento manter uma vida saudável, justamente, porque são muitos jogos por semana, fora o meu trabalho nas escolas. Tenho que cuidar bastante até da parte mental. Ter uma boa noite de sono”.

Preparação mental que passa pela tranquilidade em meios às provocações e xingamentos dos torcedores. “É um trabalho psicológico. Quando você começa, sente. Não é fácil. Tem dia que você chega à quadra e está bem, mas tem dia que você teve um problema familiar ou aconteceu algo que deixou mal – e faz parte, somos seres humanos. Você chega e começa a ser hostilizado. Procuro passar para os árbitros mais novos, como os mais velhos passaram para mim, é a questão da respiração. Respirar e respirar. E focar, é claro. Muitos pararam, porque não admitiam ser xingados”.

Tranquilidade que a família precisa ser quando assiste o filho em quadra. “Minha irmã fala que não gosta de assistir. Minha mãe, meu irmão e cunhado assistem mais. Eles ficam apreensivos por algumas coisas, porque tem os comentários e tudo mais. Mas eles já se acostumaram. É um motivo de muito orgulho para eles”.

Apesar de não ter apitado jogos do Sesi Franca Basquete no Pedrocão, apenas contra o Botafogo no Rio de Janeiro (RJ), Ricardo admite a dificuldade que os árbitros costumam ter com a torcida francana. “Por acompanhar e respirar o basquete, eles conhecem muito. Não que em outros lugares a gente não veja, mas como aqui em Franca, eu nunca vi nada igual. Então, quando há uma reclamação, a gente fica: ‘poxa, será que foi ou não foi algo que a gente deixou de apitar?’ Lógico, a gente sabe que tem a parte da emoção e a parte da razão ali”.

Retirando o lado da emoção, o árbitro aponta duas figuras conhecidas do basquete como conhecedoras das regras: o técnico do Flamengo e da seleção brasileira, Gustavinho de Conti, e o auxiliar do Sesi Franca, Lula Ferreira.

Como admirador do esporte, o árbitro tem um time preferido – fora do Brasil. “Nos Estados Unidos não tem como, sou da época do Michel Jordan. Via pela televisão, então, sou Chicago Bulls. Hoje, tenho uma queda pelo Boston Celtics. Na Europa, gosto muito do Barcelona e do Real Madrid”.

Ricardo não consegue se tornar árbitro internacional, uma vez que a idade máxima para ser promovido é 35 anos. Com foco nas principais competições do país, busca ganhar cada vez mais espaço. Para se manter no quadro, passa por testes físicos e provas escritas anualmente. “Cheguei ao auge da minha carreira. Hoje o que eu quero é tentar fazer a maior quantidade de jogos possíveis. Indo bem nos jogos, para depois fazer playoffs e até, quem sabe, uma Copa Super 8”, finaliza.

Fale com o GCN/Sampi! Tem alguma sugestão de pauta ou quer apontar uma correção?
Clique aqui e fale com nossos repórteres.

Receba as notícias mais relevantes de Franca e região direto no seu WhatsApp
Participe da Comunidade

3 COMENTÁRIOS

A responsabilidade pelos comentários é exclusiva dos respectivos autores. Por isso, os leitores e usuários desse canal encontram-se sujeitos às condições de uso do portal de internet do Portal SAMPI e se comprometem a respeitar o código de Conduta On-line do SAMPI.

  • Márcio Dib
    23/01/2024
    Ricardo Pinheiro, além de um excelente profissional, é uma grande figura humana. Tem principíos de honestidade inabaláveis e um coração gigante.
  • Magrelo
    22/01/2024
    parabens Ricardinho.
  • Edinho
    22/01/2024
    O Ricardinho pode ser tudo que quer. O cara é disciplinado. Parabéns meu irmão. Sucesso.