199 ANOS

67% dos francanos têm ligação com os calçados, mas maioria vê futuro em outro setor

Resultado é da Pesquisa Ágili/GCN; Ferracini, Democrata e Samello foram as marcas de calçados mais lembradas pelos entrevistados.

Por Pedro Baccelli | 28/11/2023 | Tempo de leitura: 2 min
da Redação
Sampi/Franca

Reprodução/Sindifranca

Linha de montagem de calçados em fábrica
Linha de montagem de calçados em fábrica

Franca e calçados. Ao longo de décadas a relação entre ambos era quase de sinônimos - quando se falava de um, automaticamente, pensava no outro. Cenário que se transformou após crises econômicas, altas taxas de juros e a consolidação dos concorrentes, em especial, a China e o Estado de Minas Gerais, este com impostos mais baixos que São Paulo.

Não à toa, segundo dados do Sindifranca (Sindicato da Indústria de Calçados de Franca), a projeção é que o setor feche 2023 com 15.022 empregados formais - representando 47,28% a menos do que os 28.496 funcionários registrados em 2013, considerado ano "mágico" pela Indústria.

Pesquisa da Ágili, contratada com exclusividade pelo Portal GCN/Rede Sampi, mostra que 33,33% dos entrevistados é ou foi trabalhador de uma banca de pesponto ou fábrica de sapatos em Franca. Quando perguntado se alguém da família já atuou no setor, o percentual sobe para 67,17%.

Um dos exemplos é Roselane Cristiana de Morais, de 46 anos, que trabalhou como revisora de cabedal e peças na indústria calçadista ao longo de 18 anos. "Na época, era muito valorizado. Trabalhávamos em equipe e com amor à profissão que tínhamos. O trabalho era feito com capricho e tínhamos o reconhecimento dos patrões".

A moradora da Vila Tótoli não conseguiu vaga em creche para o filho quando pequeno e decidiu trabalhar em casa como manicure. Os anos se passaram e não se enxergava mais dentro de uma fábrica de sapatos. "Queria um desafio maior e veio a vontade em ter uma graduação".

Vontade realizada. Formou-se em pedagogia com 40 anos pela Unifran (Universidade de Franca) em 2018. Roselane não é um caso isolado, mas representa uma migração de francanos para outros setores da economia.

E prova disso está em um dos resultados da pesquisa. Para 56,64% dos entrevistados, o futuro da cidade está ligado a "Outro Tipo de Indústria", enquanto 39,10% ainda apostam no calçado.

Apesar da transformação empregatícia, as grandes fábricas - algumas da época de ouro - seguem na memória dos francanos. Com 20,85% dos votos, a Ferracini foi a marca mais lembrada pelo público. Completam o pódio: Democrata e Samello, com 18,84% e 18,59%, respectivamente.

Samello, inclusive, foi uma das fábricas em que Roselane trabalhou durante quatro anos, entre 1997 e 2000. Tempo que ela guarda com carinho. "Bons tempos, com verdadeiras amizades e uma empresa que tratava os funcionários como família".

A indústria calçadista possibilitou e possibilita o sustento de inúmeras famílias do Jardim Aeroporto até o City Petrópolis, e do Distrito Industrial até o Jardim Paulistano. O calçado de couro masculino segue presente na bandeira e, também, na memória dos 352 mil habitantes desta terra. Franca 199 anos.

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5 COMENTÁRIOS

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  • JOIAS DAS ARÁBIAS DO SANTO MITO
    30/11/2023
    Foi a época que de fato tivemos grandes empresários empreendedores. Hoje o que há de mais comum são empresários que sonegam, ostentam e, usam laranjas para esconder todo o patrimônio. Afinal, quando decretam falência, deixam de pagar os fornecedores, os empregados, os bancos e o governo e, não perdem um centavo se quer do patrimônio, pois tudo está em nomes de laranjas ou em paraísos fiscais.
  • JOIAS DAS ARÁBIAS DO SANTO MITO
    30/11/2023
    Ei Carlos! Você seria um empresário? Um grande calçadista que fabrica um sapatinho aqui e outro acolá? Ou seria mais um desses capachos que adoram ficar grudadinhos nas genitálias de seus patrões? O que está em jogo cidadão é a previdência. E, sabemos que quem necessita da previdência é o aposentado ou o trabalhador que sonha com a aposentadoria. Isso mesmo! Essa isenção tributária atinge em cheio a previdência. Lhe sugiro ainda um pouquinho mais de informação, pois o programa foi criado na gestão do PT e, se o governo não pretende prorrogar é poque não existem estudos confiáveis que comprovam ou não se ele trouxe os benefícios esperados. Em resumo eu lhe pergunto novamente se você é mais um desses otários que adora babar nas genitálias dos patrões. Se sim eu lhe digo que o patrão não precisará da previdência, mas você sim. E, certamente tu será mais um daqueles idiotas que num futuro próximo reclamarão das dificuldades em obter a aponsetadoria.
  • JÓIAS DAS ARÁBIAS
    30/11/2023
    Ou seja, vamos abandonar de vez esse discurso de que Franca é a capital do calçado. Mas, não sejamos ingênuos em acreditar que o fim de grandes marcas se explica somente por crises econômcas, pois se a história nos mostra que essas mesmas marcas foram edificadas por grandes empreendedores, muitos dos seus herdeiros se mostraram verdadeiros inconpetentes, se preocupando somente com a ostentação por meio de ranchos, festanças etc. Além disso, durante muito tempo viveram sob a proteção do Estado e, quando nos governos Collor e FHC houve uma ampla abertura da economia ao mercado mundial, simplesmente não estavam preparados para a concorrrência.
  • Iuri Passos
    29/11/2023
    O engraçado é que 80% dos empresários do ramo de calçados tem como principal fonte de acumulação alguns negócios paralelos. No ramo imobiliário, principalmente, se fizerem uma boa investigação vão chegar à conclusão que 1/4 das propriedades imobiliárias da cidade estão asseguradas em contratos de gaveta, ou em patrimônios escondidos em veículos usados ainda em nome dos antigos proprietários. Vc conhece alguma cidade que tem tantos estacionamentos de comércio de veículos usados igual tem em Franca??, são nesses lugares que os sonegadores camuflam os seus lucros para não pagar tributos, os veículos estão lá, são deles, mas aínda estão nos nomes dos antigos proprietários, olha que maravilha que é pra quem quer esconder dinheiro.
  • Carlos Fernando
    28/11/2023
    Principalmente se o sujeito nomeado presidente pelo TSE reonerar o imposto de 4,5 % para 20 %. Mas tudo isso foi feito com muito amor ??.