NOVOS CASOS

Outras três mulheres dizem que também foram vítimas de assédio de médico em Franca

Por Karla Rodrigues e Igor Araújo | da Redação
| Tempo de leitura: 4 min
Karla Rodrigues/GCN
Mais três mulheres relatam terem sido vítimas de assédio e dizem que também vão procurar a Delegacia da Mulher
Mais três mulheres relatam terem sido vítimas de assédio e dizem que também vão procurar a Delegacia da Mulher

Após a denúncia de estupro contra o neurologista João Eduardo Leite, de Franca, nesta segunda-feira, 13, feita por uma paciente de 40 anos, outras três mulheres ouvidas pelo Portal GCN/Sampi também relataram casos de assédio envolvendo o mesmo profissional.

Massagem na nuca
Um dos relatos é de uma mulher de 53 anos. Ela teria passado pela consulta com o profissional há cerca de dois anos, durante a  pandemia de Covid-19. “Eu tenho enxaqueca crônica, já havia passado por ele, mas minha cabeça não melhorou e decidi procurar ele novamente”. Na época, ela procurou a clínica Amor Saúde e agendou o atendimento.

De acordo com a mulher, o médico pediu para retirar a máscara assim que entrou no consultório. Ao tirar, o neurologista teria elogiado o sorriso dela. “Eu achei estranho e coloquei a máscara”. O atendimento seguiu como de costume, mas Leite também teria começado a massagear a nuca dela muito forte. “Eu achei estranho, me afastei e falei sobre a dor que estava sentindo”.

Logo após a queixa, a mulher disse à reportagem que o neurologista aproveitou para tocar nela ao conferir os batimentos cardíacos. “Ele encostou em mim, no meu joelho, de um jeito estranho”. Em seguida, ele teria dito “nossa, acabei de me separar”. "Que pena”, disse a mulher. O diálogo segue: “Você não quer ir à Ribeirão? Eu moro lá”. “Não, doutor, eu sou casada”, relatou a mulher. Com o incômodo da consulta, ela preferiu nem marcar o retorno.

Massagem nos ombros
Uma operadora de caixa de 42 anos também alega ser vítima. “Ele começou a massagear os meus ombros, a alisar meu rosto e queria colocar o dedo dentro da minha boca. Eu achei muito estranho. Travei os dentes. Não acreditei que estava acontecendo aquilo. Eu levantei. Aquilo não era normal, era assédio”, afirma.

O caso teria acontecido em 2015. Ela fazia tratamento após ser vítima de estupro em 2007. “Procurei um médico para superar um trauma e, de repente, você passa por aquilo ao buscar ajuda de um profissional”, diz a operadora.

Mensagens insistentes
Uma fabricante de lingerie de 53 anos diz que Leite nunca tocou nela, mas começou a mandar mensagens insistentes no celular dela. “Soube que ele era um médico muito bom e procurei ele na clínica Amor Saúde”. Segundo o relato, na primeira consulta, na pandemia, ele pediu para retirar a máscara, assim como a outra mulher. “Eu abaixei e ele disse: ‘nossa, você é muito bonita. Você já fez algum procedimento plástico?’, respondi ‘não’”.

Segundo o relato dela, o atendimento seguiu normal até começar uma massagem estranha. “Foi assim como aconteceu com a outra menina [noticiado pelo GCN na segunda, 14]. Eu até pensei que poderia fazer parte do procedimento, para ver se tinha algum nódulo, alguma coisa, mas começou a ficar muito forte e eu sentei na maca”.

No retorno, ele teria feito perguntas mais pessoais, como “você é casada?”, “você conhece Ribeirão Preto?” e teria a convidado para sair: “Vamos para Ribeirão, só não deixe seu namorado saber. Eu gostaria de conhecer você melhor”. A partir desse momento, Leite teria conseguido o telefone dela e passou a mandar mensagens frequentes. A mulher pediu para ele não a incomodá-la e o bloqueou. “Eu parei meu tratamento porque fiquei com medo”.

Polícia
As três mulheres citadas disseram que pretendem procurar a Delegacia da Mulher (DDM) de Franca. “Agora que ela denunciou, eu tenho coragem de falar”, afirmou a fabricante de lingerie.

Primeira denúncia
O médico foi denunciado à polícia na última quinta-feira, 9, por uma mulher de 40 anos. De acordo com ela, Leite teria feito barulhos parecidos com orgasmo ao “massagear” o pescoço dela com força e, quando tentou sair da sala, deu um beijo nela. O caso teria acontecido durante consulta médica na clínica Amor Saúde, no Jardim Consolação, em Franca. Após a notícia, a clínica desligou João Eduardo Leite do quadro de funcionários.

Médico nega
Em contato por telefone com a reportagem do GCN/Sampi no final da tarde desta terça-feira, 14, o médico João Eduardo Leite negou todas as acusações e disse que jamais iria fazer ou falar algo fora de assuntos que envolvem consultas e exames. Questionado sobre troca de WhatsApp com as pacientes, ele também nega que isso tenha acontecido e que somente chama alguma paciente caso seja necessário dar alguma informação sobre consultas médicas.

Antes disso, logo após a primeira denúncia, a reportagem do GCN/Sampi foi até a clínica Amor Saúde, na tarde desta segunda-feira, 13, onde ouviu o médico João Eduardo Leite. Ele negou as acusações. Disse que não praticou nenhum ato que indique estupro contra a paciente. “Eu tenho 35 anos de profissão e jamais passei por situações como essa. Minha esposa é médica também, e eu jamais faria algo. Aqui as portas ficam destrancadas e qualquer pessoa pode entrar quando quiser. Jamais, nunca faria uma coisa dessas. Chegar e falar é fácil, né? Isso é uma coisa absurda”, afirmou o médico.

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Comentários

1 Comentários

  • ira 16/11/2023
    opiniao, hoje tudo e assedio, pessoa nao pode nem ser gentil, que ja e assedio, eu vejo o crime de estrupo, abominavel,,mas esse tal de assedio,antigamente era chamado de cantada, aceita quem quer, nao aceitou, que eu acho que o mais coreto, nao fiquem se imaginando lindas,. maravilhosas, póis talvez, seja ate um elogio,nao um assedio, ou cantada,como querem dizer,,