Misael de Jesus Elizei, 29 anos, natural de Petrópolis (RJ), e residente em Franca há mais de uma década, mora com sua família no bairro São Vicente, no condomínio da CDHU. Em sua casa, convive com seu pai, Luciano, de 54 anos, que não possui emprego fixo, a mãe, Silvana, de 49 anos, que é dona de casa, e seus irmãos, Vitória, 19 anos, a única com emprego fixo, e Natan, 26 anos, que sofre de paralisia cerebral desde a infância.
Há oito meses, Misael, um grande fã de super-heróis, enfrentou uma situação triste quando viu seus pais desempregados e seu irmão necessitando de cuidados especiais. Foi nesse momento que teve uma ideia. Ele decidiu se transformar em um novo personagem: o "Spider-man Francano".
Misael comprou uma fantasia do Homem-Aranha, um de seus super-heróis favoritos, e começou a vender paçocas nos semáforos de Franca. Durante a semana, ele fica na Avenida Dr. Flávio Rocha, próximo à Sabesp, e nos fins de semana, próximo ao Franca Shopping, na Santos Dumont. Mesmo passando mais de quatro horas sob o sol com sua fantasia, Misael, ou o "Spider-man Francano", como é conhecido, encontra na iniciativa uma grande diversão e uma forma de ajudar a sustentar sua família.
No semáforo em Franca, Misael experimentou uma reviravolta surpreendente. Quando pisa na faixa de pedestre com o sinal fechado, em questão de segundos, as pessoas começam a gritar: "Olha o Homem-Aranha!" e "Tira uma foto com meu filho!" Essas são as frases marcantes que ele escuta enquanto vende seus produtos. No entanto, Misael enfrentou muitas dificuldades antes de adotar a fantasia de Homem-Aranha.
Ele relembra: "Quando decidi vir para o semáforo, era para vender balas. Tive a ideia de amarrar três balas nos retrovisores dos carros com um bilhete 'faça seu dia feliz', e caso a pessoa quisesse as balas, elas pegavam, eu buscava o dinheiro rapidamente com elas mas, infelizmente, muitas pessoas fechavam o vidro na minha cara ou gritavam para eu não mexer em seus carros".
Após tentar outras frentes, nos quais não conseguiu se manter devido à instabilidade de emprego de seu pai em cidades da região, pois eles precisavam mudar de cidade por um periodo, Misael decidiu então arriscar a compra da fantasia. Ele adquiriu o traje pela internet e levou um mês para reunir coragem para usá-lo publicamente. Felizmente, a reação das pessoas foi positiva e surpreendente.
"Eu tinha muita vergonha, mas precisava tentar algo diferente. Eu imaginei que paçocas seriam mais fáceis de vender do que balas, então comprei um pacote e fui para o semáforo com a fantasia. No primeiro dia, já vendi mais do que em três dias sem a fantasia. Foi surpreendente", afirmou.
Com o dinheiro arrecadado, Misael começou a contribuir com as despesas da casa para seus pais e ajudando seu irmão com paralisia cerebral. Agora, após oito meses, seu sonho é abrir uma empresa de eventos infantis para animar festas.
Emocionado, Misael contou: "Os pais me gritam no semáforo para tirar fotos com seus filhos. Até adultos pedem para tirar fotos. Alguns me dão 50 reais para me ajudar, outros compram todas as paçocas. Se antes as pessoas fechavam os vidros dos carros por medo, hoje as pessoas sorriem para mim. Isso não tem preço".
O "Spider-man Francano" passa mais de quatro horas sob o sol e não tem a intenção de parar até alcançar seu objetivo de abrir seu próprio negócio e proporcionar uma vida melhor para a sua família.
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Comentários
7 Comentários
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Njr 30/10/2023O pobre rapaz correndo atrás do seu pão de cada dia, fazendo o seu trabalho com dignidade para depois eu ouvir, ainda HOJE, um certo radialista INF3L1Z e B4B4C4 atrasar o lado do cara e desconfiar do próprio... O ser humano está a cada dia mais difícil de lidar... -
Dirceu 30/10/2023Parabéns pelo empenho. Seria melhor conseguir um emprego, ao invés de ficar nos semáforos da cidade. Muita gente pediu pra empresário patrocinar o cara... pq não pedem um emprego para ele?? Tem tanto supermercado oferecendo vagas diversas por aí. Garanta um emprego que é melhor q vender bala no semáforo. -
Marco 30/10/2023Parabéns pelo empenho e por não ter sucumbido às dificuldades. Quanto aos comentários, tsc tsc tsc ajudem e não terceirizem; ou não ajudem e fiquem quietos pelo menos! -
JOSE ROBERTO CHAGAS 29/10/2023Não seria o caso de uma grande distribuidora e atacadista existente em Franca, com penetração comercial em vasta região, patrocinar esse artista de rua? Seria um doce choque de marketing e solidariedade! -
Cleber Zanata 29/10/2023Magnífica História, História de superação e coragem. Parabéns -
Italo xxx 29/10/2023Parabéns pela iniciativa. Com tantos empresários ricos em Franca, algum poderia ajudar de associando ao rapaz e montar essa empresa. Pode ter certeza que se ele faz isso para suprir suas necessidades e alcançar seu sonho, ele fará 10 vezes mais se conseguir essa empresa que ele sempre desejou. Ele será um sócio com 100% de empenho para o crescimento da sua empresa... seu sonho. Pensem nisso. -
Pedro Antônio 28/10/2023Eu tinha 12 aninhos e ganhava algumas moedas ajudando fabricar caixões de defuntos pra comprar alguma coisa pra comer e calçar os pés meus e das minhas quatro irmãs mais novas. Depois, dos 14 aos 19 trabalhando no curtume 48 por semana ora ganhar 432,80 cruzeiros por mês e ainda estudava à noite para podermos comer carne de frango aos sábados. Nunca precisei usar máscara, nem saberia fazer isso, o meu herói era eu mesmo.