NOSSAS LETRAS

Amores

Lembrei-me de algumas histórias de amor por causa de conversa com a moça com quem encontro aqui nestas bandas onde vim parar. Leia o artigo de Lúcia Brigagão.

Por Lúcia Brigagão | 29/07/2023 | Tempo de leitura: 2 min
Especial para o GCN

Lembrei-me de algumas histórias de amor por causa de conversa com a moça com quem encontro aqui nestas bandas onde vim parar. Ela é indiana tem nível excelente de cultura – foi educada em Londres. Usa roupas coloridas, que eu adoraria usar quando a moda indiana, que ainda é linda, era muito mais popular que hoje. Usa véu, mas não cobre o rosto. Só a cabeça. O marido, acho, é o cara alto, corpulento, que não ri de maneira alguma e me olha com alguma complacência. Percebe que, se sou estranha para ele, ele é alienígena para mim. Mesmo assim quando nos vê juntas ele, embora não se aproxime, cumprimenta formalmente, ela se desculpa, levanta-se rapidinho e vai com ele. Vão próximos, não se tocam. Ela me contou que o casamento foi combinação das famílias. Que eles deveriam estar morando bem longe, na casa dos sogros que é esse o costume da terra. Estão aqui por causa do trabalho – temporário - dele. Vão voltar, certeza. Ela terá filhos. Muitos, como a família espera. A pergunta ficou na ponta da minha língua, mas não tive coragem de perguntar. Ainda. Você o ama? Ele ama você? Provavelmente irei embora sem resposta.

Era uma vez linda moça que perguntou ao lindo rapaz: “Quer se casar comigo?” e ele respondeu: “Não!!!” Separaram-se. Aí a moça viveu feliz para sempre. Viajava, conheceu o mundo. Fazia e pagava compras com seu trabalho. Conheceu muitos outros rapazes. Visitou lugares chiques, sofisticados, mares distantes, montanhas e lagos, foi morar na praia, mudou de país. Trocou de carro, redecorou sua casa, vivia sorrindo e de bom humor pois não tinha ninguém que lhe ditasse regras. Não tinha que lavar, passar, cozinhar, nunca mais fez limpeza na casa de ninguém, bebia champanhe com as amigas quando tinha vontade e, o melhor, ninguém mandava nela. Ele ficou barrigudo, careca, impotente, a bunda murchou, se viu sozinho e pobre, pois nenhum homem constrói algo sem uma mulher. Essa é a história de Cláudia, amiga que não mais mora no Brasil, hoje radicada na Espanha. Solteira.

Era uma vez moço lindo, desempregado e preguiçoso que decidiu se casar com linda moça também preguiçosa. “Quer se casar comigo?” Ela: “Quero!!!”. E os dois foram infelizes para sempre. Moravam em casa simples, a moça, resmungava e reclamava: não tinha piscina igual à do vizinho; não tinha jardim; o caro deles era feio e fora de moda.  O moço não a levava para jantares, viagens, programas. O lindo moço, já feio, dizia que ia jogar futebol. Ela desconfiava que não e um dia teve certeza de que ele não ia mesmo. O moço foi ficando flácido. A moça nem usava mais sutiã. O tempo foi passando, foram se distanciando, estavam próximos, mas não juntos. Não viram mais o tempo passar: dava na mesma se o mundo tivesse assim ou assado. Estão por aí, em todos os bairros, em todas as cidades.

Tristes amores...

Fale com o GCN/Sampi! Tem alguma sugestão de pauta ou quer apontar uma correção?
Clique aqui e fale com nossos repórteres.

Receba as notícias mais relevantes de Franca e região direto no seu WhatsApp
Participe da Comunidade

COMENTÁRIOS

A responsabilidade pelos comentários é exclusiva dos respectivos autores. Por isso, os leitores e usuários desse canal encontram-se sujeitos às condições de uso do portal de internet do Portal SAMPI e se comprometem a respeitar o código de Conduta On-line do SAMPI.