ARTIGO

Desperdício de um, fome do próximo

Se você desperdiça, significa que tem dinheiro para pagar mais, então quem não pode pagar, não come. Leia mais no texto de Mário Eugênio Saturno.

Por Mário Eugênio Saturno | 15/07/2023 | Tempo de leitura: 3 min
Especial para o Nossas Letras

Reprodução

Cerca de 33 milhões de brasileiros passam por restrição alimentar, irmãos de pátria, muitos  irmãos de fé, abandonados à própria sorte, à mercê das instituições de caridade. Pode não parecer, mas a maioria das pessoas tem uma parcela da culpa dessa injustiça social diante dos homens e de Deus. Isso acontece toda vez que você joga comida no lixo mesmo que seja pão e arroz.

Os preços dos alimentos são estabelecidos pelos custos de produção, pelo lucro e pela lei da oferta e procura. Ou seja, se você desperdiça, significa que tem dinheiro para pagar mais, então quem não pode pagar, não come.

Um levantamento da ONU mostra que, no Brasil, desperdiçam-se 27 milhões de toneladas de alimentos por ano e que 60% dos alimentos jogados fora vêm do consumo de famílias. E, segundo a Embrapa, as perdas na fruticultura e na produção de hortaliças alcançam, respectivamente, 30% e 35%. O desperdício de alimentos gera ainda outro problema: o lixo.

Nos Estados Unidos, a situação é ainda pior, cerca de 50% de todos os produtos agrícolas são jogados fora, 60 milhões de toneladas, ou US$ 160 bilhões, de produtos agrícolas por ano.

Entre as principais causas das perdas estão o manuseio inadequado no campo, a comercialização de produtos a granel, a embalagem inadequada, a manipulação excessiva pelos consumidores, os veículos inadequados, as estradas precárias e o acúmulo de produtos nas bancadas de venda no varejo. O transporte é possivelmente a principal causa de danos mecânicos. Problemas solucionáveis.

Se a produção está equacionada, é preciso atuar no poder aquisitivo dos mais pobres. A Bolsa-Família é uma boa solução para quem não pode trabalhar, para os demais é preciso promover o emprego nas empresas, que seja parcialmente pago pelos governos, como em um programa de Bolsa-Emprego. Outra iniciativa que não pode ser esquecida são os estágios remunerados, também podendo ter participação pública. Além de tirar o profissional da ociosidade, ele ganha experiência. Afinal, como diz o próprio Papa: ter caridade é bom, mas gerar emprego é melhor!

Um projeto que poderia ser tentado é o fornecimento de vasos com frutíferas para famílias pobres que tenham espaço em quintais ou varandas. Outra iniciativa seria o ensino de cultivo de hortaliças em vasos, eu mesmo tenho feito experiências utilizando garrafas de plástico de 2 e 5 litros, através de sementes ou das raízes que vem com as hortaliças que compramos nos mercados. Algo que funciona bem é o plantio das raízes de cebola, um terço vinga.

Os ingleses já sabiam no século XIX que acabar com a escravidão era criar mercados consumidores, ou seja, fazer a economia crescer. E há mais de cem anos, Henry Ford sabia que seus funcionários deveriam ter poder aquisitivo para comprar o carro que fabricavam, ou seja, salário não deve ser o menor valor possível, mas o suficiente para adquirir bens. Nossos políticos têm que entender isso e trabalhar para que a nação tenha um Projeto de Salários Justos, que crie um mercado interno sustentável e dinâmico. Eficiência na produção e Justiça Social é igual a sucesso econômico!

Fale com o GCN/Sampi! Tem alguma sugestão de pauta ou quer apontar uma correção?
Clique aqui e fale com nossos repórteres.

Receba as notícias mais relevantes de Franca e região direto no seu WhatsApp
Participe da Comunidade

COMENTÁRIOS

A responsabilidade pelos comentários é exclusiva dos respectivos autores. Por isso, os leitores e usuários desse canal encontram-se sujeitos às condições de uso do portal de internet do Portal SAMPI e se comprometem a respeitar o código de Conduta On-line do SAMPI.