Três jovens. Três vidas interrompidas. Três famílias enlutadas pelo crime. O mês de junho de 2023 em Franca foi marcado por crimes de morte muito semelhantes. Três homens com menos de 25 anos foram mortos a golpes de faca após desentendimentos por motivos banais.
As vidas de Breno Vaz Martins, 23 anos, Leandro Assimião da Silva, 21 anos, e Diones Amorim dos Santos, 23 anos, foram tiradas por motivos que chegam a ser incompreensíveis a um ser humano com sua plena capacidade de raciocínio: uma briga de trânsito, uma possível rixa e uma dívida de R$ 170 foram os gatilhos para essas tragédias.
Breno era sapateiro. Francano de nascimento, cresceu na Zona Norte da cidade. Residia no bairro onde foi morto, o Jardim Pacaembu. Fã de música sertaneja raiz, em especial do cantor e violeiro Tião Carreiro, não dispensava um chapéu, uma fivela e uma botina para sair de casa. Segundo familiares, não tinha histórico de desentendimentos.
Leandro, 21 anos. Pai de família. Vivia em uma pensão com a mulher. Teve problemas com drogas e chegou a ser internado pela mãe em uma casa de recuperação. A batalha diária era se “manter limpo” e pelo sustento do bebê que havia chegado há três meses. Agora, seu filho só conhecerá o pai através de fotos e relatos.
Diones, também com 23 anos, veio da Bahia para o “Sudeste Maravilha”. Era mais um migrante que deixou sua terra em busca de oportunidades e um futuro melhor. Pouco se sabe sobre o jovem, que tinha conta em uma rede social aparentemente com movimentação privada, mas exibia a paixão pelo Palmeiras em uma imagem pública. Parentes exibem agora o luto em suas fotos de perfil.
Histórias que trazem à mente as perguntas de sempre: “por quê?”, “como é possível?”, “era necessário?”. São questionamentos que ressoam e, quase sempre, sem uma resposta plausível.
Do ponto de vista da psicanálise, a explicação está no fenômeno chamado pulsão agressiva. “Vivemos em sociedade e, por isso, nos são necessárias algumas barreiras ou filtros. Quanto mais a nossa condição de simbolizar ou colocar em outra ordem que não seja do real, isso passa para o ato. Então, o sujeito não tem aquele dispositivo onde consegue dar outro destino para a pulsão agressiva e parte diretamente para o ato, na tentativa de se ver livre daquilo, e aí elimina o outro. E passa a não ter o que chamamos de sentimento de culpa”, explica o psicanalista Antônio César Peron.
Segundo o profissional, um humano em plenas condições mentais consegue distinguir três sentimentos antes de cometer uma ação: a culpa, a vergonha e o pudor. “Quando ele não consegue essa reflexão, passa ao ato e vemos que ele não sente culpa disso. Passa a ser algo normal, do cotidiano, aquilo que me angustiava eu eliminei”, afirmou Peron.
Suspeitos soltos
E mais uma coincidência ainda liga os três homicídios: os assassinos continuam soltos. As famílias torcem para que seja por pouco tempo. A Polícia faz a parte que lhe cabe: a investigação e localização. Os autores já foram identificados e, ao menos no caso de Breno, o assassino já teve sua prisão solicitada à Justiça.
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Comentários
1 Comentários
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Geraldo Gomes 25/06/2023Somos uma sociedade desigual fabricante de assassinos e assassinados, mas tudo bem, todo mundo pergunta se vc tá bem, todo mundo diz vai com Deus, vão na igreja, dizem que são espiritualizado, que são justos, cristãos e honestos, então tá tudo certo, é só enterrar, rezar e dizer que o povão esqueceu de Deus, mas ele, não.