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CAOS NA SAÚDE
'Entrou andando e saiu morto', lamenta mulher de pedreiro que morreu após espera de vaga
'As pessoas que foram (para o PS) com ele, todas internaram, e ele ficou. O que fizeram foi negligência. Ele estava muito bem, comia, falava, andava, perguntava da transferência'.
Por Hevertom Talles | 16/03/2023 | Tempo de leitura: 2 min
da Redação
Reprodução
O pedreiro Paulo dos Reis Emerenciano, de 59 anos, travou uma batalha por uma vaga de internação em hospital público, e morreu horas depois de ser transferido do Pronto-socorro Municipal para a Santa Casa de Franca, onde aguardava na sala de emergência a liberação de uma vaga para o CTI (Centro de Terapia Intensiva). A morte foi no último domingo, 12.
Segundo a família, na quarta-feira, 8, Paulo teve uma forte dor de cabeça e procurou atendimento médico na Pronto-socorro Municipal “Dr. Álvaro Azzuz”. Um exame de plaquetas apontou que o caso dele era grave, e o pedreiro precisou ser internado. Mas como não havia vaga em um hospital público, o paciente ficou instalado provisoriamente na unidade de emergência.
De quarta em diante, a luta por uma vaga de transferência para um hospital foi ficando cada vez mais preocupante e intensa, visto que profissionais do pronto-socorro relataram aos familiares que ele precisava da transferência urgentemente. No sábado, 11, Paulo teve um piora e o quadro se agravou mais ainda, porém, a vaga para a unidade com mais suporte, a Santa Casa, só saiu por volta de 14h.
“As pessoas que foram (para o PS) com ele, todas internaram, e ele ficou. O que fizeram com ele foi negligência. Ele estava muito bem, ele comia, falava, andava, perguntava da transferência. Ele entrou andando e saiu morto”, revolta-se a viúva Fabiola Souza.
Na Santa Casa, mais angústia. No domingo, 12, ainda na sala de emergência do hospital, Paulo teve derrame cerebral e hemorragia, com a gravidade do quadro de saúde, ele veio a óbito por volta de 17h30. A mulher relata que o marido morreu sem conseguir a vaga em um leito do CTI.
“Ele era um pai muito bom para as minhas filhas, um companheiro pra mim. Não tenho o que reclamar. É muita revolta que a gente fica, toda a nossa família. Ele conversava com a minha mãe todos os dias. Não conseguiu a vaga, não pode deixar assim, ele tinha família. Eles querem tapar o sol com peneira”, diz Fabiola.
Paulo morava no bairro Santa Terezinha, na região Norte de Franca, e deixa a mulher com que ficou junto por 25 anos, e três filhas, de 7, 16 e 24 anos.
O que diz a Prefeitura
Segundo a Prefeitura de Franca, Paulo foi atendido no pronto-socorro por equipes médicas e, no mesmo dia, ele foi inserido na Cross (Central de Regulação de Oferta e Serviços em Saúde), que libera as vagas nos leitos de hospitais de Franca e região.
Ainda segundo a nota, ele foi monitorado e acompanhando e, no processo de regulação de vagas, todas as evoluções do quadro clínico do paciente foram informadas à Cross, a quem cabe a liberação.
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