Dividindo seu tempo entre Franca e Brasília, mas ficando na Capital Federal por um período maior, o ex-prefeito Gilmar Dominici (PT), 64 anos, afirma que não precisa estar ocupando cargo público para contribuir com a política. Dominicci, que fez parte do governo federal nos dois mandatos anteriores de Luiz Inácio Lula da Silva e no de Dilma Rousseff, não acredita que desta vez será convidado para ocupar novamente um cargo na equipe de Lula, pelo menos de imediato. “Não está num horizonte em curto prazo eu integrar o governo federal”.

Duas vezes eleito prefeito de Franca – 1997 a 2000 e reeleito administrando a cidade até 2004 – Dominicci atualmente faz parte da diretoria da ABM (Associação Brasileira de Municípios), com sede em Brasília. Mesmo sem ocupar um cargo eletivo, ele diz que nunca deixou a política. “Eu continuo atuando na política como sempre atuei, até porque acho que não é necessário você estar ocupando um cargo público para interferir politicamente na sua cidade, no seu país. É o que eu tenho feito”.

Como diretor da ABM, o ex-prefeito acredita ter papel semelhante ao quando esteve no governo federal. “Eu atuava nessa área das relações federativas, debatendo grandes temas de interesse dos municípios, e quando saí continuei fazendo esse trabalho. De 2021 pra cá, eu passei a integrar a diretoria da ABM, que é uma das três entidades nacionais de municípios. Recebi o convite para entrar nessa diretoria e atuo lá, contribuindo para o movimento municipalista nos temas que são de interesses gerais das cidades brasileiras”.

Gilmar, que também foi vereador em Franca por dois mandatos antes de ser prefeito, destacou que a ABM participou de algumas reuniões durante o período de transição de governo, e ele próprio deu sugestões à equipe de Lula, principalmente nas questões relacionadas ao Ministério das Cidades e nas relações federativas. Ele conta que uma das propostas da Associação acabou sendo acatada e anunciada pelo presidente na reunião com os governadores no dia 27 de janeiro, sendo o Conselho da Federação, um espaço para o diálogo envolvendo Estados, Municípios e União.

“Essa era uma proposta que eu sempre defendi. Acho que foi uma decisão acertada do governo federal em criar esse espaço para que esses grandes temas possam ser debatidos entre os três entes federados, porque nós somos uma república federativa, e esses entes estão hierarquicamente na mesma posição. São autônomos, independentes, mas devem dialogar e buscar a harmonia para o bem do país”, disse.

Gilmar Dominicci também analisou o começo do governo de Lula, que completou um mês no último domingo, 8. Ele disse que o presidente está conseguindo reestabelecer as relações internacionais entre o Brasil e vários países, principalmente do Mercosul. “É público e notório o que foi o desgoverno Jair Bolsonaro. Não é porque eu sou do PT, mas qualquer pessoa em sã consciência consegue identificar o quanto esse governo foi prejudicial ao país. O Lula está dando um show ao receber chefes de estado, em fazer viagens para fortalecer o Brasil no Mercosul, abrindo portas para investimentos aqui no país. Não só por isso, mas pela pujança do Brasil e tendo um líder como o Lula governando, vai conseguir atrair mais investimentos. Acho que o governo tem marcado posições importantes”.

O ex-prefeito também lamentou os atos de vandalismo ocorridos no começo do ano na Praça dos Três Poderes, revelando que entrou no Palácio do Planalto no dia seguinte aos atos de vandalismo. “Episódio absurdo que aconteceu por conta daqueles que ainda não conseguem reconhecer o resultado das eleições, partindo para a baderna, para o quebra-quebra. Eu tive a oportunidade de ver 'in loco' a quebradeira dentro do Palácio porque eu pude, no outro dia, ir lá no Palácio para verificar toda aquela bandalheira que aconteceu. Algo inédito no Brasil”.