SOLIDARIEDADE

Ação voluntária na Vila São Sebastião arrecada mochilas escolares

O que começou com uma ação pequena de bairro vem tomando forma nas redes sociais; projeto teve início na pandemia de forma singela com a arrecadação de duas mochilas.

Por Jéssica Reis | 02/02/2023 | Tempo de leitura: 4 min
da Redação

Arquivo Pessoal

Uma das mochilas prontas para serem doadas
Uma das mochilas prontas para serem doadas

Há dois anos, Camila Tomé, que é assistente social, percebeu que no bairro onde morava, na Vila São Sebastião, em Franca, muitas famílias tinham dificuldade no início do ano com a demanda de gastos e resolveu fazer uma arrecadação. Ela publicou em suas redes sociais a busca por materiais escolares e principalmente mochilas aptas para doação. Seus familiares e amigos republicaram sua campanha, que chamou atenção nas redes.

A ideia surgiu a partir das crianças que perguntavam se ela tinha algo para doar. "Sempre tive amizade com a criançada do bairro, eles sempre passavam na minha casa e fui conhecendo seus familiares. Na pandemia, tudo ficou mais complicado, a desigualdade social ficou mais gritante do que já era, o ensino remoto foi um deus nos acuda, não era apenas no meu bairro, boa parte das famílias do nosso país não tinha acesso a computadores, celulares e internet. Foi aí que as crianças começaram a me pedir ajuda para fazer as tarefas, com internet, e também para conseguir materiais, já que a escola não estava fornecendo. Eu pintei uma lousa na garagem da minha casa e tentei ajudar nas tarefas, mas eram muitas crianças, cada uma em uma fase de aprendizagem, e eu não tinha formação nem condição de tempo para fazer da forma certa", explicou Camila.

Mesmo com a dificuldade e a falta de formação adequada, Camila sempre se esforçou para ajudar todas as crianças que ela tinha contato no bairro. "As aulas não duraram muito tempo, mas quando as crianças estavam muito atrasadas e levavam bronca da escola, sabiam que podiam me procurar.  Daí eu comecei a pedir materiais escolares nas redes sociais. Conforme os materiais chegavam, eu dividia entre as crianças tentado ser o mais justa possível, fazendo acordos com elas conforme a necessidade de cada uma, evitando brigas e acúmulos de matérias. O que sobrava eu ia dando aos poucos no decorrer do ano conforme elas me pediam", complementou.

Começou com apenas duas mochilas suas usadas, que precisaram de reforma, mas naquele momento Camila percebeu que podia fazer mais. "É muito recente e pequenininha essa ação, no primeiro ano eu entreguei apenas duas mochilas minhas que a avó do meu namorado reformou, ela é costureira daquelas antigas, generosa, é uma graça, a dona Bilica. No outro ano as mochilas estavam em perfeito estado e não precisaram de reforma. Neste ano as mochilas ainda estão chegando, várias pessoas entraram em contato para fazerem a doação, fiquei super feliz. Daí quando chegarem todas e vou ver quais precisam de reforma, acho que vou procurar a avó do meu namorado, vamos ver se ela pode ajudar dessa vez, se não eu encontro outro jeito, mas pelo que as pessoas me disseram as mochilas estão em ótimo estado. Eu não sou costureira e não faço nada sozinha, conto com pessoas, elas que doam e elas que me ajudam a reformar. 'Somos ativistas comunitárias', como diria minha mestra Isa do Rosário, bordadeira, benzedeira e contadora de histórias", reforçou a assistente social.

Ela ainda reforça o quanto de coisas que descartamos e nem pensa para onde vai. "Muitas pessoas não tem nem o básico. É preciso pensar coletivamente para um mundo melhor", refletiu.

O que começou com uma ação pequena de bairro vem tomando forma nas redes sociais. Apesar de Camila não ser mais moradora do bairro Vila São Sebastião, sua ação comunitária pelo bairro permanecerá e poderá alcançar novos lugares. "Não sei como será esse ano, depende da quantidade de mochilas que eu vou receber e da necessidade das crianças e suas famílias. E olha, como eu disse é uma ação muito pequenininha, eu fazia só no meu bairro, mais na rua onde eu morava, eu nunca tive condições de fazer muito. Agora eu nem moro mais na Vila São Sebastião, mas eu falei com a minha amiga Daniela, ela é mãe e ainda mora lá, entrou em contato comigo para ver sobre as mochilas esse ano, ela é uma pessoa maravilhosa, justa, sempre disposta a ajudar todo mundo, falei que vou conseguir o máximo que puder e deixo lá para ela ver a necessidade das crianças de lá e distribuir. Dependendo de como for, talvez eu faça a entrega para outras famílias em outras regiões da cidade", concluiu.

Quem quiser ajudar a campanha de arrecadação feita pela Camila, pode entrar em contato com ela através do seu e-mail camilatome1@hotmail.com, ou no Instagram.

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