NOSSAS LETRAS

Sobre feijões e Natal

Faz tempo queria dizer com outras palavras sobre o quanto cansa ouvir o que se diz para quem está na mesma bolha. Leia a crônica de Baltazar Gonçalves.

Por Baltazar Gonçalves | 17/12/2022 | Tempo de leitura: 3 min
Especial para o GCN

Reprodução

A Anunciação, pintura de Leonardo da Vinci
A Anunciação, pintura de Leonardo da Vinci

Faz tempo queria dizer com outras palavras sobre o quanto cansa ouvir o que se diz para quem está na mesma bolha, quando é moda e costume dizer "lindo" para o que não se sabe dizer "porque é lindo". No mais das vezes, não nos relacionamos e a solidão cresce para o isolamento, apenas ego inflamado tão egocêntrico que anula toda gravidade em volta a nos prender às coisas como elas são. Então, de novo Natal...

Os feijões mágicos de João têm esse poder de fazer o mundo secreto visível para quem não crê. O íntimo insondável de cada pessoa é reino sem monarca, nação com muitos partidos. Tudo dentro cabe, a cabeça do déspota e o mendigo esclarecido, as pás do moinho perdidas e a microfísica do poder, as macroestruturas dinâmicas, cabem a geopolítica da fome e o surgimento de mais um estado americano longe da América. Dentro de cada pessoa o nóia, a boia e o sal da Terra. O núcleo da paranoia e o isolamento social.

O isolamento é como uma força gravitacional irresistível. Como se a mente antes tão brilhante se fechasse fazendo de cada um de nós em algum momento um objeto grande vazio e oco, como se o espírito humano girando fixo em da Terra fosse feito de ferro. Nesse estado de implosão a que chega a massa do pensamento estanque, fechado dentro, os pensamentos mais elevados não conseguem alçar voo e nascem de asas mirradas, é quando a vontade sincera turva água salobra na fonte.

Mas ainda bem, os feijões mágicos de João rompem limites quando morrem e dentro deles a vida aponta a vontade de um poder maior que a gravidade que nos sufoca. É quando a zona de conforto é confronto e o ego sai de si porque existe outros iguais. Concordamos ser esforço enorme romper a gravidade e sair do "planeta eu". O isolamento pode levar a consciência mais para dentro fundo, mas não de uma forma libertadora, vai distanciando da iluminação que o autoconhecimento pode dar a quem busca. Esses feijões mágicos têm sido um tipo de tabela periódica dos elementos químicos em movimento reprogramando cérebros, mentes e hábitos, resultando em serenidade frequente.

Falando de mim, sinto-me mais ligado ao batuque do que aos sinos da capela, ainda sinto e tenho Jesus como um Poder Maior, mas não aquele apropriado pela igreja católica, meu Cristo não escreveu nada e disse tudo, é aquele que foi guardado pelos sábios, é aquele que foi distorcido pelos sábios. aquele que viveu e dançou ensinando viver na Terra como se viveria no céu.

Com a morte explodindo os túmulos, aprendemos fazer durar o bem-estar. Encontra alento para o desespero quem de saber-se sozinho no sistema sabe-se planeta girando na órbita do amor solar. Deus pode ser um, pode ser muitos, pode ser três ou trezentos. Deus é mais sendo mínimo múltiplo comum. As máscaras de deus sobrepõem a sua cara e vestem a minha também. Deus é raro e rima fácil, não existindo cria tudo. O sorriso de deus ventania isso: tudo é um, e bom.

Fale com o GCN/Sampi! Tem alguma sugestão de pauta ou quer apontar uma correção?
Clique aqui e fale com nossos repórteres.

Receba as notícias mais relevantes de Franca e região direto no seu WhatsApp
Participe da Comunidade

COMENTÁRIOS

A responsabilidade pelos comentários é exclusiva dos respectivos autores. Por isso, os leitores e usuários desse canal encontram-se sujeitos às condições de uso do portal de internet do Portal SAMPI e se comprometem a respeitar o código de Conduta On-line do SAMPI.