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Modernidade

Nossa primeira viagem a Balneário Camboriú data de muito tempo atrás. Muito. Leia a crônica de Lúcia Brigagão.

Por Lúcia Brigagão | 03/12/2022 | Tempo de leitura: 3 min
Especial para o GCN

Nossa primeira viagem a Balneário Camboriú data de muito tempo atrás. Muito. Informação que se faz necessária: Camboriú é uma cidade e Balneário Camboriú é outra. Apenas a BR 101 separa as duas, rodovia também conhecida como Mário Covas, que começa em São Paulo e vai até Porto Alegre. Minha primeira viagem a Santa Catarina foi com os filhos pequenos, para visitar minha irmã que, recém-casada, havia se mudado para lá. Lembro-me que ficamos num hotel perto da praia, na esquina do calçadão que nem existe mais. Mas o charme era ficar no Hotel Fisher, da família da linda Vera, onde todo mundo imaginava que iria se encontrar com ela. Meu marido tinha certeza. Mas não teve essa sorte...

A praia, extensa, limpinha, tinha ondas baixinhas, mas poderosas. Volta e meia ouvíamos alguém pedindo socorro. Outro pormenor, sob a barraca, na areia, perdia meus filhos, pois só era fácil encontrar minha moreninha de olhos escuros, enquanto os dois loirinhos de olhos azuis se confundiam com os alemães nativos.

Minha irmã morou, ao longo dos tempos, em algumas das cidades icônicas de Santa Catarina. Primeiramente, em Blumenau; depois Rio do Sul; mais tarde em Pouso Redondo; um bom tempo em São Francisco do Sul – a terceira cidade mais antiga do Brasil – e, depois que veio para Balneário, jogou a âncora e não mais saiu. Cada cidade tinha suas particularidades: Blumenau era, mas hoje bem menos, cidade alemã na aparência, na língua corrente, nos costumes, nos cardápios dos restaurantes, nos nomes das lojas, nas festas. A Oktoberfest, ali realizada, durante bons anos foi a atração principal de Santa Catarina. Ainda hoje é, mas sinto que foi substituída pelo turismo das paradisíacas ilhas vizinhas, incluindo aquela onde está a capital do estado, ligada ao continente por ponte de ferro por onde atualmente apenas passam pedestres. Foi construída, depois, outra ponte exclusiva para carros e o aeroporto florianopolitano, majestoso, projetado por engenheiros de Dubai.

Ia-se, por este tempo, a Rio do Sul - vizinha de Laurentino; de Ituporanga - terra da cebola; de Lontras e de Trombudo Central - por estrada que margeava o rio Itajaí-açu, cheia de curvas, de pedras imensas, de flores e do trem de ferro. Dizem, desapareceram as pedras, as flores e o trem de ferro. Algum tempo depois a família foi para Pouso Redondo, centro geodésico do estado catarinense. Era distante, muito distante da nossa cidade e para chegar lá, era preciso enfrentar doze, catorze horas entre trajetos feitos através de carro/avião/van/carro. Pouso Redondo era vizinha de Rio do Sul, Trombudo Central e Taió.  Frio, e bota frio nisso... De Pouso Redondo eles foram para São Francisco do Sul, ilha que fica a 35 quilômetros de Joinville, declarada terceira cidade mais antiga do Brasil: Porto Seguro, São Vicente e São Chico - patrimônio histórico da Unesco, cidade charmosa e cheia de paradisíacas praias como a Baía da Babitonga, a mais importante delas. De lá, vieram para Balneário, onde jogaram a âncora da família.

No antigo Balneário havia prédios baixinhos. Poucos, até recentemente, excedia 10 andares. Havia quiosques nas calçadas. Havia bancos ao longo da praia, que era pequena extensão de areia muito limpa, onde as ondas já nem eram tão aterradoras quanto antes. Os prédios esticaram: alguns são torres de oitenta andares, que obscurecem o Sol.  Falam de nova construção, que ultrapassará cem andares. Antes os vizinhos eram o sr. Placides, o Raulino; o Rubinho. Hoje o Neymar tem dois apartamentos ali na esquina. Dizem, Cristiano Ronaldo disputou imóvel com algum xeique árabe...  A praia foi alargada para setenta metros, porque estava prejudicada pelo tijolo e pelo cimento.  E o Balneário Camboriú hoje é conhecido como Dubai Brasileiro... 

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