NOSSAS LETRAS

Her Majesty

Assunto recorrente, virou hábito em casa falar sobre a família real inglesa. Leia a crônica de Lúcia Brigagão.

Por Lúcia Brigagão | 17/09/2022 | Tempo de leitura: 3 min
especial para o GCN

Assunto recorrente, virou hábito em casa falar sobre a família real inglesa, acompanhar percalços de relacionamento entre tantas e tais diferentes personalidades de seus membros. Desde há muito, quando a descobri, senti-me atraída pela mulher que contrariava a idealização da rainha linda e loira, com senso de humor fino e profundo. Aprendi a admirar sua fleugma, caráter, senso de justiça e dever, equilíbrio entre a razão e o coração. Lembro-me de ter infernizado o descanso de papai num final de semana, há muito tempo, ao descobrir que poucos anos depois da lendária coroação em Londres havia sido distribuído documentário sobre o acontecimento e que o Cine São Luiz, em Franca, iria exibi-lo em sessão especial. Lembro-me de ter ido com ele, de mãos dadas, para ver, em branco e preto e muita interferência, as cenas que vieram de tão longe. Nasciam ali, admiração, carinho, tietagem que basearam a forma como a acompanhei desde então.

Quis o destino que meus filhos, bem mais tarde, fossem estudar na Inglaterra. Apesar de ter turistado algumas vezes a ilha, tive o privilégio de ficar mais tempo naquele território e aprender sobre cidadania, rotina, hábitos e a dividir com outros comuns – do mundo inteiro, aliás – admiração e respeito por ela. A vizinha da casa onde aluguei quarto e morei por um tempo, Mrs. Del Carmino - das Guianas, tinha como que altar na sala de entrada de sua casa, móvel de parede inteira, onde dispusera fotos emolduradas, xícaras de chá, cups, copos, moedas, pratos comemorativos, porta-retratos, medalhas. De diferentes épocas: coroação, mortes, conquistas, superações. Coisa de devoção, admiração e respeito. Verdadeiro oratório. Tenho vasta coleção de revistas e jornais que meus filhos, amorosamente, juntaram para mim ao longo de anos. Coleção bonita: aniversários, jubileus, Olímpiadas, casamentos, comemorações. Tietagem pura. Já avisaram que estão à minha espera alguns jornais icônicos, revistas e edições especiais editados e publicados agora, que a rainha faleceu.

Pedi a minha filha residente lá que, quando fosse ao Palácio prestar sua homenagem, junto com seus familiares ingleses - filhos, sogra e marido -  levasse, em meu nome, algumas flores acompanhadas de cartão, segundo protocolo inglês. O caçula dos netos, Thomas escolheu bichinho de pelúcia e cravos rosa, para mim, cravos vermelhos e o cartão Thank You, onde de próprio punho foi escrita a mensagem: Her Majesty, thank You for everything! You have been amazing. Love, Lúcia Helena (Brasil), 11 de Setembro de 2022.

No momento em que foi anunciada a morte de Elizabeth, ainda em Windsor, outro filho meu que escolheu a Inglaterra como seu segundo lar, enviou-me a foto de imenso arco-íris coroando o castelo, já com a bandeira da rainha a meio-mastro. Disse que o fenômeno também foi observado em Buckingham, os jornais noticiaram, mas não deram destaque.

Que ela descanse em paz, com a consciência tranquila pelo dever cumprido, pela força que demonstrou sempre. Há folclore suculento sobre suas atividades. Minha história preferida, que destaca seu senso de humor, é a que conta que ela passeava a pé num campo da Escócia com seguranças, quando alguns americanos cercaram-nos, mas não a reconheceram. Era sabido que ela, rotineiramente, passeava com seus cachorros por aquelas imediações. Abordaram o séquito, fizeram perguntas sobre a Rainha, que ela ouviu, sem se identificar e que foram respondidas pelos encarregados. Foram embora. Passaram-se alguns dias, ela contatou os jornalistas, pediu desculpas e aí sim, se identificou.

Coisas de Lilibeth...

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