MITO OU VERDADE

Franca viveu a Independência do Brasil e até mudou de nome; mas o imperador esteve aqui?

Por Pedro Baccelli | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Pedro Baccelli/GCN
Avenida 7 de setembro na manhã deste 7 de setembro em Franca: nenhuma evidência histórica de que Dom Pedro I esteve aqui
Avenida 7 de setembro na manhã deste 7 de setembro em Franca: nenhuma evidência histórica de que Dom Pedro I esteve aqui

Há 200 anos, no longínquo 7 de setembro de 1822, foi proclamada a Independência do Brasil. O grito no Ipiranga influenciou o destino da Nação, agora, livre da coroa portuguesa, mas também, o nome da Vila Franca d’EL Rey – que passava a ser chamada de Vila Franca do Imperador.

Afinal, o imperador visitou a cidade? Não existe nenhum registro histórico que Dom Pedro l desembarcou em Franca. E não é para menos. Segundo levantamento realizado pelo vigário Joaquim Martins Ribeiro, o povoado era composto por apenas 132 pessoas, sendo 43 escravos, em 1819.

Além da “meia dúzia” de pessoas, a região era tomada por pasto e profundos vales, como mostra relatório enviado pelo explorador Auguste de Saint-Hilaire à coroa portuguesa, em 1818. O trecho foi publicado no livro Do Sertão do Rio Pardo à Vila Franca do Imperador, do escritor e historiador José Chiachiri Filho.

“A vila Franca, onde pousei, é aprazivelmente localizada em meio de vastas pastagens, numa região descoberta, semeada de capões de mato e recortada por profundos vales (...) o arraial está pouco povoado, só o largo da Matriz está bem guarnecido de casas”.

A explicação para o nome da cidade é bem mais simples. Desde 1809, Marquês de Alegrete e Conde de Palma solicitavam ao Governo de São Paulo que Franca, na época freguesia, fosse elevada à condição de vila. Freguesia é uma região ao redor e delimitada por uma paróquia. Já vila era uma unidade político-administrativa autônoma, equivalente a município atualmente.

Apenas no dia 21 de outubro de 1821 o Estado pediu a criação de uma portaria determinando a mudança para vila. “Determina o mesmo Governo ao Senhor Desembargador João de Medeiros Gomes, ouvidor da predita Comarca de Itu, que, passando incontinenti a mencionada Freguesia de Franca, faça erigir a sua povoação em Vila, a qual se denominará VILA FRANCA D’EL REY”, diz trecho do pedido de mudança, extraído do livro A Franca, de Alfredo Palermo.

O “d’EL Rey” presente no nome é uma homenagem feita ao Rei Dom João VI. Quando viajou para Lisboa, capital portuguesa, em 1821, o monarca deixou em seu lugar o príncipe Dom Pedro l. Com as dificuldades vividas na colônia, Pedro declarou independência do Brasil no dia 7 de setembro de 1822.

A portaria que transformava Franca em vila não foi cumprida imediatamente. Ainda segundo o livro A Franca, possivelmente “assuntos de maior urgência talvez afligissem o governador da província de São Paulo” impediram a oficialização.

A mudança aconteceu apenas no dia 28 de novembro de 1824. Na época, como o Brasil já não era governado por um rei, foi conveniente trocar de Vila Franca d’EL Rey para Vila Franca do Imperador, como homenagem ao imperador Dom Pedro l.

Com essa sequência de fatos, morre o mito da visita do imperador em Franca. O único registro de visita da família real portuguesa é do genro de Dom Pedro ll, Conde D’Eu, no ano de 1888. A “visita” foi divulgada no Jornal O Francano, em 1956. O trecho da matéria aparece no livro Estação: O Bairro – Centro, do escritor Fransérgio Follis.

Foi agitado esse bairro, no passado, quando os jagunços na tocaia, vigiavam o embarque de figurões da vida provinciana, que, pela força incoercível e odiosa da política adversária ou de rixas pessoais, deveriam viajar deste mundo para outro. Foi ali, na gare da Mogyana, por ocasião da passagem do Conde D’Eu (Louis Phillippe Marie Fernand Gaston), pouco antes da queda da monarquia que o destemido Cel. Fulgêncio, o francano de Claraval, bradou vis-à-vis ao fidalgo genro do imperador: Viva a República”, finaliza.

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Comentários

3 Comentários

  • Belchior De Melo Santos 06/09/2022
    está muito esquisito isso aí! não tem almoço grátis não! eu hein!
  • Luiz 06/09/2022
    parece a dilma falando.
  • Sebastião 06/09/2022
    Em uma sociedade onde o que é público não é de ninguém 40% de desconto é mais interessante de se apurar do que é 40% à mais do que já foi pago em outras ocasiões. Mas não tem nada não, está tudo azul na América do Sul. É por isso que eu vou votar no Jão, aquelas bandeirinhas nas rotatórias me convenceram que ele e o dono da restinga são US cara. Brazil zil zil...