NOSSAS LETRAS

Jornada mágica com João e Tina

Entrei num portal chamado 'A ordem do dragão'. Leia a crônica de Sonia Machiavelli.

Por Sonia Machiavelli | 27/08/2022 | Tempo de leitura: 4 min
especial para o GCN

Fiz uma viagem extraordinária no último fim de semana. Começou na noite de sexta-feira e durou o sábado inteiro. Entrei num portal chamado A ordem do dragão e, pela esfuziante imaginação de uma fada das palavras hipnotizantes, andei em companhia dos gêmeos João e Tina e também do Dr. Kovács, catedrático em Mitologia Eslava e Língua Magiar, “aquela cheia de consoantes dos húngaros, que parece realmente impossível”.

Adolescentes, os filhos da médica Rosa e do professor Felix haviam criado há pouco tempo a Ordem do Dragão, sociedade empenhada em encontrar os draculeas, seres que “muitas vezes sem perceber já pertenciam a ela”. Para ser mais precisa, isso havia acontecido desde que João começara a sonhar todas as noites com dragões, acordando com “cheiro de alecrim, hortelã” e enxergando cinzas pelos cantos, “rastros deixados por amigos dragões das mais variadas espécies”.  Só para citar alguns, lembro agora “o Barriga-de-Ferro Ucraniano; o Dragão Negro das Ilhas Hébridas; o Olho de Opala; o Dente-de-Víbora Peruano; o Chifres-Longos Romeno.” E muitos, muitos mais, que em todo canto do mundo existem e desde sempre: da Grécia Antiga, onde um deles, Landon, guardava as maçãs douradas no Jardim das Hespérides, ao Brasil pré Descobrimento, onde o Boitatá assustava os índios com suas narinas de fogo (e continua assombrando os moradores do Pantanal neste século XXI).

Nem todos os dragões eram bons, havia também os maus- ficamos sabendo pela mesma voz que nos alertava sobre o fato de que “o poder nunca deve cair nas mãos de quem não tem preparo ou responsabilidade para conduzi-lo”(...) “Os seres malignos, alguns verdadeiramente malignos, são determinados  a impedir nosso florescimento a qualquer preço.”

Com esses pensamentos na cabeça, seguimos para a casa do Dr. Kovács, a pessoa indicada para orientar os meninos sobre a tal Ordem, pois segundo Felix e Rosa era quem melhor poderia esclarecer a respeito de sonhos, dragões e certa pintinha escura que nascera no ombro dos gêmeos assim que tinham completado doze anos.

Assim que chegamos, fiquei assustada com a fisionomia de gavião do homem, marcada por grossas sobrancelhas. E atônita quando a mulher ali presente esticou o braço, como se ele fosse de borracha, para acarinhar a mão do marido. Apesar do clima inusitado e assustador, desejei tomar o suco cintilante oferecido a João e Tina, feito com o cacto mexicano nopal, que lhe conferia cor solferino.

Depois segui atenta a conversa sobre as pintas (“marca de singularidade”), os pesadelos, o vínculo com o reino dos draculeas, para onde os meninos deveriam ir a fim de recuperar a insígnia da Ordem do Dragão, “perdida por obra de lâmias feiticeiras há mais de oitocentos anos, para além das montanhas de Oder.” Ela estava em poder de um gênio do Mal e deveria voltar para perto dos irmãos e do doutor, também um draculea, porque a partir dela conheceriam mais de si mesmos e teriam mais força para confrontar o mal. A frase seguinte produziu eco nos nossos ouvidos: “Só o conhecimento profundo do que somos é capaz de nos mostrar o melhor caminho”. 

Isto posto, Kovács perguntou a João e Tina se estavam preparados para a viagem a Tarczal, o lugar onde encontrariam a insígnia. A “fogueira da curiosidade” foi maior que o medo e eles disseram sim. Eu os acompanhei na intenção e todos fomos envolvidos por um clarão cintilante e por redemoinhos que nos levaram a cair duramente “sobre areia ondulada branca que tinha a alvura das nuvens”. O céu era de um laranja denso, forte, as montanhas Tatra picotadas se erguendo ao fundo.”

Esse foi o começo da viagem da qual comecei a lhes falar e da qual nunca me esquecerei. João, Tina e Kovács tinham várias tarefas a cumprir para alcançarem seu objetivo. Todas tão difíceis e desafiadoras como os doze trabalhos de Hércules. O primeiro deles seria atravessar o nascedouro dos dragões. Depois, apoderar-se do trevo encantado de Clion. E até vencerem Roderick, o ser maligno que detinha a Insígnia, iríamos nos deparar com coisas e seres assombrosos, como sátiros, duendes, sacis, centauros... 

Gostaria de contar mais a respeito dessa aventura.  Por exemplo, descrever na medida do possível a espetacular floresta de diamantes, o medonho cão Cérbero, a incrível chave do tempo no relógio com a inscrição “Tempus Fugit”, o mascarado medieval com seu imenso nariz de pássaro, o casal de camelos falantes, a salamandra listrada, o pó falante, a plantinha que dançava, rebolava, “soltava pérolas acetinadas por todo lado”. E, claro, Roderick, “o Príncipe Sombrio, o senhor da escuridão, o tutor de toda maldade e sofrimento existentes neste e noutro mundo. Ocorreu um tsunami, um atentado, uma guerra, um assassinato? Roderick ou seus servos certamente estiveram por perto. Ele consegue enxergar o que de pior existe em alguém e, por aí, manipula as pessoas para que façam exatamente o que ele deseja. Cobiça, Ganância, Inveja, Deslealdade, Ódio, Desprezo, Preconceito, Soberba, Maldade, Mentira são alguns dos filhos de Roderick espalhados por aí”.

Gostaria de contar, sim. Mas não me autorizo a dar spoiler. Enquanto espero muito ansiosa pelo Céu de Meteora, convido-os a fazer esta impressionante e magnífica jornada a Tarczal em companhia de João, Tina e Kovács, em busca da Ordem do Dragão.

Se você tem entre 9 e 900 anos não perca tempo! Compre sua passagem. Basta olhar aqui embaixo para saber onde e como. 

Serviço   
Título: A Ordem do Dragão- Jornada a Tarczal
Autora: Vanessa Maranha
Ilustrações: Alessandro Fonseca
Telucazu Edições
Preço: R$36
Onde comprar: www.telucazu.com.br

Fale com o GCN/Sampi! Tem alguma sugestão de pauta ou quer apontar uma correção?
Clique aqui e fale com nossos repórteres.

Receba as notícias mais relevantes de Franca e região direto no seu WhatsApp
Participe da Comunidade

COMENTÁRIOS

A responsabilidade pelos comentários é exclusiva dos respectivos autores. Por isso, os leitores e usuários desse canal encontram-se sujeitos às condições de uso do portal de internet do Portal SAMPI e se comprometem a respeitar o código de Conduta On-line do SAMPI.