NOSSAS LETRAS

Mais que uma fotografia

As mulheres, meninas de nascença ou não, as mulheres, só as mulheres mesmo para mudar o mundo. Leia a crônica de Lígia Freitas.

Por Lígia Freitas | 18/06/2022 | Tempo de leitura: 2 min
especial para o GCN

Silvia Aguiar

As mulheres, meninas de nascença ou não, as mulheres, só as mulheres mesmo para mudar o mundo.

As guerras, malditas guerras, são feitas por quem?

As armas, contraditas armas, a serviço de quem?

São tantas perguntas que vagueiam meu ser, ainda mais hoje, depois do meu último dia de domingo.

Domingo foi dia de frio em Franca, mas ainda assim, as escritoras Francanas ocuparam a rua, lugar de direito, palco e resistência.

Por quê?

Uma fotografia, mas não apenas uma fotografia das escritoras francanas, um elo, um fecho-recomeço, uma casa, um clique em forma de abraço.

Consegue me ver ali no cantinho?

Hei de perguntar para os meus filhos, netos, e quem sabe bisnetos.

Grandes músicos negros do jazz se reuniram para uma fotografia, no ano de 1958, na escadaria do bairro Harlem, em Nova York.

A imagem da era de ouro do Jazz, capturada por Art Kane, ficou conhecida mundialmente como "um grande dia no Harlem".

A inspiração para a fotografia veio daí, mas antes de contar mais, voltemos, voltemos lá para a fonte do nosso ser, a raiz tupi, rituais de afeto, olho no olho, pés no chão, fogo, terra, ar e água, mulher chama, mãos abertas, de cura e fé...

Vem, vem, vem chegando, recriando, semeando, deságua na mulher de hoje, porta-bandeira de si.

Pronto, voltemos à fotografia das escritoras francanas, contemos que a inspiração veio lá de São Paulo, das escritoras Giovanna Madalosso, Paula Carvalho e natalia Timerman, que convocaram mulheres escritoras do Brasil todo para ressignificar a imagem do "grande dia no Harlem".

O movimento fluiu, fluiu, fluiu tanto, que passou por várias cidades brasileiras até chegar em Londres e Lisboa.

Tem jeito melhor de atear fogo sobre a cultura patriarcal?

Que as vozes silenciadas venham à chama.

Um salve à Virginia Woolf, Jane Austen, Maria Firmina dos Santos, Rachel de Queiroz, Carolina Maria de Jesus, dentre tantas, que passaram na frente abrindo a mata.

Merda à Soraia Veloso e Naiara Alves, que trouxeram a lenha, e a todas as escritoras francanas que acenderam a fogueira.

Fotografia sob as lentes atentas e pulsantes de Silvia Aguiar.

Voltemos, cá estamos de mãos dadas, livros nas mãos: nossa bendita arma.

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