DENÚNCIA

Aluno é acusado de assédio no 'Mário D'Elia'; estudantes dizem que escola foi omissa

Por Higor Goulart | da Redação
| Tempo de leitura: 4 min
Reprodução
Discussão na porta da EE 'Mário D'Elia', na manhã da última quinta-feira, 2
Discussão na porta da EE 'Mário D'Elia', na manhã da última quinta-feira, 2

A Escola Estadual "Mário D'Elia", localizada no Jardim Consolação, parece ter virado palco de casos de assédio entre alunos. Estudantes dizem que dois casos muito semelhantes aconteceram recentemente. Um há pouco mais de um mês e outro no fim da última semana. Ambos movimentaram o ambiente escolar nesta quinta-feira, 2. Nos dois casos, as alunas acusam a escola de omissão, por não ter punido os estudantes acusados de assédio.

O caso mais recente teria acontecido entre estudantes da mesma sala do 1º ano do Ensino Médio, durante a última sexta-feira, 27. De acordo com relatos de outros alunos da escola, um garoto teria se esfregado na companheira de sala. Ela, de imediato, teria ido buscar contato com a direção da escola, que, segundo os estudantes, culpou a garota pelo assédio, por conta da roupa que usava.

Ainda de acordo com as informações, registros de câmeras de segurança teriam sido vistos pelos próprios estudantes, mas, ao ser cobrada, a direção da escola disse ter perdido os registros. “Mesmo mostrando as imagens da câmera, a gestão da escola sumiu com as imagens da câmera de segurança”, descreveu uma estudante da escola, que preferiu não se identificar.

Com a repercussão do caso dentro do ambiente escolar, vários alunos teriam se reunido nessa quinta-feira, 2, para cobrar o corpo diretor e o estudante acusado de assédio. Segundo os relatos, a direção teria chamado a polícia para afastar os alunos que buscavam a expulsão do garoto que teria assediado a companheira de sala.

“Ontem (quarta-feira, 2), eles descobriram e, hoje (quinta), no intervalo, a escola inteira foi tirar satisfação com o menino. O vice-diretor o tirou do meio da muvuca e chamou a polícia, mas a polícia era pra defender ele. O mesmo vice falou pros pais da menina que tinham perdido a gravação da câmera”, disse a estudante.

Durante a saída do aluno acusado, imagens registradas por outros estudantes mostram o pai do garoto ameaçando outros estudantes. “Tem alguém querendo colocar a mão no meu filho? Se tiver, pode se apresentar (...) vocês perdem a perna de vocês, hein? Não trouxe ninguém aqui ainda, mas vocês não sabem da onde eu vim, não”, disse o homem, em vídeo da confusão, que circula nas redes sociais.

A reportagem do Portal GCN tentou contato com a garota assediada, através das redes sociais, mas não obteve retorno. A estudante teria registrado um Boletim de Ocorrência nesta quinta-feira, mas o documento também não foi obtido pela reportagem.

Outro caso
Há pouco mais de um mês, um caso semelhante teria acontecido na mesma escola. Uma estudante de 15 anos, também do 1º ano do Ensino Médio, que preferiu não se identificar, acusa um estudante do 2º ano de assédio.

De acordo com a garota, ela estaria indo para o intervalo e parou na fila da merenda, quando o aluno mais velho passou e encostou o órgão genital em suas costas. “Ele encostou em mim, sendo que tinham outros lugares para passar. Na hora, eu fiquei em choque e conversei com algumas amigas”, relatou a jovem.

Após a situação, a aluna diz ter ido conversar com o corpo diretor da escola, que teria dado a mesma resposta para o caso anterior. “Nessa conversa, uma vice-diretora vira para mim e fala que a culpa do acontecimento foi a minha roupa. Tentamos explicar o certo (...) pediram para gente sair e descemos para sala”, contou.

A estudante acusa a escola de omissão, dizendo que “eu vi na câmera, eles também viram, mas todos da direção estão passando a mão na cabeça dele". "A escola não acredita em mim, falaram que ele é um bom aluno e que não faria isso”, disse.

Segundo a adolescente, sem o apoio da escola e devido a algumas conversas com outros professores, ela não registrou o Boletim de Ocorrência.

Secretaria de Educação
A Seduc (Secretaria da Educação do Educação do Estado de SP), em nota, afirmou que "assim que tomou conhecimento do fato, a Diretoria de Ensino de Franca, responsável pela unidade, iniciou a averiguação das denúncias. A unidade escolar está tomando as providências necessárias e já está realizando reuniões com os responsáveis".

Ainda de acordo com a Seduc, as ocorrências foram registradas na Plataforma Conviva SP.

Confira na íntegra a nota disponibilizada pela Seduc:
"A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) repudia toda e qualquer forma de assédio dentro ou fora do ambiente escolar. Assim que tomou conhecimento do fato, a Diretoria de Ensino de Franca, responsável pela unidade, iniciou a averiguação das denúncias. A unidade escolar está tomando as providências necessárias e já está realizando reuniões com os responsáveis.

A escola coloca à disposição dos alunos o atendimento pelo Programa Psicólogos na Educação, se autorizado por seus responsáveis no caso dos menores. O caso foi inserido na Plataforma Conviva SP - Placon, que acompanha o registro de ocorrências escolares na rede estadual de ensino. A unidade escolar e a Diretoria de Ensino de Franca se colocam à disposição da comunidade escolar e autoridades para esclarecimento dos fatos."

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