NOSSAS LETRAS

Relembranças

Nem sempre quando começo sei exatamente o sentido, o propósito do texto que escreverei. Leia o artigo de Lúcia Brigagão.

Por Lúcia Brigagão | 21/05/2022 | Tempo de leitura: 2 min
especial para o GCN

Nem sempre quando começo sei exatamente o sentido, o propósito do texto que escreverei.  Às vezes a inspiração surge do nada, enquanto dirijo, enquanto caminho ou tomo banho. Vem, ao olhar meus quadros, fotos, descobrir alguma árvore nova ou flor no meio do caminho, ao ouvir uma música específica que me traz recordação de algo que vivi.

Outras vezes vem do encontro fortuito - com conhecidos ou desconhecidos - ou até daqueles previstos, combinados ou calculados.

Vem do além muitas vezes, dizem, e acho possível. Vem de sonhos, de leituras, de palavra recém aprendida, frequentemente de situações corriqueiras, de algum revival de algumas circunstâncias vividas lindamente, meus foras e inadequações sociais. 

Sem querer parecer mística, eventualmente parece-me ouvir voz doce e melodiosa sussurrando o tema. Ou vem de raiva súbita, despertada por incidente no cotidiano.  Tento buscar nos recônditos das minhas memórias, da minha alma, algo que faça o raio da inspiração cair-me na cabeça. Ou nos meus ombros. Quem sabe no meu coração.

Frases de letras de música que me derretem – ou me acendem o coração. Desejos escondidos e impublicáveis, raiva, amor frustrado, decepções. Esperanças. Sonhos. Desejos do amanhã, quando possivelmente estarei livre das amarras do passado. Nas seleções de experiências que vale a pena ficarem perpetuadas na minha caixa de lembranças, entre outras que deveriam ser imediatamente deletadas ou postas de lado, de uma vez por todas.

Não raro é difícil encontrar o ângulo ou caminho que levem à produção do texto. Às vezes, desnecessário tanto esforço para fazê-lo. Acredito que nenhum trabalhador das letras fica satisfeito com o que escreve, mas se esforça para fazê-lo... Isso é evidente.

Quando estou muito feliz, quando me bate fundo a tristeza, a saudade de nem sei do quê, escrevo.

Quando choro, quando rio de bobagens, quando me pego dançando sem música – são momentos inspiradores.   Toda vez que me deparo com a espontaneidade das crianças, atual e principalmente aquela dos meus netos, quero registrar.

Ao ler bilhetes amorosos recebidos e guardados vindos de toda parte e procedência - familiares, antigos namorados, pessoas que amei tanto ou nem amei, recortes de jornal, reportagens, antigos e-mails de quando não existia aplicativos como WhatsApp, cópias de mensagens do Okurt – verdadeiros palimpsestos modernos e tão valiosos quanto os antigos.

Reproduções, recortes de revistas e jornais. O arsenal que abastece minhas relembranças e recordações é grande. É vasto. É diversificado. É precioso.

Às vezes a inspiração desaparece no preciso momento em que abro o computador. Frequentemente some e me deixa muda, quer dizer estática, quando no meio do texto outras lembranças assomem e tomam vulto.

Mas não desisto. Persevero, porque de alguma forma alguém lerá e, nessa pessoa, encontrarei um ouvido atento e carinhoso para me escutar e, quem sabe, entender minhas frequentes elucubrações...

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