NOSSAS LETRAS

Escritoras negras lançam “Cartas para Esperança”

Por Gustavo Villela | especial para o GCN
| Tempo de leitura: 2 min

Escrito por 85 mulheres negras, 22 delas moradoras de conjuntos habitacionais e comunidades de Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio, Cartas para Esperança, da Editora Malê, foi organizado por Julio Ludemir, diretor da Flup - Feira Literária das Periferias. É homenagem das escritoras a Esperança Garcia, negra e escravizada que, em 6 de setembro de 1770, escreveu uma carta ao governador do Piauí denunciando a violência sofrida por ela e pelas companheiras e descrevendo os maus-tratos impostos pelo administrador da fazenda onde moravam. Dividido em três capítulos, o livro traz cartas escritas pelas autoras negras e, também, depoimentos de histórias de vida de mulheres que se fundem à história do bairro de Santa Cruz.

“Um dos nossos compromissos é valorizar a cultura, incentivar a educação e, assim, valorizar também a importância da leitura e dos livros como ferramentas para alcançarmos um desenvolvimento sustentável. E o Salão Carioca do Livro, onde o livro será lançado, é um encontro que estimula a diversidade e a Economia Criativa. O livro Cartas para Esperança é também motivo de enorme orgulho para toda a comunidade de Santa Cruz, mostrando a potência criativa das mulheres da região”, diz a gerente de Relações com a Comunidade, Fernanda Candeias.

Uma das autoras de Cartas para Esperança, Adriana Veridiana, de 46 anos, é também coordenadora do Coletivo As MariAmas e ativista nas questões feministas e raciais. Ela participou no ano passado do projeto da Flup de formação das autoras da região, coordenado por Luciana Diogo, que resultou no livro. Formada em ciências sociais, Veridiana, que é guarda municipal, comemora a chegada do livro. 

“Sempre gostei de escrever. O projeto do livro mostra a força das mulheres, o quanto podemos produzir e fazer a diferença no próximo. Somos sementes que brotam, renascem e fazem outras vidas germinar”, afirma Veridiana, que agora sonha em escrever um novo livro.

Julio Ludemir conta que o projeto da Flup foi precedido pelo mapeamento de líderes comunitárias negras de Santa Cruz, para resgatar a história e a memória dos conjuntos habitacionais e comunidades da região. E as autoras das cartas do livro são desde mulheres jovens até idosas. 

“Há um encontro geracional. O Brasil está descobrindo o Brasil, e essa descoberta está sendo feita pelas pessoas negras e, em particular, pelas mulheres. É preciso haver o encontro da literatura brasileira com o seu próprio povo”, conclui o diretor da Flup e organizador do livro.

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