MEDICINA

Médico acusado de falsificar remédio não é endocrinologista, diz Cremesp

Por Kaique Castro | da Redação
| Tempo de leitura: 2 min
Reprodução
Rogério Henrique Miyashiro anunciava 'medicina esportiva/endocrinologia'
Rogério Henrique Miyashiro anunciava 'medicina esportiva/endocrinologia'

O médico Rogério Henrique Miyashiro, que foi preso acusado de vender anabolizantes falsificados e com comercialização proibida no país, não possui o título de endocrinologista ou de qualquer outra especialidade segundo o Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo).

No site do órgão, onde qualquer pessoa pode acessar e checar a formação de qualquer médico, Rogério aparece com situação regular, mas sem nenhuma especialidade registrada. Em suas redes sociais, porém, o médico mencionava as áreas de endocrinologia e medicina esportiva.

“O Cremesp informa que o médico em questão não possui título de especialista registrado no Cremesp”, disse o órgão em nota. No site da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia também não é possível localizar o nome de Rogério Henrique Miyashiro.

Ainda segundo o Cremesp, Miyshiro poderia prestar atendimento sem ter a especialidade, mas sem se identificar como um especialista. “O Conselho esclarece ainda que o médico pode prestar atendimento, sem especialidade, desde que se responsabilize pelos seus atos, no entanto, o médico está impedido de se intitular e/ou divulgar títulos de especialidade que não tenham sido devidamente registrados junto ao Cremesp”, continuou a nota.

Agendamento
Na sua biografia do Instagram, havia um link onde era possível agendar consulta. Após clicar, uma aba se abria com os dizeres “agende sua avaliação para bioplastia de glúteos” ou “agende sua consulta para medicina esportiva/endocrinologia”.

Depois da prisão, a rede social que era aberta ao público teve todas as fotos retiradas, e virou um perfil privado. 

No consultório do médico, constam na fachada as palavras "medicina esportiva" associadas ao seu nome.

Revolta no meio
A atitude do médico gerou revolta entre outros colegas que possuem a especialidade. Para a endocrinologista Ana Paula Figueiredo Engler Goulart, a atitude de Rogério é comum entre outros médicos.

“Essa conduta dele na nossa visão não é uma boa prática médica. Assim com ele, vários outros médicos se denominam especialistas, e não são. Principalmente em especialidades que de certa maneira vendem alguma coisa sedutora para pessoas. Então muitos profissionais mentem. Eles não passam pelo caminho da formação e se dizem especialistas”, disse a médica.

Ainda de acordo com Ana Paula, os pacientes devem se atentar antes de procurar algum médico especialista, checando formação do profissional em sites dos órgãos responsáveis, escolhendo os devidamente treinados e, desta forma, defender-se melhor de crimes contra a saúde pública.

Liberado 
Depois de ser preso nesta segunda-feira, 9, o médico passou por audiência de custódia na manhã desta terça-feira, 10, e foi solto. Ele responderá pelo crime de falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais. Se condenado, o médico pode pegar até 15 anos de cadeia.

Defesa: "Cursos de especialização"
A defesa do médico informou que ele tem cursos de especialização e que todos os documentos serão incluídos nos autos do processo.

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