Em outubro, os brasileiros irão às urnas para votar para presidente, governador, senador, deputado estadual e federal. Até o dia 4 de maio, é possível transferir, regularizar e tirar o título de eleitor para poder votar. Jovens de 16 e 17 não são obrigados, mas também podem se inscrever (inclusive aqueles que completam 16 anos até o dia 2 de outubro). Tudo pode ser feito pela internet, não sendo mais necessário sequer se deslocar até o cartório eleitoral.
Conforme as eleições ficam a cada dia mais próximas, o cenário político começa a se definir. Nacionalmente, todas as tendências apontam para a repetição – e intensificação – da polarização que temos visto nos últimos anos. É provável que o acirramento do 2º turno seja antecipado para o 1º, com uma disputa plesbicitária entre Lula (PT) e Bolsonaro (PL) desde o começo. Na contramão, a disputa para o governo do estado segue indefinida entre as pré-candidaturas de Fernando Haddad (PT), Márcio França (PSB), Tarcísio Freitas (Republicanos) e o recém-empossado governador Rodrigo Garcia (PSDB).
Enquanto isso, regionalmente, os partidos e pré-candidatos já estão a todo o vapor se preparando para as eleições. Se na disputa para a Assembleia Legislativa de São Paulo é seguro dizer que Franca elegerá entre um e dois deputados estaduais, como historicamente faz, a grande dúvida é se a região voltará a eleger um representante no Congresso Nacional.
O último representante da região que exerceu um mandato completo na Câmara dos Deputados foi o médico Marco Aurélio Ubiali, eleito em 2006 com expressivos 81.175 votos (68 mil dos quais só na cidade de Franca). Ubiali ainda viria a assumir como suplente na legislatura seguinte, permanecendo em Brasília até 2015. Candidato a prefeito no ano seguinte, terminou em 4º lugar com uma pequena fração dos votos que já teve. Na última eleição, não conseguiu nem se eleger vereador.
Depois dele, quem assumiu uma vaga na Câmara por curto período foi o então vereador Adérmis Marini, em 2017. Durante sua estadia em Brasília, Adérmis não teve grande aparição, mas ficou marcado por votar a favor da reforma trabalhista, uma obtusidade que aprofundou a precarização das relações de trabalho no Brasil. Foi castigado nas urnas: candidato a prefeito em 2020 pelo antes imbatível PSDB, também acabou em 4º, com apenas 15% dos votos.
Agora, todas as expectativas se voltam para a eleição de um representante da região para a Câmara dos Deputados. Tudo indica que a disputa pela vaga de deputado federal será um 3º turno da última eleição para a Prefeitura. Pelo menos três candidatos fortes que tentaram governar Franca em 2020 podem buscar um mandato em Brasília: Flávia Lancha (PSD), Rafael Bruxellas (PT) e João Rocha (União). Flávia e Bruxellas já confirmaram suas pré-candidaturas, enquanto Rocha não diz que sim nem que não, e Adérmis parece estar priorizando seus projetos imobiliários depois do resultado decepcionante nas urnas. Também corre o boato de que a primeira-dama Cyntia Ferreira poderia entrar na disputa como representante direta da atual gestão municipal no pleito.
Derrotada por Alexandre no 2º turno em 2020, Flávia Lancha tem investido pesado na nova empreitada com um trabalho profissional nas redes sociais e tecendo articulações dentro e fora da região. Tem um recall forte das últimas duas eleições majoritárias que disputou, mas vai ter que superar a falta de consistência em seu discurso, que a prejudicou na disputa contra Alexandre, e seus posicionamentos políticos contraditórios.
João Rocha tem se dedicado a construção do novo partido União Brasil, nascido da fusão entre o DEM e o PSL. Convertido em bolsonarista fanático na última eleição para tentar surfar na onda que deu a Jair Bolsonaro três quartos dos votos dos francanos em 2018, ficou na marola e não conseguiu chegar ao 2º turno. Agora, com o enfraquecimento do bolsonarismo, seu partido rejeitando apoiar Jair no 1º turno e fazendo parte da coligação em torno de Rodrigo Garcia para o governo do estado, vai ter dificuldade para sustentar o mesmo discurso e atrair os eleitores de dois anos atrás. Mas antes de tudo tem que decidir se será candidato e a qual cargo.
Bruxellas foi a grande surpresa da eleição passada para a prefeitura. Candidato mais jovem na disputa, conseguiu superar a estigmatização de seu partido e alcançar 17 mil votos, à frente do então prefeito Gilson de Souza e no páreo das principais candidaturas. Mesmo sem chegar ao 2º turno, saiu politicamente vitorioso da eleição, como um dos jovens mais votados do PT no país e representando um fenômeno de renovação na política municipal. Agora, beneficiado pela boa colocação da principal liderança do seu partido nas pesquisas para presidente, pode surpreender de novo na corrida pra Brasília.
A entrada da primeira-dama pode complicar ainda mais a definição. O fato é que a eleição para a Câmara Federal caminha para ser uma revanche de 2020. Ainda é cedo pra dizer se alguma das pré-candidaturas conseguirá hegemonizar os votos na região para ter força de conquistar uma vaga em Brasília. O vento sopra a favor de Bruxellas e contra João Rocha depois de várias eleições em que a esquerda esteve nas cordas, enquanto Flávia Lancha tem um patrimônio eleitoral e recursos poderosos. As eleições de outubro serão definidoras para o futuro de Franca e do Brasil.
Guilherme Cortez é advogado.
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