Desde a adolescência, já mulher, acalentava o sonho de conhecer pessoalmente Alain Delon, um dos atores mais bonitos da minha, da sua, das gerações anteriores e posteriores. Houve, e, claro, haverão outros homens igualmente bonitos. Colocaria Paul Newman, George Clooney, Henry Cavil, Bradley Cooper, Brad Pitt –numa elencagem reduzida e impulsionada pela emoção, como o time de futebol mais bonito do mundo... Todavia, nenhuma escalação completa há, houve ou haverá, que não tenha o nome do ator, empresário franco-suíço nascido Alain Fabien Maurice Marcel Delon, nascido em Sceaux, França, num 8 de novembro de 1935, mais conhecido como Alain Delon. Foi casado com Nathalie Delon, mas poderia ter sido comigo, teve três filhos, foi símbolo sexual da metade do planeta –maridos não permitiram o voto da outra metade. Depois de Nathalie, não se casou mais, acredito que o principal motivo é que não me encontrou disponível...
Não escondo. Sempre que viajava, e Paris era escolhida porque centro da moda e local de feira do couro que inspirava calçadistas do mundo inteiro, quando me despedia do marido, ele zombava de mim: “Boa sorte na caça de hoje!”, claro, se referindo à minha busca do ator. Eu acho, nunca pude afirmar, certa vez ao entrar no elevador do hotel, encontrei com alguém tão parecido, mas tão parecido com ele, que perdi a fala. Foi desses encontros inesperados que nos deixam mudos e estarrecidos e, como na poesia de Cortázar, “estaqueados en la mitad del pátio”... Meu queixo caiu, fiquei muda, ele me olhou de soslaio, deu sorriso absolutamente inconfundível. Acho que ria da minha baba, do meu queixo caído, do meu absoluto estarrecimento. Da minha perplexidade. De repente a porta se abriu, ele se preparou para sair, fiquei muda e gelada, sem desgrudar os olhos dele, ele ainda me olhou, abriu imenso e branco sorriso, disse “au revoir” e abruptamente, do jeito que entrou, saiu da minha vida... Acho que era ele. Deus existe. Era ele! (Continuarei afirmando isso, porque em breve ele estará fora deste mundo, caso seu projeto de suicídio assistido seja levado até seu termo. Não terei tempo de voltar a Paris ou ir à Suíça.)
Ele não gostava da velhice e teve sorte de nascer e viver num país onde as práticas tanto do suicídio assistido quanto da eutanásia, tão assustadoras para a maioria da população mundial, são admitidas desde que a pessoa que pretende morrer de uma das duas formas, prove que não está sendo coagida ou forçada, e que é a absoluta liberdade da sua vontade como cidadão. Não são práticas tão novas assim: eram conhecidas e praticadas na Grécia e Roma Antiga. Para mim, pessoalmente, acredito que provocar a morte de uma pessoa antes do previsto pela evolução natural da sua doença, se torna ato misericordioso devido ao sofrimento advindo de doença incurável e terminal, que cause dores insuportáveis e absoluto desconforto não apenas no doente, mas nos que o amam e rodeiam, impotentes diante de diagnósticos sombrios e desesperadores.
Poucos terão o privilégio de viver longevamente e com boa qualidade de vida. Li sobre senhora norte-americana que vivia em cruzeiros pelos mares do mundo que explicou aos jornalistas que a entrevistaram sobre viver (feliz) daquela maneira. Não tinha parentes próximos, tinha bela fortuna, vendeu tudo, o banco administrava suas posses, alugava sempre o camarote mais luxuoso do cruzeiro, rodava o mundo, conhecia ilhas, países e muita gente interessante. Tinha comida à mão e da melhor qualidade. Suas roupas de vestir, eram higienizadas e colocadas no guarda-roupas. Seu camarote, impecável, banheiro absolutamente limpo, todos os dias. Se morresse em alto mar, seria cremada e suas cinzas jogadas no mar. E, se morresse em terra, não seria problema dela...
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