ATRAÇÃO

Navio encalhado vira ponto turístico em Fortaleza

Por Marcel Rizzo | da Folhapress
| Tempo de leitura: 3 min
Reprodução
Homem posa para foto em frente ao barco encalhado
Homem posa para foto em frente ao barco encalhado

Uma embarcação encalhada na orla de Fortaleza virou ponto turístico. Desde 4 de março, o Lagoa Paranaense está parado em um banco de areia na praia da Barra do Ceará, na região conhecida como Marco Zero, o que já levou dezenas de pessoas a visitarem o local para fotografar o barco e postar nas redes sociais.

No último final de semana, alguns ambulantes colocaram até mesas e cadeiras plásticas para venda de bebidas e petiscos perto do banco de areia onde a embarcação está encalhada -uma latinha de cerveja saía por R$ 5 e um espetinho de carne, por R$ 8.

"Era algo que já acontecia ali, das mesinhas, de vez em quando, mas agora que o pessoal colocou mesmo e tem ficado. E tem aparecido gente de toda a cidade para bater foto, virou ponto turístico", disse o nutricionista Euclides David, 25, que mora na Barra do Ceará há quatro anos e foi um dos primeiros a filmar o Lagoa Paranaense encalhado.

Ele conta que, na madrugada de sábado, saiu para caminhar pela orla e viu o barco. Os tripulantes ainda tentavam tirá-lo do local, com a maré um pouco mais alta, sem sucesso. "Quando a maré baixou deu para ver que ele estava ali no banco de areia, e não teve mais jeito", contou David.

Não é a primeira vez que cenas imprevistas resultam em ponto turístico no estado. Escavado para retirar areia para obra em estrada, Buraco Azul passou a atrair turistas na região de Jijoca de Jericoacoara, no oeste de Ceará.

O barco foi apelidado pelos moradores de Fortaleza de Barra Hope, junção dos nomes do bairro onde está e de outra embarcação que há mais de 30 anos encalhou na orla da capital cearense, o Mara Hope.

"Acompanhei bem na hora que ele estava entrando por ali. Ele enganchou em um primeiro banco de areia, mas conseguiu sair. Só que depois caiu em outro e não saiu mais", contou Francisco Vitor de Oliveira Conceição, 20, que trabalha com eventos e também mora na Barra do Ceará, bem perto do local do encalhe.

A Marinha informou que a Capitania dos Portos do Ceará enviou no sábado (5) uma equipe de inspeção naval para realizar perícias iniciais. Os tripulantes se encontram bem e um inquérito foi instaurado para apurar as causas, circunstâncias e responsabilidades.

O nome da empresa proprietária do Lagoa Paranaense não foi divulgado –segundo a Marinha, como foi aberto um inquérito, as informações por ora são sigilosas. Desde domingo os donos tentam tirar a embarcação do banco de areia, mas não têm conseguido devido à maré mais baixa do que o necessário.

Uma das hipóteses investigadas é a de que o capitão levou o barco até o banco de areia porque desconhecia a profundidade do mar na região. O inquérito também vai averiguar outras possíveis causas, como problemas no motor ou no leme.

O Lagoa Paranaense fez sucesso entre os moradores de Fortaleza porque remete a outro barco que encalhou próximo à orla da cidade, em 1985. O Mara Hope, construído nos anos 1960 na Espanha, pode ser visto até hoje da faixa de areia, a poucos quilômetros de onde o encalhado mais recente está.

Em março de 1985, uma tempestade noturna fez as amarras do Mara Hope se romperem e a embarcação derivou até encalhar em um banco de areia nas proximidades da Praia de Iracema, ao lado do estaleiro da Indústria Naval do Ceará.

Depois de anos que o barco estava abandonado, a empresa responsável, da Libéria, fez um desmanche para aproveitar peças e largou a carcaça no mar de Fortaleza. O Mara Hope virou atração para mergulhadores que até hoje buscam objetos esquecidos no navio, encalhado próximo às praias do Leste e de Iracema.

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