
Zsuzsanna Maria Starkloff, ou Jugi, era bonita: tinha longos cabelos ruivos, olhos grandes e castanhos. Muitíssimo inteligente, falava japonês com fluência. Formava com o príncipe William lindo par de contos de fadas. Mas diferente da sua conterrânea Cinderela, não era solteira, vinha de dois relacionamentos falidos e tinha uma filha. Currículo nada auspicioso para pretendente à mão do príncipe que era o quarto na lista de possibilidades para se tornar rei e que, além de solteiro, era o mais bonito e mais badalado membro da família real, na época.
O amor começou em Tóquio, onde ela morava, como manequim da Revlon. Encontraram-se num baile a fantasia. Ela, de princesa indiana, ele de cavaleiro de capa e espada. Tirou-a para dançar. Começou assim a história de amor. Foram morar à beira-mar, num pequeno chalé, longe da Inglaterra e dos olhos perscrutadores do mundo.
Ela conta, em raríssima entrevista, que viviam felizes e como casal normal. Ele cozinhava para ela, mimava-a e lhe disse que nunca pensou que “o amor pudesse ser algo tão bonito”. Mas a mídia e a própria família tentaram separá-los. A princesa Margareth, que pouco antes também fora proibida de se casar com o homem amado, foi enviada ao Japão, com missão específica de separá-los. Em vão. Segundo sua própria experiência, sabia que o impedimento só aumentaria a paixão, mas que a rainha deveria dar sua aprovação para a consumação civil e religiosa, que validaria o casamento. Entretanto o casal estava disposto a enfrentar tudo.
Era 1969. Desde setembro de 1968, William assumira seu cargo na embaixada britânica no Japão. Apaixonado por aviação, passou 16 dias voando de Londres a Tóquio para sua nova posição como piloto. A birra da família por Jugi só crescia. Até o príncipe Phillip, que nem era a preferência dos ingleses para marido de Elizabeth, ficou contra. O único a favor, amigo e fã era Charles, que mais tarde viveria drama de amor semelhante. Ele, sim, apoiava William, seu ídolo e primo mais velho.
William decidiu trabalhar no Ministério das Relações Exteriores ao invés de seguir a tradicional rota real de carreira nas forças armadas. Em seguida, firme, o príncipe resolveu se casar com Jugi, mas seu pai sofreu um derrame, ele voltou para a Inglaterra, onde foi novamente pressionado a terminar seu relacionamento. O casal sofreu série de separações nos dois anos seguintes, mas Jugi sempre soube que William pretendia se casar com ela. Esperava por ele. Nova tragédia explodiria a vida deles em 28 de agosto de 1972, quando William sofreu acidente de avião poucos minutos após decolar numa corrida aérea perto de Wolverhampton, em West Midlands.
Jugi deveria estar com ele: ele a havia convidado para irem juntos, mas outros compromissos se interpuseram. William estava com 30 anos. No avião destroçado pela queda, seu corpo foi achado com a réplica do anel que havia dado a Jugi, ainda em seu dedo. Se a família real respirou aliviada, Charles ficou arrasado com a morte do primo. Tinha 23 anos e, quando lhe nasceu o primeiro filho - dele e de Diana - natural que lhe desse o nome de William.
Zsuzsi, viveu seus últimos anos no Colorado, com o coração partido pela dor e por quem chamava, até o final, de amor de sua vida. Ao morrer, ela estava com a corrente de ouro e o anel de William no pescoço, com a letra “W” pendurado nela.
"Não há um dia em que eu não pense em William. Nem um dia.", dizia. Em 2015, Jugi, em rara entrevista dada à imprensa inglesa, resumiu a dor e a história de amor que ainda sentia pelo homem por quem se apaixonara havia quase meio século:
"Há 47 anos, um príncipe britânico e uma garota húngara se conheceram em Tóquio, no Japão, e se amaram profundamente. É uma simples e bela história."
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