OPINIÃO

Cheiro de natal!

Em nossa infância, os períodos festivos eram percebidos muito mais pelos sinais da natureza do que pelas ações de marketing. Uma das “marcas” utilizadas pelo marketing que décadas atrás nos indicava que estávamos próximos do Natal era o lançamento anual do novo "long play” do Roberto Carlos, que começava a tocar nos “serviços de auto-falantes”. Leia mais no artigo de Toninho Menezes.

Por Toninho Menezes | 25/12/2021 | Tempo de leitura: 3 min
especial para GCN

Em nossa infância, os períodos festivos eram percebidos muito mais pelos sinais da natureza do que pelas ações de marketing. Uma das “marcas” utilizadas pelo marketing que décadas atrás nos indicava que estávamos próximos do Natal, era o lançamento anual do novo “long play” do Roberto Carlos, que começava a tocar nos “serviços de auto-falantes”. A cada ano havia o lançamento de uma música que marcaria época. Desta forma, o clima, o “cheiro” das comemorações natalinas iniciava-se.

O tempo passou e a cada ano somos mais surpreendidos pelas “estratégias” utilizadas para que o “consumismo” consiga superar os índices de vendas dos anos anteriores. Quem de nós já não presenteou ou não recebeu um presente que provavelmente nunca será utilizado? Que ficará encostado em um canto do armário, somente atrapalhando?

O Natal, para nós, é o melhor período do ano, onde o “espírito criança” invade os corações, trazendo por conseqüência as reflexões de como viver em um mundo melhor, numa sociedade harmônica.

As cidades se enfeitam, aliás, a nossa Franca está linda, cheia de luzes, de movimentação, de alegria etc. O problema é que o ponto principal do Natal vai se perdendo e torna-se irrelevante a cada ano, pois nos parece que a mensagem de Natal foi substituída, passando a ser considerada a “época de se gastar dinheiro”. Outro dia assisti a uma reportagem onde a maioria das crianças não sabia dizer o que significava efetivamente o Natal - na maioria das respostas ouvíamos somente se falar de presentes e de Papai Noel.

A propósito, os Santos do Natal, nos dias atuais, não são mais os da Sagrada Família, mas sim os “Santos Cartões de Crédito, protetores dos fracos e oprimidos”.

O lado comercial está se tornando tão insuportável que alguns Shoppings não têm vergonha de cobrarem para que o Papai Noel cumprimente e tire fotografias com as crianças e, o que é pior, formam-se filas enormes de pessoas dispostas a pagar por algo que “antigamente” era espontâneo e gratuito. Assim, se a pobre criança não tiver condições de pagar, o Papai Noel nem ouvirá os pedidos que alimentariam suas ilusões até o dia do Natal.

Esta nova concepção comercial de Natal, infelizmente, está prevalecendo e sobrepondo-se. O dar e receber são normais, desde que não comprometa o equilíbrio financeiro e o presente maior não seja esquecido, ou seja, o renascer anual da esperança de vida, da luta por uma evolução espiritual, aprendendo, provando, acertando e errando a cada dia.

Sempre ouvimos e recebemos mensagens no período natalino de que:

- todos os homens devem se respeitar mutuamente, devendo promover a paz e uma convivência mais humana;

- o verdadeiro amor é gratuito, não buscando o prazer pessoal e sim a felicidade e o bem do outro;

- o Natal é um dia em que o perdão e a solidariedade devem se fazer mais presentes na vida de cada um;

- é Cristo fazendo nascer em cada homem um coração novo com sentimento de esperança;

- a fé, esperança e o amor são critérios básicos para se construir um mundo melhor etc.

Diante de tais mensagens temos a certeza de que todos nós sabemos de cor e salteado a fórmula para uma convivência harmônica em sociedade, porém a colocamos em prática somente por um curto período anualmente, quando deveria estar presente diariamente em nossas vidas.

Gostaríamos de poder sentir, como outrora, aquele “cheirinho de Natal” que sentíamos ao passar em frente à casa da D. Dorama e do Seu Adib Calil, lá na Vila Peixe, ou na lojinha da Dona Silvéria, no interior do antigo “Mercadão” da rua Couto Magalhães. Também na praça central, quando a “Furiosa”, apelido dado à Corporação Musical São José, entoava músicas natalinas, ou na praça Barão, com árvores frondosas e suas “lacerdinhas” etc. Como já disse, não desmerecendo a decoração atual, que achei ótima, o cheirinho de Natal já não é o mesmo.

Seja como for, o clima de amor está no ar. Tudo faz lembrar a infância feliz e as esperanças renovadas para aqueles com os quais convivemos e agradecemos à Deus por ter nos dado a oportunidade de estarmos vivos. A todos vocês, meus amigos, um Feliz Natal cheio de paz, saúde e prosperidade.

Toninho Menezes é professor universitário e mestre em Direito Público. 
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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