
Vila Franca D’el Rey – 200 anos de arquitetura e urbanismo, o recente livro do arquiteto Mauro Ferreira, é mais que um livro, é um documentário, uma crônica socioespacial de Franca desde os seus primórdios até os dias atuais. E o autor faz isso com tal competência que leva o leitor a percorrer as 360 páginas do belo volume com crescente interesse e admiração. Foi assim comigo e imagino que deva ser com muitos mais, leigos como eu ou especialistas nos diversos campos do conhecimento abordados na obra.
A edição em papel couché, com fotografias emblemáticas, mapas, belos desenhos e muito mais, é um trabalho primoroso da Ribeirão Gráfica e Editora e do Laboratório das Artes de Franca.
O professor Agnaldo de Sousa Barbosa, que faz o prefácio, diz que é uma responsabilidade muito grande fazê-lo, pois a obra é uma grande empreitada, que “exige muito mais que um grande conhecimento de arquitetura”. De fato, Mauro Ferreira, escritor também de crônicas e outros gêneros literários; batalhador pela preservação da memória e da história da cidade, consegue presentear-nos - a todos nós que amamos Franca – com uma obra que ficará, creio eu, nos anais da nossa história.
Diz o professor Agnaldo que o livro é para ser lido diversas vezes e com múltiplos interesses: ”na busca de conhecimento e informações específicas, por nostalgia, movido pelo espírito crítico, por curiosidade histórica, e não menos importante, para contemplar as belas ilustrações de Atalie Rodrigues Alves.
São seis capítulos abordando cronologicamente a trajetória de Franca. Vamos elencá-los, fazendo um diminuto comentário sobre cada um, com o intuito de partilhar com o leitor algo do muito que a obra apresenta.
1. O começo da cidade no caminho do Sertão de Goyazes – Vale ressaltar a forma poética utilizada pelo autor ao falar desse início: ”um amontoado de casinhas perdidas na imensidão do Bello Sertam da Estrada dos Goyazes”.
2. A cidade do café – Traz muitas informações que, conhecidas, podem nos tornar mais conscientes do espaço que ocupamos, como por exemplo a de que uma pequena vila de casa operárias para aluguel foi construída em 1948 no centro da cidade. Hoje a atual Casa da Cultura está ali sediada.
3. A cidade moderna – Enfoca enfaticamente as décadas de 1950 e 1960 e a nova arquitetura na cidade que se industrializa.
4. O primeiro plano diretor: plano que se realiza e a cidade que se transforma – Rememora que, nessa época, com a urbanização e a abertura de novos espaços para loteamento a área da cidade existente é quase duplicada.
5. Expansão territorial: a cultura dos shopping centers e o patrimônio cultural – Apresenta, como o título já sugere, as vantagens e os problemas que esse tipo de urbanização carrega. Traz o questionamento sobre o caminho pós pandemia e a necessidade de se observar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável – ODS das Nações Unidas.
6. Tendências recentes – Fecha o trabalho apontando a expansão horizontal e vertical da cidade, o aumento da população que, de 1980 a 2019 , mais que dobrou, as iniciativas adotadas com relação à habitação e à urbanização e termina apresentando o Projeto da unidade do SESC na cidade, prevista para ser concluída em 2022 e considerada “ a mais complexa e ambiciosa obra de arquitetura construída na cidade até hoje”.
Se o autor do prefácio considerou desafiador fazê-lo, tecer um comentário sobre a obra não o foi menos. Fica a esperança de que o leitor, com sua leitura singular, dê os créditos necessários a essa contribuição valiosa para a história, a memória e a arte de Franca.
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