ENTRE OS MAIS CAROS

ANP aponta Franca como 4ª gasolina mais cara do Estado; Sincopetro contesta pesquisa

Por Higor Goulart | da Redação
| Tempo de leitura: 4 min
Higor Goulart/GCN
Preço dos combustíveis em posto francano, nessa sexta-feira, 21
Preço dos combustíveis em posto francano, nessa sexta-feira, 21
O preço do combustível se tornou um verdadeiro pesadelo para todos os brasileiros. Mas, em Franca, a dor de cabeça com os valores da gasolina parece ser maior que em algumas outras cidades. Em todo o Estado de São Paulo, a cidade francana tem a quarta gasolina comum mais cara, custando, em média, R$ 6,77. Apenas Itanhaém (R$ 6,93), Cubatão (R$ 6,82), e Presidente Venceslau (R$ 6,79) têm valores mais altos. 
 
Entre cidades de médio e grande porte (mais de 300 mil habitantes), a gasolina em Franca é a mais cara de São Paulo. Cidades do mesmo porte, como Bauru e Araraquara, por exemplo, estão com preço médio de R$ 6,67 e R$ 6,74, respectivamente. Outras cidades, como Ribeirão Preto e São José do Rio Preto, também apresentam preços mais em conta, com o combustível custando, em média, R$ 6,69 e R$ 6,59, respectivamente.
 
Os dados fazem parte do último levantamento da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), entre os dias 7 e 13 de novembro. Durante o período, 22 dos 101 postos de combustíveis da cidade tiveram seus valores levantados na cidade, para chegar à média. O valor mais barato encontrado em Franca foi de R$ 6,75, enquanto o mais caro foi de R$ 6,79.
 
Para o presidente regional do Sincopetro (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo), Marco Antônio do Nascimento, a pesquisa da ANP, principalmente em Franca, é falha. O motivo: a baixa quantidade de postos pesquisados e regionalização da pesquisa.

“É possível observar que foi feito um levantamento em 22 postos. Franca, hoje, tem 101 postos de combustível em funcionamento. Dá uma faixa de 20%. Além disso, eles fazem a pesquisa em postos mais centralizados. Eles deveriam abranger pelo menos 60% e pegar vários pontos da cidade, da zona Sul até a zona Norte. Isso não é feito”, disse Marco. 
 
Marco reforça que, caso o levantamento fosse feito em mais estabelecimentos, Franca não estaria encabeçando a lista dos preços mais altos do Estado. “Com certeza, diminuiria o valor médio do nosso combustível, se a pesquisa fosse feita em mais postos. Já que teriam que pegar várias variações de preço, que é onde derrubaria o preço médio. Isso impactaria no valor final do levantamento feito pela ANP.”
 
Além dessa questão dos critérios da ANP, Marco também justifica os altos valores, se comparados a outras cidades, à questão da localização de Franca em São Paulo. “O combustível vem lá do litoral de São Paulo, na cidade de São Sebastião, que é onde estão as refinarias. Depois, ele passa por Paulínia e é distribuído e para as bases regionais. A nossa é em Ribeirão Preto. Chega em Ribeirão, eles distribuem para as cidades da região via transporte rodoviário. Devido ao frete, nosso combustível sai ainda R$ 0,10 mais caro.”
 
Levando em consideração esse custo citado por Marco, caso Franca tivesse uma base e esse gasto com o frete fosse decrescido, o preço em Franca se equiparia ao de Ribeirão Preto, por exemplo. 
 
Procon
Com a alta diferença entre o valor final praticado em Franca e em outras cidades de São Paulo, levantam-se as dúvidas se é possível reclamar ou não no Procon. A resposta: não. Pelo menos é o que explica o diretor regional do Procon/Franca, Luís Murari.
“Não é possível registrar uma queixa comparando os preços daqui com cidades vizinhas. Isso é muito relativo, por conta do frete. Uma coisa é eu trazer o combustível de Paulínia para Franca e outra é levar para Ribeirão Preto. Quanto mais distante, mais caro vai ficar”, explica Murari. 
 
Mas, caso reclamações frequentes comecem a chegar ao Procon/Franca sobre determinado assunto, Murari diz que um encaminhamento pode, sim, ser direcionado aos órgãos competentes. “Toda vez que o Procon começa a receber denúncias frequentes de determinado estabelecimento, nós podemos, sim, fazer um encaminhamento ao Procon-SP ou para o Ministério Público, para sabermos se está existindo má-fé.”
 
Franca, no entanto, até hoje não registrou nenhuma reclamação sobre o preço dos combustíveis. 
 
Qualidade do combustível 
Apesar dos altos valores para se abastecer em Franca, o presidente do Sincopetro afirma que o consumidor final não terá problemas com a qualidade da gasolina na cidade. Segundo ele, os postos de Franca são constantemente avaliados e nunca casos de combustível adulterado foram registrados. 
 
“Em Franca, o consumidor não tem problema com combustível adulterado. Nós somos muito fiscalizados por vários órgãos. ANP, Cetesb, Ibama, Sabesp, Inmetro. Então, são órgãos que nos fiscalizam e você pode ver que não tem fatos geradores na nossa cidade que mostram isso. Não temos consumidores reclamando de adulteração no combustível”, afirma Marco. 
 
Para comparar casos estaduais, Marco cita até a questão da bomba baixa, que é fazer o consumidor levar uma quantidade menor do que foi paga. Segundo ele, no Estado todo existem casos, mas em Franca não.
“Tem a questão da bomba baixa, que aflige o Estado de São Paulo inteiro. A bomba baixa é quando o consumidor, em vez de levar 20 litros, ele leva 19 para sua casa. A bomba, na hora da aferição dela, em vez de marcar um litro, sai 900 ml. E o Inmetro fiscaliza. Mas, na nossa cidade, nunca houve um caso registrado em Franca”, finalizou.

Fale com o GCN/Sampi!
Tem alguma sugestão de pauta ou quer apontar uma correção?
Clique aqui e fale com nossos repórteres.

Comentários

Comentários