“A única coisa que separa um homem do que ele quer da vida normalmente é
simplesmente a vontade de tentar aquilo e a fé para acreditar que aquilo é possível”
Richard Devos, empreendedor americano
Sempre que tive a chance – e a sorte – de visitar Nova Iorque, aproveitei para acrescentar ao roteiro fundamental de qualquer turista, que certamente inclui Central Park, Metropolitan Museum, Empire State e Lincoln Center, alguns endereços menos conhecidos.
Entre eles, três se repetiram algumas vezes. A oitava avenida, na altura do número 620, onde fica o gigantesco prédio do jornal The New York Times, um colosso de alumínio e aço que impressiona e é um dos mais altos edifícios dos Estados Unidos; o Rockefeller Center, onde está o estúdio da NBC, uma das maiores redes de TV americanas, e que se abre, envidraçado, para a praça; e pertinho dali e da catedral de St. Patrick, no cruzamento da rua 48 com Avenida das Américas, onde outro impressionante edifício, sede da revista Time, até hoje a maior e mais respeitada do mundo, estava situado.
Como jornalista, sempre me encantou ver o movimento nestes prédios, o entra e sai de gente. Invariavelmente, ficava pensando em quantas notícias relevantes, impactantes, decisivas, no número de coberturas dramáticas e históricas que tinham saído ao longo de décadas daquelas redações, resultado direto do trabalho de grandes repórteres, da avaliação criteriosa de míticos editores. E como tudo isso tinha impactado o mundo.
O prédio do The New York Times e os estúdios da NBC continuam nos mesmos lugares. Mas a sede da revista Time foi transferida para o Sul de Manhattan, algumas dezenas de quadras abaixo de onde permaneceu por décadas. Está agora no número 225 da Liberty Street, perto de Wall Street e praticamente ao lado do Marco Zero, onde ficavam as torres gêmeas do World Trade Center.
Na manhã da última quarta-feira, 16 de setembro, saiu dali a notícia que todos os poderosos do mundo esperam ansiosos para ver e que trouxe uma surpresa que francano nenhum podia imaginar. Como faz anualmente desde 2004, a revista Time divulgou “a lista”. Não se tratava de uma matéria sobre os 100 mais ricos, nem dos 100 maiores políticos, muito menos dos 100 melhores esportistas. Também não era hora de “A pessoa do ano” (Person of the Year), outro momento que todo mundo que faz história espera para conhecer quem foi o escolhido – quase sempre, torcendo para ter sido o eleito.
Naquela manhã de quarta, a revista Time anunciava quem eram, na opinião de seus jornalistas e editores, as 100 pessoas mais influentes do mundo (The 100’s most influential people of the world), o grupo de pessoas cujas palavras e ações mais impactam a vida de bilhões no planeta. Exatamente por isso, é hoje a lista que mais prestígio e orgulho traz aos seus membros. Não se trata apenas de quem você é, mas de como você impacta o mundo no seu tempo. Não sem razão, tão logo é divulgada, editores da revista Time se desdobram em entrevistas para explicar suas escolhas e detalhar os perfis dos selecionados. A repercussão, global, é imediata.
Como de hábito, faziam parte do grupo deste ano o presidente dos Estados Unidos, membros da realeza europeia, empresários multibilionários, artistas, esportistas, cientistas, escritores. Mas, surpreendentemente, também estava nela a empresária Luíza Helena Trajano, presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza. Não há outro brasileiro na lista. Nem homem, nem mulher. Só Luiza Helena. A única. É um feito e tanto mesmo para quem, como ela, está acostumada aos superlativos, a quebrar barreiras, a ignorar limites.
Luiza Helena faz parte de muitos “clubes” seletos. Sob sua liderança, o Magazine se tornou uma das 500 maiores empresas do Brasil, depois uma das 100, por fim uma das 50. Converteu-se também numa das maiores empregadoras. Viu seu patrimônio crescer do padrão dos ricos para milionários, depois multimilionários, bilionários e, por fim, multibilionários, o que fez dela uma das 10 maiores fortunas do país. Há anos o Magazine faz parte do grupo de melhores empresas para se trabalhar e Luiza Helena já foi considerada uma das melhores executivas do planeta. Tudo isso é muito, muito relevante na mesma medida em que é difícil de ser alcançado. Ainda assim, nada disso se compara ao simbolismo de estar no grupo das 100 pessoas mais influentes do mundo, gente cuja força das palavras ou das ações impacta a vida de milhões – para o bem, ou para o mal.
De acordo com os jornalistas da Time, Luiza Helena Trajano foi incluída na lista não por conta dos bilhões de dólares de seu patrimônio, nem pela estratégia absolutamente vencedora e inovadora que usou para transformar o Magazine Luiza numa gigante.
Luizinha, como carinhosamente os francanos se referem a ela, está lá, sobretudo, por seu trabalho no grupo suprapartidário “Mulheres do Brasil”, que criou, e por seu protagonismo à frente da iniciativa “Unidos pela Vacina”, que desde o início da pandemia posicionou-se, de forma clara e direta, sobre a necessidade de imunização em massa da população.
O melhor meio de dimensionar quão relevante e cheia de significados é a escolha de Luiza Helena para integrar o grupo de pessoas mais influentes do mundo é observar quem não faz parte da lista. Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da França, Emanuel Macron, ficaram de fora. O fundador da Amazon e homem mais rico do mundo, Jeff Bezos, também. Os músicos Jay Z, Alicia Keys e U2 não fazem parte neste ano. Lionel Messi, Neymar ou Cristiano Ronaldo também não foram incluídos, apesar da paixão que despertam mundo afora. O chefe do Executivo brasileiro, Jair Bolsonaro, que já fez parte da lista, ficou de fora.
Tenho pensado muito, desde que vi a notícia logo no início da manhã de quarta-feira, 16, em como deve ter sido a reunião que fechou a lista final da Time. Imagino os argumentos dos editores diante das centenas de biografias e perfis que analisaram, avaliando as ações de cada um dos pré-selecionados – e porque deveriam ser incluídos na lista final ou deixados de lado. Nesta disputa de gigantes, Luiza Helena levou a melhor. É bom que se diga sempre, não sem razão ou méritos. Ela foi escolhida porque é, de fato, uma das vozes mais influentes desta geração.
Tradicionalmente, a revista Time celebra a lista com um baile de gala no Metropolitan Museum, um daqueles eventos onde se chega de limousine, desfila-se para uma multidão de fotógrafos e onde se sentam à mesa as pessoas mais importantes do mundo. Infelizmente, por conta da pandemia do coronavírus, não haverá baile este ano.
Seria inacreditável ver as imagens de Luiza Helena ao lado do presidente americano Joe Biden; do ex Donald Trump; do líder chinês, Xi Jiping; da roteirista Shonda Rimes; da ginasta Simone Biles, das atrizes Kate Winslet e Scarlet Johnsson; e dos visionários Elon Musk, da Tesla e SpaceX, e Tim Cook, da Apple – todos eles, como Luiza Helena, membros da lista das 100 pessoas mais influentes do mundo em 2021.
Não tem problema. Ano que vem tem mais. Por tudo que fez, pelo que continua fazendo e pelo muito que ainda há de fazer, não há razão alguma para duvidar que nos próximos anos Luiza Helena Trajano há de continuar a ser considerada uma das vozes mais importantes e influentes do mundo no seu tempo.
PS: neste Brasil dividido e combalido pelas mentiras disseminadas, bastou o fato do ex-presidente Lula ter sido o escolhido, pela Time, para escrever o perfil de Luiza Helena Trajano, para que radicais extremistas de direita começassem a atacar a empresária e tentar, inutilmente, desacreditar a lista ou a revista, subitamente tachada de “comunista”. Nem é preciso rebater tais argumentos com muita força, de tão toscos que são. Basta recordar que quando Jair Bolsonaro foi incluído na lista dos 100 mais influentes, sobraram elogios partidos deste mesmo grupelho, inclusive dos filhos, para a revista. Era, segundo bradavam, o reconhecimento da “força” do capitão. A revista é a mesma. A lista é mesma. A única diferença, por razões que prescindem de explicações, é que Jair não está mais lá.
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