Histórias de um cirurgião

Por Zelita Verzola | Especial para o GCN
| Tempo de leitura: 2 min

É o título do livro do Dr. José Carlos Vaz, membro da Academia Francana de Letras, cirurgião conhecido e respeitado em Franca, região e mais além. Ele nos diz que um dos seus mestres falava que “cirurgião tem que ter lombo grosso”, aludindo à tenacidade que se exige desse profissional. Acontece que o nosso Dr. José Carlos teve que ter essa resistência e ao mesmo tempo manter sua alma poética. Resultado: às vezes dolorosa ambivalência, às vezes voos líricos, filosóficos de imensa beleza. E tudo isso numa paleta onde couberam reflexão, humor, alegria, medo, tristeza, dor, indignação e autoconhecimento.

O livro consta de cinquenta e seis crônicas autobiográficas dispostas numa linha cronológica. Arriscaria dizer que se trata de uma autobiografia em forma de crônicas. Assim como já disseram Jane Mahalem em seu artigo e a professora Lúcia Figueiredo no prefácio, a obra comporta duas leituras: a da ordem estabelecida e qualquer outra preferida pelo leitor.

A linguagem é fluida, daquele tipo que não se tem vontade de parar de ler. O título de cada texto é apresentado na letra manuscrita do médico escritor. Isso cria uma sensação de proximidade. Paradoxalmente porém, o estilo narrativo tenta manter um certo distanciamento, lembrando a fotografia ou a filmagem. Com a narrativa acontecendo sempre na primeira pessoa, toda essa composição toma uma forma bastante peculiar.

Como ressalta Dadá Arruda na contracapa, o autor mostra-nos “singularidades da vida de médico”. Isso mais o humaniza como também pode mais humanizar quem o lê.

Vale salientar que mesmo com o teor autobiográfico e o ponto de vista sendo o do cirurgião, os relatos trazem uma gama de personagens e cenários que remetem a uma seleção bastante elaborada e perspicaz. No dizer de Ruth Becker, essa variedade amalgamada é algo que “só o consegue quem realmente sabe entrelaçar as tramas na tessitura de um texto”.

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