PERIGO NAS RUAS

Ataque de rottweiler que matou idoso expõe riscos de cães agressivos

Por N. Fradique | da Redação
| Tempo de leitura: 4 min
Hulk, o rottweiler que matou um idoso, segue no canil e será encaminhado para adoção
Hulk, o rottweiler que matou um idoso, segue no canil e será encaminhado para adoção
Após o ataque de um rottweiler que resultou na morte de um idoso na semana passada, em Franca, a discussão sobre as raças mais agressivas de cães ganhou novo fôlego. O cão responsável pelo ataque era um rottweiler, considerada a segunda raça mais perigosa e brava, atrás apenas do pitbull. Não é à toa que no Canil Municipal há sempre cachorros dessa raça apreendidos com histórico de ataques de fúria contra pessoas - algumas vezes, seus próprios donos.
 
Hulk, como é chamado o cão que matou o idoso, chama à atenção no Canil por seu tamanho e pelos brilhantes, sugerindo que era bem tratado pelo dono, provavelmente morador no condomínio Nova Floresta, na rodovia João Traficante, que liga Franca a Ibiraci, onde ocorreu o ataque. Já um pitbull de tamanho menor, mas de presença igualmente intimidadora e que também se encontra no Canil, foi encontrado em uma via pública, amarrado em um poste.
 
Nos dois casos, os donos dos cães não foram encontrados. “O rottweiler que atacou o idoso vem recebendo todos os cuidados que o animal necessita e está sob observação. Ele está passando por ressocialização e depois será colocado para adoção, juntamente com outros 18 cachorros e mais dois gatos. A gente faz a recolha desses animais agressivos com o apoio do Corpo de Bombeiros. Já a recolha voluntaria não está ocorrendo na cidade. Estamos capturando apenas animais de grande porte”, explicou Eduardo Garcia, gerente do Canil Municipal de Franca.
 
Apesar de algumas raças de cães serem taxadas como violentas e traiçoeiras, o adestrador Everton Jesse Lopes dos Santos diz que, geralmente, quando um cachorro ataca uma pessoa é porque se sente ameaçado ou acuado. “Todo animal tem o instinto de atacar quando é acuado. É uma forma de defesa. Todos os cachorros são fáceis de adestrar e obedecem a uma voz de comando. O dobermann, por exemplo, é mais complicado devido a sua genética. O pitbull é tranquilo”, disse. “Quando uma pessoa se deparar com um cão (agressivo), manter a calma é fundamental. O corpo humano exala um odor quando a pessoa está com medo e o cachorro sente isso. Quando o cão é maltratado e acuado, seu instinto é atacar”, explica o adestrador.
 
Pitbull
Os casos de ataques de pitbulls são mais frequentes. Um caso que marcou a cidade ocorreu em 2009, na vila Aparecida, quando um cão dessa raça atacou três mulheres - uma delas, a própria dona. Descontrolado, o animal só parou ao ser morto por um homem que o atingiu com várias telhadas na cabeça. Uma das vítimas teve o rosto completamente desfigurado por causa das mordidas do animal.
 
Recentemente, o ex-goleiro da Francana Nelson Martins, o “Mamão”, também sofreu com a fúria de um pitbull que o atacou subitamente. Mamão precisou lutar muito para se desvencilhar do cachorro que estraçalhava seu pé. “Esse pitbull era do meu filho, criado aqui no quintal de casa. Passei um sufoco danado. Foi muito difícil, passei um pedaço terrível, eu e minha esposa. Ele quase me matou”, relembra.
 
Legislação
A vereadora e protetora de animais Lindsay Cardoso (Cidadania) diz que os cães atacam geralmente para defender seu território, mas lembra que eles também agem por instinto. “A motivação em geral para eles morderem é o medo. Alguns também podem ser mais territoriais, o que pode se transformar em uma agressão se estiverem guardando algo importante para eles. Também pode ser a criação, se há histórico de agressividade com esse animal, se já sofreu algum trauma... Precisamos entender que os cães agem por instinto e, por isso, é importante saber o limite do animal, ter uma posse responsável e estabelecer comportamentos”, explica.
 
Chipagem
A microchipagem de animais seria uma das soluções para responsabilizar seus proprietários, principalmente dos envolvidos em acidentes que causam prejuízos ou até resultam na morte de pessoas.
 
Em 2019, foi aprovado um Projeto de Lei para microchipagem de animais de grande porte, do então vereador Correa Neves Jr. Pela lei de Corrêa, animais de grande porte como cavalos ou vacas aprendidos em vias públicas só podem ser retirados do canil por seus proprietários depois de serem chipados. O custo é do proprietário. "É um projeto muito bem pensado e que traz segurança. Numa segunda apreensão ou se o animal se envolver em algum acidente, é possível identificar e responsabilizar o seu dono", diz. "Antes, se havia um acidente com um cavalo, por exemplo, por razões óbvias o dono nunca aparecia para dizer que era o responsável. Com a lei que aprovamos, isso muda. Mas é preciso que a instalação dos chips ganhe escala", cobra Corrêa Neves Jr.
 
A vereadora Lindsay Cardoso apresentou recentemente Projeto de Lei que propõe microchipar animais de pequeno porte. “Acredito que se tivermos os animais microchipados saberíamos quem é o dono. Isso ajuda não só a penalizar quem não for responsável como também a lidar melhor com esse tipo de situação”, defende a protetora.

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