Um caso de ciúmes, inveja e crueldade. Estes são os ingredientes principais de uma trama que terminou com o assassinato da jovem Núbia Ribeiro Duarte, aos 21 anos. Com requintes de crueldade, o crime, que chocou toda a cidade, aconteceu em setembro de 2017.
A estudante de direito Lauany Viodres do Prado, seu então namorado, o auxiliar de mecânico Leonardo Cantieri, e um amigo do casal Ítalo Vinicius Neves são os acusados de matar a empresária na noite do dia 24 de setembro. O trio está preso há três anos e será julgado no próximo dia 10 de dezembro.
Tudo começou quando Lauany, que tinha um histórico de idas e vindas com Leonardo, teria descoberto que Núbia teve um breve relacionamento com Leonardo, em abril daquele ano, período em que a estudante e o auxiliar de mecânico estavam separados.
Meses depois, mais precisamente em julho, quando se reconciliaram, a estudante viu uma troca de mensagens e teve uma crise de ciúmes. Com o seu jeito ciumento e controlador, segundo testemunhas, a acusada teria ido até o brechó de Núbia, no Jardim Brasilândia, onde as duas tiveram uma discussão por causa do mecânico.
Segundo o testemunho da amiga de Lauany, Letícia Gomes, que estava no brechó, no momento da discussão, na ocasião, Lauany chegou a agredir o namorado. O que teria motivado a ira da jovem seria a descoberta que Núbia e Leonardo tiveram uma relação mais profunda e íntima.
Nesta briga, o casal decidiu pôr um fim no relacionamento, o que durou muito pouco, já que em dois dias eles reataram e foram morar juntos em um apartamento no Jardim Esmeralda, em Franca.
Com um relacionamento tóxico e abusivo, recheado de discussões, de acordo com os depoimentos, na noite de sexta-feira, 22 de setembro, o casal novamente brigou após Lauany, não deixar o jovem sair para beber com os amigos. Nessa discussão, segundo o testemunho de Leonardo, a jovem o ofendeu dizendo que “ela que pagava o aluguel e que ele teria que arrumar um emprego”.
Na manhã do sábado 23, Lauany saiu de casa e, nesse momento, sozinho, Leonardo mandou uma solicitação de amizade para Núbia, em uma rede social. À noite, a estudante voltou para casa e, na manhã de domingo (dia do crime), mesmo brigados, o casal vai até a chácara da avó de Lauany para almoçarem. Quando retornavam para casa, a estudante percebeu que a solicitação de amizade enviada há dois dias é aceita, e se inicia mais uma briga do casal.
Nessa briga, na tarde de domingo, é tramado o fim da jovem Núbia.
O crime
Ao ler uma troca de mensagens entre Núbia e Leonardo, a estudante teria ficado com raiva, mas foi calculista. Ela pede que Leonardo marque um encontro com a outra jovem pelo celular. O que é feito. É o que apontam o Ministério Público e a Polícia Civil.
Nas trocas de mensagens entre Lauany e Leonardo, a jovem questiona o porquê de ele querer encontrá-la. O jovem afirma que seria “só um lanche”.
Nesse meio tempo, Núbia estava com uma amiga em um bar, mas desistiram de ficar no local, então a jovem deixou a amiga em casa e foi até uma lanchonete. Depois, a comerciante seguiu sozinha para o encontro com Leonardo. Ela chega a enviar um áudio à amiga, onde relata receio de estar com o jovem. Ela também manda a conversa deles.
“Vou passar lá no… pra ver o que ele quer, amiga, pra ver o que ele quer conversar”, áudio enviado à amiga.
Após mandar o áudio para a amiga, Núbia vai ao encontro de Leonardo em seu carro. Segundo o Ministério Público, ela se encontra com ele perto de um depósito de bebidas na rua Francisco Marques e, em seguida, vão até o apartamento dele. Ao chegar perto do apartamento de Leonardo, Núbia sai de seu veículo, um Honda Civic, e entra no Gol do rapaz.
Para o MP, Lauany estaria escondida no porta-malas do Gol e, próximo ao acesso à rodovia Fábio Talarico, ela se levantou e se sentou atrás de Núbia, momento em que as duas discutiram.
Ainda segundo a acusação, após a discussão no veículo, Núbia é agredida por Lauany com uma faca. Mesmo desfalecida, é levada com vida até a casa de Ítalo, que os aguardava.
O rapaz, então, levou o corpo da jovem até uma área rural de Patrocínio Paulista, onde ela foi agredida mais uma vez e, em seguida, atearam fogo nela. O laudo da necropsia apontou que Núbia foi queimada viva.
Ao retornarem para a cidade, Ítalo entregou o automóvel para Leonardo e entrou no carro de Núbia. Ele abandonaria o carro próximo a uma estrada que dá acesso a Ribeirão Corrente. Lauany e Leonardo o seguiam a todo momento.
O corpo de Núbia só foi encontrado no dia seguinte, após Ítalo se apresentar à Polícia Civil e informar local. Desde o primeiro momento de sua prisão, Ítalo apontou o casal na participação do crime.
Cantieri e Viodres foram presos na manhã da quinta-feira, 28 de setembro de 2017, após se apresentarem à sede da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Franca.
O casal e Ítalo permanecem presos acusados do crime.
Júri marcado
Agora, mais de três anos depois do crime, o trio Lauany Viodres do Prado, Leonardo Gonçalves Cantieri e Ítalo Vinicius Neves será julgado em júri popular em Franca, na próxima quinta-feira, dia 10 de dezembro.
O julgamento começará às 9 horas no Fórum da Comarca de Franca, na avenida Presidente Vargas, Jardim Petráglia. Os três réus foram denunciados por homicídio triplamente qualificado, por meio cruel, motivo fútil e sem chance de defesa à vítima, além de ocultação de cadáver.
Devido à pandemia do coronavírus, a entrada no Tribunal do Júri será limitada a 50 pessoas.
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