Oito dias e a série The Crown, sucesso da Netflix, apresentará sua quarta temporada. As três anteriores já praticamente foram revistas, para minha atualização. Falta pouco. Familiares e amigos acham, no mínimo, curioso meu interesse pela Família Real inglesa. Tento explicar, mas diante do sarcasmo e críticas ácidas, prefiro continuar minhas leituras, pesquisas e manter distância de reprovações, mesmo que veladas. O interesse começou há muito tempo. Lembro-me que minha mãe me acompanhou para que eu visse no cinema o documentário sobre a coroação da rainha Elizabeth, que os jornais trouxeram muito antes e me fascinaram. As cenas - reproduzidas na série daquele momento - eu as vi em branco e preto na telona do cinema e nas revistas da época. A figura e imagem da rainha me acompanham há anos. E o meu respeito por ela só aumenta.
Na verdade, a primeira mulher da realeza que me intrigou foi Elizabeth I. Forte, arrojada, corajosa. Solteira por convicção, teve suas paixões, mas conservou intacto seu amor pela Inglaterra, mesmo ao longo de traições, guerras e beligerâncias. A Rainha Virgem ou Isabel I ou Elizabeth I era filha de Henrique VII e Ana Bolena. Ilegítima, declarou o papa. Virgem, decidiu ela: nunca se casou. Entre seus grandes feitos, a derrota da Invencível Armada espanhola, uma das maiores vitórias militares da história inglesa. Durante seu reinado, promoveu tanto o florescimento da dramaturgia inglesa liderada por Shakespeare e Marlowe, quanto o reconhecimento da coragem inglesa, na figura de Francis Drake. A segunda mulher da realeza inglesa que reverencio é a Rainha Victoria. Busquei anos pistas da literatura, do cinema e do teatro para traçar o perfil daquela que acho, inovou, corajosamente, o caminho da Mulher nos quatro cantos do mundo, ao acumular as tarefas da realeza, da maternidade, da política, sem temor. Impôs-se. Ficou viúva muito cedo e cumpriu brilhantemente seu papel. Dizem, em todas as famílias reais europeias há algum descendente da rainha Victoria, mãe de seis filhos, avó de vinte netos e vinte e duas netas, bisavó de oitenta e sete bisnetos que se espalharam pelo continente. Vi Elizabeth II ser coroada, acompanhei seu drama conjugal e os pitis de Margareth, que me pareceu sempre invejosa da irmã, sem noção diante dos problemas e ávida por holofotes e notoriedade. Aliás, nunca entendi porque ela desistiu de Peter Townsend. Bastava ter renunciado ao título e às benesses a que fazia jus como princesa. Já tinha o exemplo do tio que abdicou do trono e do título de rei por amor, o que ela perderia sendo apenas a mulher do capitão?
Passou o tempo, veio o casamento do príncipe Phillip com Diana, reverenciada pelo mundo e vítima do desprezo que ela jamais superou pois, afinal, sonhava ser rainha da Inglaterra, acho. Em seguida, o escândalo do relacionamento dele com Camilla, que eu considero a mulher mais amada da história universal. Há algum tempo, entrei no Palácio de Buckingham. Andei pelos corredores que a própria rainha percorre, entrei nas salas mais imponentes e importantes do prédio, cada uma delas apresentada em diferentes cenas da série ou em cenas dos filmes sobre a realeza britânica. Vi a entrada do palácio usada para entrada de ministros e autoridades e a outra, onde está estacionado o Rolls Royce grená, o carro oficial de Elizabeth II. Fiquei emocionada, confesso. Acompanhar esses lugares pelas cenas da série é fantástico.
Rever o que falta das temporadas anteriores do The Crown. Depois é tomar banho, passar perfume, sentar na sala solenemente e aguardar a sequência das cenas da história que as gerações dos meus filhos e netos também acompanharam. Vale lembrar que o paulistano Adriano Goldman foi diretor de fotografia de parte da série, e que Peter Morgan, argumentista e dramaturgo britânico, conhecido por escrever dramas históricos como o filme The Queen, com Helen Mirren, é o criador da série. Estou ansiosíssima!
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