Resiliência

Frágil embora resiliente; forte embora suscetível a quedas; perfeita ainda que instável; defeituosa ainda que bela; perigosa, audaciosa, incerta e temerária, essa máquina perfeita – no seu funcionamento - chamada Ser Humano, quiçá feita à imagem e semelhança do Divino, eventualmente sofre abalos, mas se mantém íntegra, no topo do reino animal.

Por Lúcia Brigagão | 05/09/2020 | Tempo de leitura: 3 min
da Redação

Frágil embora resiliente; forte embora suscetível a quedas; perfeita ainda que instável; defeituosa ainda que bela; perigosa, audaciosa, incerta e temerária, essa máquina perfeita – no seu funcionamento -  chamada Ser Humano, quiçá feita à imagem e semelhança do Divino, eventualmente sofre abalos, mas se mantém íntegra, no topo do reino animal. Aos trancos e barrancos, se mantém também na superfície da Terra na luta pela sobrevivência.  A história da humanidade está marcada por doenças que atingiram sociedades em diferentes períodos, dizimaram muitas pessoas, e arrasaram sociedades. No entanto elas mesmas são responsáveis pela   mobilização de estudiosos que provocaram tanto transformações significativas como igualmente realizaram descobertas responsáveis pelo desenvolvimento científico.  Tais estudos, muitas vezes, solucionaram incógnitas que garantiram – e garantem ainda – sobrevivência e conforto humanos. Tudo indica que, neste início do século XXI estejamos presenciando, mais uma vez, uma dessas situações caóticas, que podem representar e causar no futuro profundas mudanças no conhecimento científico e no comportamento humano.

Varíola, Sarampo, Tifo, Febre Tifoide, Febre Amarela, Cólera, Aids, Ebola, Peste Bubônica (Peste Negra), além de diferentes tipos de gripe como as chamadas Espanhola, Suína - H1N1 ou gripe A, mais a Tuberculose  são algumas das doenças que marcaram tragicamente a história do nosso desenvolvimento e que mais brutalmente nos atingiram. E ainda atingem. A doença infecciosa responsável pelo tormento humano da atualidade é a causada pelo recém-descoberto Coronavírus (Covid-19).  Devastadora, inclemente, misteriosa e contraditória faz vítimas de todas as idades, compleições físicas, condições sociais, não respeita sexo ou ideologia, credo ou localização geográfica. Essa trágica doença não é considerada surto: não houve aumento inesperado de casos da doença em uma região específica. A dengue é um surto, o Covid -19, não. Não é epidemia, por definição - a ocorrência simultânea de surtos em várias regiões. É pandemia mesmo: epidemia que se estende a níveis mundiais, espalhada a várias regiões do Planeta. Em 11 de março de 2020 último, o Covid 19 passou de epidemia para pandemia. E provocou mudanças drásticas no comportamento humano.

Ao longo da história a humanidade sofreu baques, baixas e ferimentos no orgulho. Um deles, que mais matou seres humanos e provocou diversas epidemias, foi provocado pela Varíola. Doença infectocontagiosa que provoca lesões na pele do paciente, disseminada por más condições de higiene dos afetados. Foram diversos os surtos mais significativos e estão registrados desde o início do século II d.C. É responsável pela morte de japoneses, romanos, islandeses e índios ao longo do registro de seu aparecimento na história. No ano de 1980, entretanto, foi erradicada, após forte campanha de vacinação. 

A Peste Bubônica, Peste Negra como conhecida entre os europeus, é doença causada por bactérias encontradas em ratos e transmitida ao ser humano ao ter a pele picada por pulgas hóspedes dos animais contaminados.  A Bíblia, no Livro de Samuel, registra doença provocada por ratos que assolou os filisteus.  Durante a Idade Média estima-se que um terço da população europeia tenha morrido por conta da peste bubônica.  Matou mais de 50 milhões de pessoas e provocou transformações profundas e significativas nos aspectos sociais, políticos e econômicos da Europa. Laços de servidão foram enfraquecidos; salários aumentaram, o comércio modificou-se. Por falta de governantes, cidades foram abaixo e ideias acerca da fragilidade humana e do triunfo da morte ganharam consistência.

Atualmente nossos sentidos, olhos e corações estão voltados para o “Vírus Chinês”.  Mas as crises e consequências contabilizadas à Gripe Espanhola (Influenza), Aids, à provocada pelo vírus  Ebola, ao Tifo, à Tuberculose e à Gripe Suína, merecem análise e ponderações, pois são responsáveis,  cada uma,  à sua maneira,  por mortes de multidões de pessoa,  prejuízos morais e materiais das sociedades e pelas transformações dos agrupamentos humanos e relações entre as pessoas.  

“O que aprenderemos quando o Corona Virus for dominado? que mudanças sociais, morais e espirituais  provocará?”  fico me perguntando.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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