Descobertas

11/07/2020 | Tempo de leitura: 4 min

Passatempo bom e eficaz nestes tempos de pandemia tem sido abrir caixas, caixotes, caixinhas, malinhas e malotes guardados e reconhecer seus conteúdos. Mais interesante ainda, descobrir o motivo pelo qual guardei/ acumulei - tanta coisa. Pelo teor dos recortes de jornais e revistas - nacionais e estrangeiros - concluo que meus descendentes não terão trabalho mais tarde na tentativa de delinear minha personalidade, só na manipulação desse farto e eclético material. Acumulei bastante, obedecendo cegamente a preceito herdado de antepassados: “Quem guarda o que não presta, tem o que precisa”. Quando me canso – mexer com o passado é desgastante – familiares afirmam que é o preço que pago pelo esforço no preenchimento de espaços vazios. Que a dificuldade em me desvencilhar dessas lembranças é justa, pois sozinha já ocupei muito mais que três quartos da casa... Maldade deles. Mais recentemente aprendi a guardar o que julgo interessante em pastas no computador. Virtualmente portanto mas, garanto, não será tão divertido - em caso de outra pandemia, credo! abrir as pastas e triar o material arquivado.

Seria fácil descobrir hoje, a origem das Palavras Cruzadas por exemplo. Bastaria pesquisar pelo disponíbilíssimo Google, fonte informativa por excelência, mas o recorte arquivado e descoberto esta semana, é de bem antes de sua popularização. E ambos, conferi, afirmam a mesmíssima coisa: foram inventadas no século IV a.C. Na Itália. Eram chamadas de taberculus, e os antigos romanos tinham de formar palavras cruzando-as de maneira que constituíssem palíndromos – podendo ser lidas tanto na vertical quanto na horizontal, de frente para trás e vice-versa. Muito mais difícil, portanto. Não sei como achavam tempo para fazê-las, pois o passatempo deles era perseguir e matar cristãos o que, como se sabe, era bastante trabalhoso. As inscrições mais antigas desse jogo foram encontradas nas ruínas de Pompéia, destruída no ano 79, pela erupção do Vesúvio. Como foram encontradas ali, nem Goggle, nem meu recorte contam. Mas em 22 de dezembro de 1913, no jornal New York World, na seção Diversão, Arthur Wynne coloca a primeira versão do saudável passatempo à disposição dos leitores. Dez anos depois, a criação de Wynne estava em jornais europeus, além de em todo continente americano.

 

Outra curiosidade, a Origem do Lápis. Essa é do jornal chileno El Mercurio. “En las cajas de lápices guardan sus sueños los niños” – a frase de Ramón Gómez de la Serna abre a matéria assinada por Carolina Edwards, de título “El imprescindible Lápiz”. Diz que a invenção desse fantástico instrumento foi produto da casualidade. Que em 1564, grupo de pastores da Cumbria descobriram enorme mina de grafite. Envolviam a rocha na pele de ovelha e a utilizavam para marcar rebanhos. A descoberta se popularizou e seu uso se espalhou pelo resto da Europa. Em 1662, na Alemanha, fabricava-se nova versão do modelo original, agora com grafite pulverizado. Um século mais tarde dois carpinteiros italianos perceberam que poderiam colocar o grafite dentro de pedaço de madeira. Em seguida, o francês Nicholas Jacques Conté descobriu o método de enrijecimento do grafite pulverizado e o lápis começou a tomar a forma atual. Em 1812 o artesão americano William Munroe cria a primeira fábrica de lápis e, com a ajuda de Ebenezer Wood, automatiza sua produção. Ao invés de patentear a invenção, Wood a compartilhou livremente. A Companhia Eberhard Faber copiou a fórmula e criou a primeira fábrica de lápis em grande escala nos Estados Unidos, pelo que se conclui que esperteza existe há muito tempo. Hoje no mundo – são fabricados impressionantes 50 milhões de lápis por dia. Invenção de uso massivo e popular, que todos nós - mesmo os nascidos já na era do computador – usamos em algum momento de nossas vidas. (Há, no Goggle outra versão da origem do lápis, o que torna difícil afirmar a veracidade do artigo chileno...)

Apenas dois exemplos do resultado do saudável hábito que é armazenar informações curiosas. Possivelmente me surpreenderei ao abrir outras caixas, caixotes, malinhas e malotes identificados como “Era Petista” cujos conteúdos me revelarão, além de escolhas políticas feitas no passado, opiniões tipo “este é governo de farsa montado por Lula há mais de dez anos que rouba, mente, desperdiça, não trabalha, trapaceia, entrega-se a escroques, cobra cada vez mais impostos e fornece serviços públicos vergonhosos.” E de como repercutiu a declaração do mesmo Guru na grande imprensa, de que precisávamos na época da preparação da Copa no Brasil muito mais de estádios, que de hospitais.

 
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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