Comemorações

13/06/2020 | Tempo de leitura: 3 min

Junho é o único mês do ano deverasmente apropriado para sediar o evento Dia dos Namorados. Temperatura gostosa, mas inconstante – ora faz frio, ora chove, ora arrebenta mamona. Noites longas e cheias de estrelas, ventinho que faz as pessoas se aconchegarem.  Desejo de bebida morna, de cobertor macio, de vinho especial, de conversas ao pé do ouvido, de lareira acesa, muitas vezes substituída por fogueira alta. É tempo de aconchego, de olhar, contar e ouvir estrelas. Qualquer entardecer de qualquer dia de qualquer semana, mas neste exato mês,  sugere lago manso no horizonte, montanhas ladeando, música ao longe, ruínas à sombra da Lua Cheia. O romantismo está solto no ar. Santo Antônio, São Pedro e São João quebram a monotonia de todos os meses e seus santos anteriores, oferecendo-nos oportunidades ímpares de diversão, alegria, quentura, comida farta, música alegre e cumplicidade. Alegremo-nos pois, Junho, a todo vapor,  continua espalhando faíscas e alegrias por aí... O Dia dos Namorados, 12 de junho,  foi recentemente descoberto como fonte de renda. Dia dedicado a Santo Antônio era data comemorada sem muito barulho – se não se considerar bombinhas e estouros como tal.  Dedicados quase exclusivamente aos Santos e seus fiéis, tais barulhos pregavam sustos nos incautos e distraídos da data. Os namorados trocavam presentes, jantavam à luz de velas, sem o apelo comercial que ganhou há pouco tempo:  decoração de shopping inteiro, por exemplo, contra algumas vitrines do passado.

Minha recordação mais doce desse dia, porém,  teve como locação pequena cidade da Itália, localizada na Puglia, descoberta por pura acaso e coincidência. Tarde de dia de semana, os habitantes da cidadezinha pareciam dormir o tradicional sonnelino pós pranzo. Ninguém nas ruas, apenas ligeira movimentação vinda de dentro da igrejinha, na praça. Ouvi vozes aumentavam de intensidade à medida em que me aproximava da capela. Entrei, sem convite. Pessoas trabalhavam nos enfeites do altar, dos corredores, como se preparassem o ambiente para algum evento. Decoração farta e original constituída de pães, de todos os formatos, que substituiam as tradicionais flores.  Altares, corredores, mesa do altar, púltpitos exibiam decoração com pães tipo bengala, redondos, pequenos como ciabatta, quadrados, de trigo branco, integral; mais claros, mais escuros. O cheiro dessas iguarias me remeteram ao cheiro tradicional das igrejas enfeitadas com flores e decidi que o atual me era muito mais agradável... Ao me perguntarem o motivo da invasão, expliquei que, desculpa!, havia sido atraída pelo barulho e pelo cheiro. Gentilmente mostraram detalhes da decoração, pude fotografar, me convidaram para a festa da noite, que ia ter procissão, missa e  desfile. Absolutamente tentador, mas agradeci, tinha longo percurso pela frente.  Ainda me arrependo de não ter ficado.

Não sabia, mas Santo Antônio, que também é considerado o Santo Casamenteiro,  foi responsável pelo “Milagre do Tomazinho”, que deu origem à tradição da distribuição do pão bento entre os fiéis, no 13 de Junho, dia dedicado ao santo. Certo dia, diz a lenda, Tomazinho, lindo bebê de vinte meses brincava sozinho, quando sua mãe o procurou e o encontrou afogado em vasilha com água. Desesperada, invocou ajuda de Santo Antônio. Orou e pediu  ao santo que devolvesse a vida ao filho. Prometeu dar aos pobres a quantidade de pão equivalente ao peso do bebê.  O menino milagrosamente despertou, dando origem à tradição. Daí os fiéis fazerem pães e levá-los para serem abençoados na missa e, depois, serem distribuídos a amigos e familiares, em sinal de agradecimento ou forma de pedido especial ao santo. E viva Santo Antônio!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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