Ingredientes
Massa
3 mexericas para o suco
100 gramas de manteiga sem sal
4 ovos
1 xícara (chá) de açúcar
2 xícaras (chá) de farinha de trigo
1 colher (sopa) de fermento em pó
Cobertura
2 mexericas morgote
1 xícara de açúcar
1 ½ xícara de água
Se há uma fruta que aprecio mais que outras por seu desenho, cor, aroma e sabor, é a mexerica. Estamos na época e parece que a safra tem sido boa. De várias espécies as vemos nos varejões, feiras e caminhões estacionados à margem de avenidas. Olho-as e resgato a infância. Criança, costumava saboreá-las ao sol, pois ela amadurece no final do outono e segue até meados do inverno. Chegam com as primeiras ondas de frio.
A graúda poncã tem casca grossa e gomos suculentos. A enredeira é pequenina e exala um cheiro típico, sentido a distância: não deixa ninguém escondido. Temos também outras espécies como mimosa, cravo, manjerica; e sinônimos como mandarina, bergamota e clementina. O Brasil varia também no léxico, conforme a região. A morgote vem aparecendo nos últimos junhos e resulta de cruzamentos. Tem raras sementes, muito caldo, acentuado tom alaranjado e casca bem aderente aos gomos. É o ingrediente de ouro do bolo visto nesta foto. Não conhecia a receita que permite essa aparência sugestiva e a descobri no vídeo de uma brasileira, Francielle Nogueira, assídua no youtube. Ela mora há anos no Canadá, depois de ter passado pelos Estados Unidos acompanhando o marido que começou um doutorado em Michigan e agora o termina numa cidade canadense. No Exterior, ambos tiveram dois filhos, atualmente com três e um ano. Os meninos aparecem nos vídeos, que já têm quase 500 mil seguidores. Eles nos encantam. Um, aprendendo a falar. Outro, a andar. Ambos zanzando na cozinha, olhando a mãe.
É interessante a maneira como Francielle relata sua trajetória difícil em quitinete de campi, depois em pequena casa mobiliada com a ajuda de uma família que retornou ao Brasil. E agora, progressos evidentes, ela expressa sua alegria na ampla cozinha da “casa nova”, como diz, onde produz pratos simples mas com a originalidade que cada cultura enseja. É o caso deste bolo, que tem um tipo de compota na superfície e à primeira vista nos faz indagar como foi possível aquele resultado. É simples, atestamos no passo a passo. Um dos segredos é a fôrma, dessas apropriadas a assar pão. Ela deve ter o fundo forrado com papel manteiga e as laterais untadas com óleo. As rodelas de mexerica, depois de cozidas em calda de açúcar por vinte minutos, são escorridas e colocadas já frias sobre o papel. A massa vai por cima. No forno, permanece uns 40 minutos. Assada, fica fofinha. Quando a superfície doura, está pronto. Então é deixar amornar e desenformar com cuidado. Retira-se a tira de papel manteiga e aí, como diz a Francielli, é hora de ser feliz com a obra de arte culinária. Uma delícia para ser saboreada com uma xícara de chá no fim da tarde. Vamos nessa?
As morgotes custam um pouco mais que as outras- mas valem a pena. Lave, seque, corte em rodelas de meio centímetro. Numa frigideira larga, misture uma xícara e meia de água e uma de açúcar. Mexa, deixe dissolver, coloque as rodelas uma ao lado da outra, sem sobrepor. Leve ao fogo médio por vinte minutos. Quando a calda estiver espessa, está pronto. Enquanto a compota estiver no fogo, prepare a massa. Numa tigela coloque uma xícara de açúcar e 100 gramas de manteiga em ponto de pomada, ou seja, molinha. Mexa com espátula até obter uma pasta homogênea. Troque a espátula por um fouet. Acrescente um a um os ovos, batendo sempre. Quando estiverem incorporados, vá juntando a farinha de trigo aos poucos, intercalando com o suco de mexerica. A massa fica bem bonita, de cor amarelada. Junte por fim o fermento em pó e mexa bem para que ele se integre por completo.
Recorte uma tira de papel manteiga para cobrir o fundo e os dois lados estreitos da forma. Unte de leve a forma para fixar o papel. Usando um pegador, retire as rodelas de mexerica do caldinho formado, escorra e disponha-as a seu gosto no fundo da forma, em cima do papel. Sobre elas, despeje a massa, dê leves batidinhas para liberar o ar e leve ao forno preaquecido, 180 graus. Estará assado entre 30 e 40 minutos. Teste com o palito. Retire do forno e desenforme morno. Descarte o papel manteiga e cubra a superfície com um pouquinho da calda que sobrou na frigideira. Guarde o resto, porque uma calda assim perfumada é preciosa e pode ter muito usos.
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