Vivemos tempos dramáticos. O mundo luta como pode contra a pandemia provocada por um vírus batizado como Covid-19. A cada dia, os números atualizados do avanço da doença mostram que uma solução ainda está distante. Só entre sexta e sábado, e apenas na Itália, 793 pacientes morreram e outros 5 mil foram confirmados com o coronavírus. No Brasil, saíamos das centenas de casos e chegamos aos milhares.
Olhamos para a Itália como quem antecipa o futuro. O que hoje acontece no país de grande parte dos nossos antepassados muito provavelmente é o que vivenciaremos por aqui amanhã. A situação não é melhor na Espanha, na França, em Portugal, nos Estados Unidos. O crescimento do coronavírus se dá em ritmo exponencial – e em escala global.
O que guerras não conseguiram, o vírus fez. Fronteiras estão fechadas em inúmeros países. Continentes isolados. Populações inteiras confinadas em suas casas, angustiadas, sem saber o que esperar, sem ter certeza de que ainda terão emprego e renda num futuro próximo. Bares e restaurantes estão proibidos de abrir em praticamente toda parte. Setores inteiros da economia mundial, como o de eventos, o de turismo e, de modo especial, as companhias aéreas, estão à beira do colapso. Mais de 75 mil vôos diários foram cancelados em todo o mundo. Há hotéis inteiros fechados, por absoluta falta de hóspedes. A situação é a mesma em parques temáricos, em fábricas de automóveis, na indústria calçadista...
Ninguém tem para onde correr. Não há lugar 100% seguro, ainda não há tratamento comprovado nem vacina disponível. Os governos têm tentado reagir, na grande maioria com bom senso, apesar da imbecilidade de um ou outro mandatário, como as falas protagonizadas por Jair Bolsonaro. Nos Estados Unidos, Trump anunciou um pacote de US$ 1 trilhão para ajudar a economia. Na Europa, muitos países já usam fundos de emergência para custear despesas mínimas de seus cidadãos. Por aqui, são diversas medidas em estudo.
Mas, por pior que seja o cenário, é certo que triunfaremos. Esta não é a primeira pandemia que enfrentamos e, certamente, não será a última. Hà cem anos, entre 1918 e 1920, para ficar num único exemplo, sobrevivemos à devastadora gripe espanhola (uma variação da H1N1) e suas tenebrosas consequências. Um quarto da população mundial, então estimada em 2 bilhões de habitantes, foi contaminada. Nada menos de 5% dos habitantes do planeta, ou 100 milhões de pessoas, morreram. Mas como espécie, sobrevivemos.
Não será diferente agora. Tratamentos serão desenvolvidos, uma vacina será descoberta. Mas, neste processo, os impactos e as consequências serão inevitáveis. O mundo, como conhecemos, será transformado. Empresas cujos serviços nos encantam poderão simplesmente desaparecer, numa questão de dias. Prioridades serão revistas. O emprego e as relações de trabaho serão reconfiguradas. O convívio social, também.
Venceremos, certamente, ao final. Mas até lá, haverá ainda muito trabalho. Nada será simples, nem será fácil. Muita coisa vai mudar. Que consigamos percorrer o caminho com o menor custo de vidas possível, ficando mais próximo daquilo que se vê na Alemanha do que dos relatos que chegam da Itália e da China. É um enorme desafio e os próximos dias serão difícilimos. Que fiquemos todos, tanto quanto possível, em casa, sem lotar mercados, sem estocar medicamentos, sem entrar em pânico. Isoladamente unidos, até a vitória.
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