“O medo derrota mais pessoas que qualquer outra coisa no mundo.”
Ralph Waldo Emerso, filósofo e poeta americano
De tempos em tempos a humanidade se depara com um desafio terrível: pragas, dos mais variados tipos, se multiplicam e se espalham, infectando boa parte da população e dizimando um tanto considerável dela.
Foi assim com a peste negra, bactéria comum em ratos e transmitida para o ser humano pela pulga, que entre 1333 e 1351 matou 50 milhões de pessoas na Europa. Com o cólera, vírus transmitido por água ou alimentos, que se instala no intestino, provoca diarreias intensas e matou centenas de milhares entre 1817 e 1824. Com a tuberculose, cujo bacilo de Koch, infectado nos pulmões e altamente contagioso através do ar, dizimou nada menos de 1 bilhão de pessoas entre 1850 e 1950. Com a varíola, transmitida por um vírus igualmente muito contagioso e letal que, entre 1896 e 1980, levou à morte cerca de 300 milhões de pessoas. Tem ainda a gripe espanhola, o tifo, a febre amarela, a malária, o sarampo, a Aids, a Sars, a H1N1... A lista é grande.
A bola da vez é o Covid-19, nome da cepa de um certo coronavírus que infectou centenas de milhares de pessoas, matou quase 3 mil e colocou o mundo em alerta. O mercado financeiro desabou, eventos esportivos e culturais foram cancelados, há regiões isoladas e um crescente sentimento de terror.
Especula-se muito, mas de fato ainda se sabe pouco da atual peste. Nem mesmo como, quando e onde ela teve início são fatos já determinados. Imagina-se que tenha começado em novembro, em Wuhan, no centro da China, provavelmente derivada da contaminação de pessoas por macacos vivos vendidos no mercado de frutos do mar de Huanan. Mas podem ter sido os morcegos a fonte inicial da contaminação. Ou o pengolim, pequeno mamífero cheio de escamas consumido como iguaria afrodisíaca por alguns asiáticos. Apesar de tudo levar a Wuhan, há quem aposte que a primeira contaminação tenha ocorrido longe dali.
O fato é que, passados apenas três meses, o Covid-19 tornou-se global. Chegou ao Brasil, com centenas de casos suspeitos e um confirmado. Pode já estar em Franca, onde uma mulher e um homem que viajaram pela Itália registram sintomas muito parecidos com os da doença. Mas, ainda que as suspeitas não se confirmem, é questão de tempo. Cedo ou mais tarde, o coronavírus estará entre nós.
Antes de entrar em desespero atrás de álcool gel ou máscaras – ambos, esgotados na maior parte das farmácias da cidade – é preciso manter a calma. Especialmente porque, diferente de outras pandemias da história, o Covid-19 é sério, mas não é tão violento como se imagina. Para 80% dos infectados, será apenas uma gripe. Forte, mas ainda assim, uma gripe. Outros 20% terão sintomas mais agudos, típicos de pneumonia, e precisarão de tratamento mais intensivo. Uma pequena parcela dos infectados, estimados em 2%, normalmente já debilitados por outras doenças, pode não resistir e morrer. É ruim, mas está longe de ser desesperador.
Há muita gente dedicada trabalhando para encontrar uma cura. Como a história ensina, esta é mais uma epidemia que venceremos, muito provavelmente a um custo de vidas sensivelmente menor do que já vimos acontecer. Neste instante, manter o equilíbrio e o discernimento, evitando medidas desesperadas e fugindo de notícias de WhatsApp sem fundamento, é tão importante quanto lavar as mãos com frequência, medida simples e eficaz. Pode até não parecer, mas a ignorância e o pânico podem provocar resultados muito piores do que o Covid-19 propriamente dito.
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