Sobrinhos

Jovens ainda, embora adultos, recém saídos da universidade ou parte estreante de nossa sociedade produtiva são

15/02/2020 | Tempo de leitura: 2 min

Jovens ainda, embora adultos, recém saídos da universidade ou parte estreante de nossa sociedade produtiva são, em sua maioria, clones de quando tinha a mesma idade que têm hoje. Algumas diferenças... São politizados, não perdem ocasião de questionar quem os contesta. São petistas; de esquerda; acreditam no Lula; têm certeza de que ele tirou o Brasil e brasileiros da miséria; acham que vivemos tempos caóticos e de injustiça; que o país viveu sua fase áurea sob o comando do PT; que Bolsonaro é fraude; que os dados econômicos e de crescimento trazidos pelos jornais são manipulados. Recentemente a sobrinha que faz parte dessa plêiade ex-universitária, nos visitou. Na despedida, abraçou-me e aconselhou que visse o documentário Democracia em Vertigem, dirigido por garota chamada Petra Costa.

Embora já tivesse visto, concordei. Estou louca para comentar com ela e outros dois outros sobrinhos, embora saiba que nada tirará deles o sorriso de sarcasmo quando disser o que penso sobre o trabalho da Petra, principalmente porque vivi o período descrito no documentário, sofri física e moralmente durante o tempo que durou e que, hoje sei, não teria dado certo. Não deu certo, afinal, em nenhum outro país onde foi implantado.

Meu sonho era, praticamente, o deles atual. Tomar posse do país; transformar o Brasil num país limpo de corrupção, absolutamente independente; educação ampla, geral e irrestrita; saúde e educação gratuitas; os Três Poderes trabalhando juntos e harmonicamente. Dividir as terras improdutivas e entregá-las para trabalhadores rurais que tomavam conta da terra dos outros; estatizar tudo e quase todos. Tomar as indústrias particulares dos patrões e dividi-las entre os operários. Fazer Caetano, Chico, Daniela Mercury e Gilberto Gil darem shows gratuitos em todas as cidades do Brasil. Dividir as casas de luxo para abrigar sem tetos, sem profissão e sem-educação. Ninguém teria bens particulares. Esse era o sonho de moços e moças como a Petra e hoje, dos nossos sobrinhos. Vou pedir que eles – ou quem puder – matem minhas curiosidades a respeito do documentário. Cadê o José Dirceu? E desvios de dinheiro? E dinheiro nas cuecas? E a decoração de malas no apartamento em Salvador? E os milhões de brasileiros nas ruas pedindo justiça e punição? Ninguém abre a boca para esclarecer. Nem Petra.

Ela, como muitos dos atuais petistas, lulistas e dilmistas jovens, entenderão no futuro que dividir tudo entre todos, é utopia. Que o respeito à igualdade e fraternidade começa com educação em casa. Que desejos são matéria-prima de sonhos, que por sua vez impulsionam os próprios desejos. Que é preciso ter respeito pela propriedade alheia. E que apenas o que é público, pertence a todos. Entre outras coisas. Ah! E que me expliquem porque a Austrália que ardeu em fogo, como a Amazônia, não mereceu atenções da Greta, da mídia internacional, dos artistas, ativistas e chatos de plantão?

 

Lúcia Helena Maníglia Brigagão
Jornalista, escritora, professora
luciahelena@comerciodafranca.com.br
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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