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Saio de casa dirigindo o carro, rodo pela cidade, faço trajetos longos, mais curtos, pego avenidas, ruas e ruelas, entro por estradas e rodo

25/01/2020 | Tempo de leitura: 2 min

Saio de casa dirigindo o carro, rodo pela cidade, faço trajetos longos, mais curtos, pego avenidas, ruas e ruelas, entro por estradas e rodovias. Chego em casa , ao entrar pelo portão da garagem incólume, inteira e sem ter participado de acidentes, estaciono com prece de agradecimento a São Cristovão pela proteção. Não esqueço, porém, a observação entreouvida na roda de amigos, que me soou como vaticínio: “Sinto que mais cedo ou mais tarde, qualquer hora, mesmo que não tenha culpa, ainda vou atropelar um motoqueiro.”

Há quem os defenda afirmando que ganham por corrida e portanto precisam impor maior velocidade ao veículo, a fim de cumprir metas. Há outros que gostam do perigo. Há quem queira se exibir. Há, ainda, aqueles que, embora cautelosos e responsáveis, correm o risco de serem abalroados pelos apressados que batem neles, derrubam-nos e fogem. Desse tipo, todos já vimos inúmeros acidentes que revoltam, mas não escasseiam. Seus rivais no trânsito, motoristas de veículos motorizados – quaisquer que sejam – não são santos. Grande parte deles – praticamente a maioria, diria - se esquece, acha desnecessário ou não gosta de dar satisfações, de sinalizar intenções de virar para a esquerda ou direita. Por vezes se distrai e segue dançando de lá para cá entre as sarjetas que delimitam o espaço trafegável; é comum quem ache que seta é para distrair bebês sentados no seu colo enquanto espera parado; confunde placas de estacionamento especial para idosos, grávidas e cadeirantes; buzina para chamar atenção sob janelas de hospitais. Falei de quem insiste em ultrapassar pela direita? De quem não para nos cruzamentos, mesmo que aviso pintado no chão esteja novinho em folha? E de quem surge do nada e parece ter se materializado ao seu lado, buzina, passa na sua frente, derrapa e sai catando coquinho rua afora? Dirigir em Franca não é para pilotos tímidos ou mal preparados. Não bastassem esses tipos de ignorância, o motorista francano - expressão que engloba aquele que pilota veículos motorizados em geral – por mais estranho que pareça tem enfrentado buracos na pavimentação das ruas que vão de ferimentos leves do asfalto, à descoberta de crateras dos mais variados calibres e a ravinas e cânions tão profundos que, pessoalmente, não sei se os evito por medo de mergulhar neles e desaparecer ou se temo atropelar o japonês que poderá vir do outro lado do planeta e brotar dali.

Franca cresceu, perdeu as áreas porosas que absorviam a água das enxurradas. A área asfaltada substituiu a área nativa. Natural que quando chova, a volumosa quantidade de água que cai não possa, como no passado, entrar pela terra adentro, daí exceder o leito natural de córregos e riachos, causar prejuízo, sustos, inconvenientes, mortes e medo. O Prefeito de Franca está convidado para atravessar a pé as avenidas que ladeiam nossos córregos, durante uma tempestade.

 

Lúcia Helena Maníglia Brigagão
Jornalista, escritora, professora
luciahelena@comerciodafranca.com.br
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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