Foi construído, no ano de 1928, um dos maiores patrimônios que Franca teve na sua história. No dia 7 de setembro daquele ano, o Hotel Francano, sob o governo do então prefeito Torquato Caleiro, era inaugurado para receber as grandes personalidades da política brasileira e da produção cafeeira. No entanto, apesar de robusto, o Hotel nunca conseguiu se firmar e teve vários donos ao longo de sua história.

Um dos momentos mais prejudiciais para história dessa grande construção foi a crise de 1929. Na época, com a grande quebra na bolsa de valores de Nova York, houve uma queda no volume de exportações, especialmente, do café. Com isso, o Brasil que era dependente das suas exportações de café, foi um dos grandes afetados pela crise.

O Hotel Francano, por estar em uma região predominada pela produção cafeeira, teve seu primeiro momento de dificuldade, ainda no seu primeiro ano de existência. O historiador Jader Teles explica que a crise atrapalhou a cidade e, por isso, o movimento do hotel teve uma queda. “Essa crise de 29 não foi um fato isolado em Franca e nem no interior, mas assolou o Brasil todo. A indústria cafeeira ficou comprometida, como algumas outras. Aí o hotel perdeu o movimento. Com o passar do tempo, ficou insustentável. Então fica difícil manter a manutenção em dia de um prédio assim, se ele não tiver movimento.”

Alguns anos depois, em 1935, o prédio foi vendido pela primeira vez. No início da década de 70, um dos proprietários do Magazine Luíza, Wagner Garcia, adquiriu o hotel para iniciar a construção de um grande centro comercial. No entanto, por conta de uma queda no dólar, as exportações diminuíram, e a cidade, que vivia da exportação de calçados, sofreu uma nova crise, o que interrompeu os planos de Wagner.

Durante esse período, houve o projeto de tombamento do Hotel Francano. Para isso, os envolvidos tiveram que enviar a proposta ao Condephat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Turístico do Estado), já que não existia uma sede em Franca. Logo, os 25 membros do conselho aprovaram. A secretaria de Cultura barrou o processo na época.

Na década seguinte, o Grupo Itaú adquiriu o hotel e iniciou a demolição do local para construção de uma grande agência bancária. Com a demolição, boa parte da população na época passou a protestar. Jader explica que “muita gente protestou, porque gostavam da paisagem do hotel naquele lugar. Era uma marca que Franca tinha. Ele era a cara de Franca. E, então, foi construído um banco no lugar dele. Na minha opinião, um banco pode ser construído em qualquer lugar. Mas ali, naquele prédio onde era o Hotel Francano, ele poderia ser restaurado e ser uma outra coisa, como aconteceu com o Colégio Champagnat, por exemplo. O hotel poderia ter a mesma sorte.”