FRANCANO

Meio século de Música


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Luiz Carlos dos Santos está trilhando a estrada musical há cerca de cinquenta anos: é autor de centenas de canções e peças
Luiz Carlos dos Santos está trilhando a estrada musical há cerca de cinquenta anos: é autor de centenas de canções e peças
Durante muito tempo Franca foi conhecida como Atenas da Mogiana graças ao grande número de artistas que proliferaram por aqui, escrevendo, pintando, interpretando e fazendo música. 
 
Parece que os artistas sempre obtiveram na cidade acolhimento diferenciado, se o compararmos com o de outros do interior paulista. Isso provavelmente auxiliou o aparecimento de talentos. 
 
No caso de músicos, são incontáveis os que compuseram, instrumentalizaram, apenas interpretaram ou criaram composições que foram mostradas em palcos importantes. 
 
Tivemos uma orquestra célebre- Laércio da Franca; um crooner que morreu jovem mas já famoso- Tarcísio de Oliveira; uma icônica escola de música- a Ars Nova. Aplaudimos festivais que mobilizaram a cidade e ensejaram o aparecimento de jovens como os que formaram o nunca esquecido Grupão. Isso, no século passado. 
 
 A cidade cresceu e com ela o número de artistas. Alguns alçaram altos voos e conseguiram reconhecimento internacional, como é o caso de Diego Figueiredo. 
 
Na média, a maioria segue fazendo de forma criativa e consistente com aquilo para o qual a vocação determinou, encarando turnês, criando, gravando e divulgando suas obras, conquistando prêmios, lecionando também. 
 
Eles constroem suas carreiras de forma sólida, levando música aos quatro cantos, mobilizando a alma dos que os ouvem. Enfim, mostram-se realizados no seu ofício, apesar de a música e as artes em geral não serem garantia, no Brasil, de sustentação material. Mas a persistência com que seguem sua trajetória comove. 
 
É o caso do violonista Luiz Carlos dos Santos, 63 anos recém-completados, casado, pai de uma filha, francano de nascimento e coração. 
 
Ele é autor de centenas de canções e peças, muitas inéditas, dezenas editadas pela Ricordi. Em 2012 a Choro Music lançou um songbook de peças para violão de sua autoria. Com Paulinho Nogueira participou do projeto Tons e Semitons, lançado em São Paulo em 1986 e nos EUA em 1999. 
 
Produziu trabalhos para Geraldo Azevedo, Paulinho Nogueira e Aldy Carvalho. Fez parte do projeto Pixinguinha, da carioca Angela Muner. 
 
Discreto, ele fala de seu meio século de vida musical na entrevista que segue. 
 
 
Qual sua formação musical? 
Iniciei meus estudos de violão em 1971 com o professor Vicente Paulo Rosa de Sousa e Teoria Musical ministrada pelo professor Raul Pereira Gilberto. E me formei pelo Instituto Musical Ars Nova em 1978. Estudei Violão Clássico (técnica e interpretação violonística) com os professores Henrique Pinto e Abel Carlevaro; Música Popular Brasileira com Paulinho Nogueira; Estética com Hans-Joachim Koellreutter. Participei de vários seminários nacionais e internacionais de violão, destacando-se o da Faculdade de Música Pestrina (PortoAlegre), como assistente do maestro Miguel Angelo Girollet. 
 

Quando e como se sentiu vocacionado para a música?
Com a idade de dez anos me interessei pela música por influência de meu pai, que era violeiro e acordeonista.
O que diria hoje, depois de meio século fazendo música, sobre sua carreira?
Foi um trabalho árduo, mas com muita persistência e determinação alcancei meus objetivos; me sinto vitorioso.

Que tipo de música leva sua alma para as alturas?
A dos compositores Johann Sebastian Bach, Heitor Villa Lobos, Paulinho Nogueira e Leo Brower

Como vê o panorama da música popular no Brasil no momento?
Decadente, já não se fazem canções com letras criativas e poéticas; a maioria das músicas são descartáveis e são essas que fazem sucesso. E também há o interesse das gravadoras em gravar música que dá retorno financeiro imediato.

Qual a sua opinião sobre a falta de iniciação musical no ensino fundamental de rede pública de ensino? 
A música deveria fazer parte da grade curricular das escolas públicas. A legislação até existe, mas não foi colocada em prática. Criaram alguns projetos que atendem pequena parte da população, sendo que os mesmos deveriam ser estendidos para toda a rede pública e com professores capacitados.


Acredita ser possível a qualquer pessoa a aprender a tocar um instrumento musical? 
Sim, desde que goste, tenha determinação e dedicação aos estudos.

Você é instrumentista e compositor?
Sou violonista, compositor, arranjador e cantor.
 
O público francano parece gostar muito de sertanejo: a que atribui a preferência por esse gênero?
Pelo fato da cidade ter sido berço de grandes duplas sertanejas. 

Como funciona a sua escola de música?
Trabalhamos com curso livre de violão, especialização em técnica violonística, arranjos e especialização para músicos profissionais.
 

Que balanço faz (profissionalmente) do ano que está terminando?
Foi um ano bom com a realização de vários trabalhos.
 
Quais são seus projetos e planos para o futuro?
Trabalho atualmente na edição de um songbook de iniciação musical, na divulgação das minhas composições, preparo novo concerto e escrevo minha autobiografia.
 
 
Como avalia o panorama musical de Franca no momento?
O campo musical é bem amplo e diversificado. Conta com excelentes profissionais na área musical, que deveriam ser mais valorizados.

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