PERFIL

O Festival (Literário)


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Fundada em 1996, a Academia Francana de Letras tem desde 2015, e pela primeira vez em sua história,  uma mulher na presidência, Perpétua Amorim, e outra na vice, Ivani  de Lourdes Marchesi.  Ambas contam  com diversas obras publicadas e dedicação de décadas às causas da literatura e  da educação em nossa cidade. São pioneiras no trabalho de dirigir e movimentar uma agremiação que, mesmo nos novos tempos digitais, de muito apelo à imagem, valorização da  instantaneidade  e gosto pelos  textos curtos,  é vista com respeito e consideração pelo povo de Franca, que lhe reconhece o valor da arte e da memória.  Instalada  na  Casa e Museu Cariolato , Rua Campos Salles, 2210, Centro, e contando com 27 cadeiras ocupadas,  a AFL tem procurado se modernizar, indo às escolas conversar com crianças e jovens, e promovendo atividades que envolvam a comunidade. Esses  são trabalhos importantes de divulgação que mantêm viva a Academia, cujas reuniões acontecem mensalmente.  Para falar da instituição e do  Festival que acontece na Praça Nossa Senhora da Conceição  desde quinta-feira e se estende até amanhã, tendo  como patrona a acadêmica, escritora, psicanalista  e agitadora cultural Maria Luiza Salomão, o Comércio ouviu Perpétua Amorim, na foto à direita de Maria Luiza Salomão; à esquerda, Ivani Marchesi. 
 
 Como se dá essa participação da AFL no Festival Literário de Franca? 
A nossa participação é bem singela. Temos  estande  cedido pela Secretaria de Cultura, onde recebemos e damos apoio aos escritores locais e regionais. Somos responsáveis pelos lançamentos de livros e temos alguns horários no palco principal, os quais  procuramos ocupar com atividades ou apresentações dos escritores francanos.
 
De que maneira você, como acadêmica e presidente da AFL, vê o Festival Literário?
O Festival,  na atual roupagem, não é o que queremos, mas, é o que temos. Aprendi que é preciso conservar os espaços conquistados, ao  mesmo   tempo que se devem criar mecanismos para ampliá-los. As mudanças desejadas virão com o tempo.   
 
Muitas pessoas têm falado na presença maior da música em relação aos livros, num festival que traz no nome o adjetivo “literário”. O que pensa disso?
 Penso que precisamos  separar as coisas para que haja harmonia e interesse de ambas as partes. É uma questão de logística. A música atrai um grande público. Só que muitas dessas pessoas não estão ali interessadas no que vem depois, ou seja, as palestras literárias. Precisamos levar as pessoas interessadas nas palestras para outros lugares, quem sabe para o Teatro Municipal ou  a própria Casa da Cultura. Estive em alguns festivais no interior do Rio de Janeiro e pude perceber que as duas coisas funcionam bem, desde que separadas. Cada qual com o seu público.
 
Como tem se dado a contribuição da AFL no sentido de difundir a literatura e o gosto pela leitura na cidade ?
A AFL é incansável quando se trata de difundir a literatura/leitura. O compromisso maior tem sido  a presença dos escritores nas escolas, interagindo com a comunidade e participando ativamente das discussões. 
 
Como você vê a avassaladora presença das mídias digitais entre todos- e mais ainda entre crianças e jovens: há lugar para o livro impresso? 
Acredito que sempre haverá. Crianças gostam de livros, gostam de poesia. Por mais que os novos suportes midiáticos estejam ao alcance de crianças e jovens, a internet não desbancou a venda de livros. 
 
Quais os próximos eventos da Academia Francana de Letras?
Teremos uma agenda movimentada até o final do ano. Vamos receber mais quatro  membros efetivos e a cerimônia de posse deverá acontecer em novembro. No mês de dezembro a AFL promoverá o “Natal nas Janelas da Academia”. Será uma semana de atividades nas janelas da Casa e Museu  Cariolato.  Todo final de ano aumenta muito o número de convites para visitas nas escolas e a Academia comparece em todos eles.
 
Maria Luiza Mattos Salomão, patrona do Festival Literário
 
A patrona do Festival Literário de Franca neste 2019 é uma ituveravense que veio para Franca aos nove anos de idade e aqui fixou raízes. Psicóloga formada pela USP-Ribeirão Preto e Membro Associado da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, atende em seu consultório, onde também dá aulas de Psicanálise. Tem ainda especialização em Letras pela Uni-Facef.
 
Com acentuado gosto pela literatura e pela escrita, é autora de um livro de ensaios e prosa poética (“A alegria possível”) e de textos avulsos afiliados ao gênero crônica. Desde 2015, em parceria com a bibliotecária Clemência de Andrade, desenvolve projeto intitulado “Degustação Literária”, no espaço da Biblioteca Pública Municipal de Franca. Ali são feitas leituras dramáticas de autores que escrevem em língua portuguesa. O perfil dos frequentadores é heterogêneo- crianças, adolescentes, profissionais de várias áreas, aposentados. Maria Luiza participa ainda desde 2014 de outro projeto cultural, o “Roda Livro”, que oferece títulos para a comunidade francana via doações distribuídas em geladeirotecas instaladas em diferentes pontos da cidade. Entrou para a Academia Francana de Letras em outubro de 2004 e seu patrono é Guimarães Rosa. Ocupa a cadeira 21.
 

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