Quanta bobagem


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“A política tem a sua fonte na perversidade
e não na grandeza do espírito humano”

Voltaire, filósofo e escritor francês

 

A história está cheia de exemplos de líderes que, apesar de diferentes características, alcançavam um mesmo resultado: fascinavam e encantam a audiência com a beleza de seus discursos e a força de suas ideias.

John Kennedy, ex-presidente americano, conseguia falar, de forma compreensível, mais de 300 palavras por minuto. O reverendo Martin Luther King emocionava com seu traquejo de pastor aqueles que o seguiam na luta pelos direitos civis nos Estados Unidos. Winston Churchill, o primeiro ministro britânico baixinho, carrancudo e com voz esganiçada, seduzia com a combinação de lógica e sarcasmo.

No Brasil, tivemos o ex-governador da Guanabara (hoje Rio de Janeiro), Carlos Lacerda, verborrágico, orador brilhante; o ex-presidente Vargas, seu grande rival, populista ao extremo, mas também excelente tribuno; Fernando Henrique Cardoso e Lula, de estilos antagônicos, ambos competentes na forma de difundir suas crenças.

Hoje, vivemos uma era de líderes mentalmente confusos, incapazes de argumentar com clareza. É fenômeno abrangente, que não escolhe direita ou esquerda. Sobra gente que fala mal e, sempre que tentam explicar, fica pior ainda.

Aqui em Franca, o ex-prefeito Alexandre Ferreira é um exemplo de que fala firme nada tem a ver com bom discurso. Quase sempre era impossível entender onde ele pretendia chegar. Diante de perguntas de repórteres, usava evasivas que flertavam com o insano. Ainda assim, ele não foi o pior.

Nada tem se comparado a Gilson de Souza neste quesito. O atual prefeito é um desastre verbal, capaz de afugentar quem precisa se reunir com ele. Entrevistá-lo é um martírio. Nunca a expressão “tirar leite de pedra” fez tanto sentido como para um repórter que tenha como missão arrancar alguma informação objetiva do prefeito. Gilson costuma responder com negativas sem nexo, cita exemplos que não se aplicam ao caso e recorre aos diminutivos para “vender” seu otimismo. Tudo “vai dar certim”, ainda que se esteja diante de problema sem solução. Delírio puro.

Infelizmente, os ocupantes do Palácio do Planalto não têm se saído melhor. A ex-presidente Dilma Rousseff era uma tragédia. O seu discurso de “saudação à mandioca” já entrou para a lista dos piores pronunciamentos de um mandatário de todos os tempos. Suas entrevistas coletivas eram risíveis.

Bolsonaro, no extremo oposto do espectro ideológico, comunga da mesma inaptidão de Dilma. Quando abre a boca, costuma sair porcaria. Bolsonaro mistura conceitos que nada tem a ver e recorre a analogias, muitas vezes, impublicáveis. Em pouco mais de seis meses no cargo, já proclamou bobagens suficientes para encher um livro.

A última, veio nesta semana. Aparentemente, o “mito” quis fazer uma ironia com os defensores do meio ambiente ao propor uma “solução” para ajudar a reduzir a poluição. Disse o presidente da República, textualmente, na sexta-feira: “É só você deixar de comer menos um pouquinho. Quando se fala em poluição ambiental, é só você fazer cocô dia sim, dia não que melhora bastante a nossa vida também, está certo?”.

O grande deputado Ulisses Guimarães, o “Dr. Diretas”, gostava de dizer que o “poder é afrodisíaco”. A julgar pelo que anda falando o presidente da República, tudo leva a crer que possa ser alucinógeno também.
 

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