'Culpado', ainda que inocente

04/08/2019 | Tempo de leitura: 3 min


“Uma mentira dá uma volta inteira ao mundo antes
mesmo de a verdade ter oportunidade de se vestir”

Winston Churchill, político e jornalista britânico

 

Soube, no final da tarde desta última quinta-feira, que o inquérito preparatório de ação civil aberto pelo Ministério Público para investigar suposta fraude que eu teria cometido num projeto de lei recebeu recomendação para ser arquivado.

A “denúncia”, anônima, para variar, deu origem a uma investigação do promotor Paulo Borges, também, só para variar... Tinha como base uma mera ressalva, uma observação feita num parecer. Não acrescentei nada, muito menos suprimi o que quer que fosse do documento.

Além disso, a própria alegação, per si, era ridícula. Projetos arquivados sem votação, como foi o caso, não têm efeito de lei. Portanto, qualquer alteração, se tivesse acontecido – e não houve - seria inócua. Mas a verdade não interessava a meus detratores, parte organizada em grupos de WhatsApp, outros com assento no plenário da Câmara. O objetivo era plantar a ideia de que eu havia alterado um projeto para beneficiar alguém.

O projeto foi discutido na sessão de 11 de junho, uma terça-feira, quando fiz a tal ressalva. Na sexta, sabe-se lá como, imagens da ressalva começaram a circular em grupos de WhatsApp. Na manhã da terça seguinte, blogueiros passaram a afirmar que eu havia fraudado o projeto. Alguém, então, fez a “denúncia” no MP. Bastou um par de horas para que o promotor Paulo Borges aparecesse na Câmara, pessoalmente, e requisitasse documentos, mesmo sem autorização judicial.

Não foram suficientes para o promotor as prontas alegações da procuradora Maria Fernanda Bordini e do presidente da Câmara, Donizete da Farmácia (PSDB), que asseguravam que nada havia de errado. O procedimento de investigação foi instaurado.

Era o que os meus detratores queriam. Podiam, então, dizer que o MP investigava uma “fraude” feita pelo vereador Corrêa Neves Jr. Obviamente, virei notícia em jornais, rádios e, especialmente, em grupos de WhatsApp, onde o massacre foi impiedoso.

Paulo Borges convocou toda a mesa diretora da Câmara para depor, verificou os documentos com lupa e, segundo sua conclusão, “diante da inexistência de qualquer indício que venha apontar a ocorrência de ato de improbidade administrativa ou prejuízo ao erário, não há motivos para a tomada de outras providências”. Recomenda, então, o arquivamento.

É lamentável que a agilidade, a presteza e a disponibilidade do promotor Paulo Borges para formalizar a denúncia não tenham se repetido quando tratou de pedir o arquivamento. Se para recolher os documentos foi pessoalmente à Câmara, ao encerrar o caso agiu com discrição absoluta. Assinado no dia 11 de julho, a decisão só foi tornada pública três semanas depois – e mesmo assim, graças à insistência do advogado Denilson Carvalho, que me defende no caso.

Durante todo esse tempo, fui difamado nas redes sociais, nos grupos de WhatsApp, na tribuna da Câmara. Desde que fui inocentado, não houve sequer um comentário nos mesmos grupos. Nada. A imprensa, exceção feita a este Comércio, à rádio Difusora e ao portal GCN, tampouco repercutiu a decisão. Nenhuma linha até a noite de sábado. Silêncio, total.

Nada fiz de errado, o que foi, ainda que tardiamente, comprovado pelo MP. Pouco importa para os que me atacam. Para essa turma, sou “culpado”, ainda que seja inocente. Vivemos tempos de ódio. Tristes tempos.
 

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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